Uma Rosa para Berlim: Tudo para sobreviver, 8

Uns tapinhas no rosto e acordo . Estou me sentindo bem quentinha. Me co

briram com um cobertor grosso.

-Hora de levantar!- ouço a voz de Ruth dando novos tapinhas no meu rosto. - Temos que partir o mais rápido possível!

- Eu sei ! - falo me levantando de um salto - me ajeito e procuro um banheiro onde possa me lavar. Me sinto muito suja. Tomo um bom banho e depois procuro e acho uma escova velha . Lavo ela muito bem pois, não sei de quem era . Faço toda minha higiene e saio vendo pães alemães em uma mesa velha e sobre cavaletes. Todos comem e bebem leite .

- Peguei seu dinheiro para comprar o desjejum! - disse Karoline me olhando com ar de quem procura aprovação - me desculpa?

- É para uso de todos! - falo pegando um pão e o abro com uma faca e depois coloco um pedaço de queijo branco. - Vamos comer que temos um bom e longo caminho pela frente.- concluo .

- Já estamos todos preparados para partir !- disse Ruth se mostrando bem ansiosa - Estou sentindo um certo frio na barriga!

- Vai dar certo! - disse uma senhora com uma menina no colo- confiança!

O grupo estava unido e logo partimos rumo a nosso destino, seguindo o mais discretos possivel. Fomos em direção a um terminal rodoviário. Seguimos em grupo de 10 pessoas, como se estivéssemos à passeio . E não encontramos nenhuma situação conflituosa .

Ao chegarmos, fomos parados por um homem de uns 40 anos de tez loura e levemente magro. Mas homem bastante saudável. - Iakov ! - disse Ruth correndo até ele - O que faz aqui ? Houve alguma...

- O mesmo que vocês... fugindo. Quero andar livre sem que me olhem de rabo de olho ! Quero viver em paz ! - Está indo para onde? - Perguntou Ruth o afagando.

- Holanda mas...

- mas o quê ? - perguntou um senhor de uns 60 anos .

- tem um grupo de refugiados na fronteira com a França que está cercado e vou para lá. Ex-detentos por crime de vadiagem. Estão achando que são ativistas querendo aprontar e passar informações ao governo Francês.

- também vou - disse Ruth olhando para todos - não posso deixar isso acontecer sem que eu faça alguma coisa. Só querem ir embora!

- Eu seguirei com vocês - Falo indo até Iakov - Não tenho nada aqui.

Todos ficam calados e eu retiro parte de meu dinheiro e entrego ao companheiro de Ruth - Você é o mais indicado para liderar grupo...compre as passagens e vão com a Deusa. Quero deixar o país!

Todos me olham desconfiados . Mas aceitam o dinheiro e sorriem.

- Então vamos - Disse Iakov apontando a direção.- Temos que ir !

Saimos rápido dali e pegamos um caminhão de produtos alimentícios para sair de Berlim. Foi fácil sair da cidade. Iakov dirigindo e eu e Ruth nos espremendo. O caminhão seguia sem chamar muita atenção e o pessoal estava espremido na carroceria. Talvez, algumas pessoas os olhavam com desprezo . Era nítido no olhar de algumas mulheres e homens que deviam estar indo para o trabalho. Logo chegamos em uma rodoviária e pegamos dois ônibus. Foi muito fácil: Iakov fez a compra das passagens e não sei o que ele falou ou se pagou um extra .

Entre paradas e lanches no caminho e abastecimento, chegamos na fronteira com a França antes do anoitecer. Desembarcamos e passamos por soldados com muita facilidade pois, nossas aparências eram de arianos: Iakov alto e loiro, usando terno bege. Ruth está com saia lapis escura e blusão marron. Eu estou de botas cano longo preta, calça da ultima moda verde escuro e blusa branca com uma capa preta em estilo militar.

Passamos por eles e nos dirigimos para fora da cidade. Fomos para uma floresta de onde ouvíamos tiros. Corremos em direção aos tiros e vimos um grupo de combate cercando civis amedrontados. Os civis eram uma mistura de pessoas endinheiradas e pessoas pobres que tentavam ir para a França . Talvez opositores do sistema politico vigente.

- O que faremos agora ? - Perguntou Ruth apavorada, olhando para todos e depois quase se agarrando a Iakov .

- Alguém vai ter que atraí- los e os outros fogem com o grupo.- Falo percebendo o medo nos olhos dos dois. - vocês ficam encarregados do pacote, as pessoas. ...- dou um sorriso passando segurança - Eu atrairei eles para cima de mim. Sou Alemã nata e ainda não sou oficialmente procurada .

- mas...- Ruth fala olhando para mim - como você se sairá...????

- Vocês tem quem acompanhar, tem familiares e eu....tenho mais ninguém... até tenho parentes e familiares mas , ... não sei onde andam .

- Então eu ajudo você durante algum tempo e depois sigo meu caminho esperando ver você num futuro.- disse Iakov confiante . Estufa o peito - ficarei com algum dinheiro para nossa passagem.

- Eu acompanho Nina ! - disse Érika decidida - também sou daqui!

- Eu as acompanho ! - disse Carla Grabner pegando uma arma com Iakov.

- Iakov pode seguir com o grupo! - disse Karoline Model pegando a arma dele - será de grande ajuda para o grupo !

- Vou ficar com vocês! - protestou ele .

