Imaginável Rebeca (capítulo 1)
Ana já era moça, estava mais próxima da fase adulta do que para a juventude. Ana trabalhava num comércio não muito apropriado para falar a qualquer um, mas era o seu ganha pão. Mesmo inibida da profissão do estabelecimento que trabalhava, procurou levar a vida na honestidade, enfim, morou a vida toda na periferia, veio de uma família classe baixa e pelos conselhos da finada mãe, sempre ouvia que se desejasse levar uma vida digna e de paz, que procurasse então levar a vida na honestidade, sempre atrás do próprio suor.
Uma vez por semana, Ana deixava de ir de ônibus ao trabalho, pois era o dia mais cansativo da sua vida, dia que sairia mais tarde do serviço indo direto à faculdade. Assim, dormia um pouco mais tarde e aproveitava a oportunidade do serviço de úber.
Era sempre o mesmo motorista. Justino, rapaz que Ana não havia percebido, enfim, cativara o seu coração. Contava nos dedos as quintas-feiras. Amanhecia empolgada por saber que tão logo encontraria Justino. Suas ideias se batiam. Um se abriam com o outro sobre a vida. Justino não escondia que amava a esposa, mas que estaria em fase de separação e provavelmente pela esposa, sem volta, enquanto a ele, desejava inverter-se o quadro.
De início, Ana o consolava e o animava na esperança de aquilo não acontecer. Nas conversas de ida e volta, pegou o seu ponto fraco. Seria o espírito mulherengo atrapalhando o casório de Justino? Ana percebeu que Justino era muito mulherengo e que não sabia controlar o próprio ponto fraco. Nunca tinha visto um homem como ele, por todos os namorados que tivera.
No meio de suas conversas, Justino demonstrava muito abatido com a decisão da esposa, alegava que a amava tanto, que não conseguia ser feliz sem a esposa por perto. Ana até no inicio de suas amizades procurou levar a sério a dor de Justino, mas com o passar do tempo notou que poderia ser xaveco da parte dele.
Arisca, procurou tirar a conclusão, comprou um chip novo e começaram uma nova amizade, porém, sem confessar que era Ana. Passou-se como outra pessoa, Rebeca. Nas primeiras horas, até que Justino demonstrava muito carente e sofredor, mas com o passar das horas, Justino mostrou o outro lado. O Justino sofredor já não existia mais. Era o Justino malandro. O rabo de saia, aquele tradicional que não podia ver uma mulher que logo espumava a testosterona sobre a mulher. Ana havia percebido o seu ataque, mas enfim, aproveitou da imaginária Rebeca e se entregou a suas lábias. Ouviu por Rebeca, aquilo que há semanas como Ana, desejaria ouvir nitidamente de Justino, bem próximo aos ouvidos, em sussurros a quatro paredes. Sem permissão à Rebeca e sem demonstrar a Justino quem era realmente que estaria conversando no whatsapp com ele, Ana emprestava o coração à Rebeca caindo fragilmente nas lábias de Justino.
Ana fraquejou. Justino doutro lado, parecia estar perdidamente apaixonado pelas loucuras de Rebeca. Queira porque queira conhecer urgentemente Rebeca. Segundo Justino, Rebeca havia feito por ele, o que há anos ele nunca teria ouvido da própria esposa. Rebeca foi enaltecida de uma maneira, cuja Ana sentiu ciúmes. Como Ana gostaria de estar verdadeiramente na pele de Rebeca vivendo com Justino o que em palavras a declarava sussurrosamente e bem-intencionado à Rebeca. Foram duas semanas tentadora para Justino e Ana. Justino pelo desejo ardentemente de conhecer tão breve Rebeca e fazer com ela, o que por palavras e bem provocadores, ela o garantiu em nome do amor que sentia por ele. Já Ana, no duelo de necessitar mostrá-lo que Rebeca nunca existiu, mas era Ana, a mulher da qual mais o amava. Oh, medo de perdê-lo! Oh, receio de desapontá-lo! Justino era muito mulherengo pelo whatsapp, mas nas quintas-feiras, quando Ana o encontrava, ele era sempre um homem desejoso a conquistar a esposa, e o pior, de todos os seus defeitos, tinha uma coisa que segundo ele, Justino não aceitava: a mentira.
Como Ana poderia desmascarar a concorrente imaginária? Para Ana desmascarar necessitava enfrentar de Justino àquilo que ele sempre deixou aberto que não perdoava: a mentira. A fantasia de Ana teve que sair de cena, dando vida o amor por Justino que não parava de crescer e que ela não teria força para contá-lo, enfim, pessoalmente Ana conhecia Justino, e demonstrava um homem leal a fim de conquistar a esposa. Desabafar por ele o sentimento também colocaria em prática aquilo que segundo ele, Justino não gostava: a deslealdade.
Justino por frente era um com Ana, mas às escondidas procurava por Rebeca. Só Deus e Ana sabiam o desejo louco dele por Rebeca. Era um desespero e tanto. Ana não teve coragem de contar abertamente quem era Rebeca, mas acabou confessando pelo o whatsapp que Rebeca nunca existiu. De início, Justino desejava saber de quem se tratava então, embatucou, acreditou que seria a atual esposa com uma cilada para o distanciar de vez. Ana teve que ser forte, nas frágeis palavras negou tudo, apenas confessando que o amava.
O tempo se passou, Ana descobriu que Rebeca tão breve deixou de existir para Justino. E que em toda a história era Ana, a única que estaria sofrendo. Ana descobriu que uma concorrente entrou em cena, uma ex-namorada de Justino. Agora atual amante.
E agora, Ana? O que fará? Lutará por Justino? Cairá na real de que ele não era tudo daquilo que te apresentou?
Ana, de início, ficou perplexa, mas deu de uma excelente atriz. Parabenizou-o pela decisão de não sofrer por quem não o ama. Só Deus sabe como estaria o coração de Ana por aquele instante. Ana chorou por dentro e na sua casa, ao consolo do travesseiro, tentou buscar uma solução. Enfim, difícil lutar contra o próprio coração.
Justino estava ileso de tudo o que acontecia com Ana. Mas a intimidade com ela, fazia o desabafar de tudo o que lhe acontecia no momento. Ana, preferia dar-se de atriz e atuar como a sua melhor amiga, desejando felicidade.
O tempo foi passando. Ana jamais teve coragem de se abrir com Justino o seu amor. Mas Justino prosseguiu com a vida. Separou forçadamente da esposa. E meses depois, foi morar com Sheila. Ana foi uma das primeiras a saber. Desta vez, não soube dar de atriz, a apunhalada foi maior:
— O que houve? – surpreendeu Justino. — Pensei que éramos amigos....
— Não! Não é que não estou feliz. – suspirava Ana. — Mas, sei lá... vejo todo mundo feliz. Já eu, continuo sempre na mesma. – sorria ela a um tom debochante, interrompida por Justino.
— Não fala assim. Você é muito especial. Você há de encontrar alguém que te faça feliz. Se não tivesse encontrado Sheila, investiria em você. Você me faz tão bem!
Ana procurou aventurar nas últimas palavras de Justino. Houve troca de abraço entre eles. Só Deus e Ana sabia do valor daquele abraço.
— Tem mais uma coisa. Gostaria que viesse trabalhar comigo. Assim, você não precisa esconder de mais ninguém que é vendedora de um sex shop.
Ana, ria. Não pensou duas vezes e acatou o pedido. Ana há meses sabia do plano de Justino em abrir um consultório, referente ao curso que ele havia formado.
— Mas e Sheila? Agora, você é um homem compromissado.
— Sheila já estar a par do meu plano.
O trato entre eles se concretizou. Era o tempo suficiente para Ana pedir a conta do último emprego e resolver a nova vida trabalhista.