Puxo da pistola e atiro em direção aos militares. Iakov se esquece do que acabara de falar e segue com Ruth. Não estava preparado para o que queria fazer. Eu continuei atirando e corri para um vale enquanto os dois iam em direção aos civis. Érika me dá cobertura enquanto corro . Carla e Karoline me seguem e paramos na entrada de um vale e passamos a fazer cobertura para Érika. E logo está ao meu lado. Parece assustada . Então entramos no vale com árvores frondosas, vejo um soldado municiado com uma submetralhadora e munição à vontade. Ele não me viu mas eu vi ele, e atiro nas mãos dele e depois nas pernas. Ele cai soltando a arma e eu a pego . Carla pega uma Luger e todas as munições que encontra .

O grupo de combate alemão se aproximam rápido e eu ,agora de submetralhadora e bem municiada, disparo acertando 3 deles nas pernas pois, eu não queria matá- los . Mas Carla não parece pensar igual pois, derruba dois com facilidade. Corremos para junto de umas pedras e ali se iniciou uma carnificina. Sai derrubando vários e recarregando a arma. Karoline quase não atira.Não sei quantos acertei mas, o barulho de tiros cessaram. Fiquei esperando algum movimento e ele veio, com uma rajada de metralhadora vindo de um novo grupo que chega na minha retaguarda. Érika impede a aproximação deles descarregando sua Luger. Se mostra assustada . Estão descobertos e descuidados. Disparo tudo que tenho encima deles e então vejo a arma mascar. Sorte que estão todos caidos e então me coloco em campo aberto. Carla, Érika e Karoline corre para junto de umas árvores frondosas e me deixam sozinha ali . Um tiro e um oficial gigante, se ergue e faz mais 3 disparos quase me acertando. Abro fogo mas, apenas um tiro . A arma falha e a dele também. Não sei como, ele puxa um machado que trazia nas costas e, apesar de estar com uns 3 tiros na barriga, se lança sobre minha pessoa muito rápido e então esqueço que estou sem munição e aperto o gatilho várias vezes sem nada acontecer enquanto ele se aproxima com uma grande fúria estampada no rosto. Dou uns passos para trás deixando a arma cair e esquecendo da Luger que está em minha cintura. Continuo recuando e ele levanta o machado para ,num salto de furia, tentar me acertar. Então lembro da luger. E, antes que se lance em definitivo para cima de mim, saco da arma e faço um disparo , um único disparo bem na testa dele. Vejo o corpo dele sendo jogado para trás sem vida. Um outro disparo vindo da minha direita e olho rápido vendo um soldado moribundo se aproximando. Atiro e noto mais soldados chegando. Corro mato a dentro e pouco depois, e bem cansada, chego junto às minhas amigas que passam a me dar cobertura. Começa novo tiroteio e Carla consegue impedir que avancem. Então correm para a cidade próxima, fugindo de 4 mulheres. Nós corremos mato à dentro e procuramos nos esconder . Estou exausta e vejo Karoline com o medo estampado no rosto . Ficamos aguardando por certo tempo e nos escondemos perto de um riacho, por entre destroços. Destroços de uma casa velha . Soldados nos procuram por perto e não nos acham . Vão embora pois, cai uma neblina com uma neve fina . Descansamos por algum tempo e rumamos para a cidade mais próxima.

Depois de mais de meia hora de caminhada entre árvores e com bastante cuidado, chegamos em uma velha cidade destroçada . Tem moradores idosos que caminham ora para um barzinho que tem , ora para o que resta de uma mercearia. Pego algum dinheiro e compro frutas para comer e salsichas prontas em conserva .

- Vi um lugar para ficarmos!- disse Karoline apontando para uma casa que parece abandonada .

- Mora alguém ali ? - perguntou Carla ao comerciante.

- A família foi embora e não voltam tão cedo!- disse ele sem olhar para qualquer uma de nós. Apenas conta o dinheiro do pagamento. Então vamos para lá e nos sentamos no chão mesmo. Comemos e depois uma a uma, vamos fazer nossa higiene. Troco de roupa depois do banho e me deito em cima de uma porta velha que está no chão. Minhas amigas fazem o mesmo e dormimos muito . Dormimos pelo resto da noite.

- O que uma criança bela faz por aqui ?- pergunta um homem com roupas Americanas e charuto na boca que olha claramente para meu corpo - Prostitutas não são bem vindas a cidade.

- Não sou prostituta!- grito furiosa olhando- o dar uma gargalhada.

- Prove isso!- sorri maldosamente- Entretanto, te levo para onde quiser... tragam as outras ! - gritou rindo - e vejo minhas amigas chegarem com armas na cabeça - se tentar qualquer reação.... mato elas primeiro e depois de te esculhambar toda , te mando para junto delas .

Vejo braços me agarrarem. São 3 homens enquanto o velho solta profunda gargalhadas e se aproxima.

- vou levá- la para Bonn e te apresentarei a um cabaré.

- Não vou não! - falo sendo arrastada até um carro muito bonito - solte- me! - olho para minhas amigas serem colocadas em 3 carros diferentes. Sou jogada no acento de trás e o que acontece é um estupro. Sim .velho rasga minha roupa e abre minhas pernas com força rasgando minha calça e a deixando em frangálhos. 3 homens apontam suas armas para mim e eu grito a plenos pulmões em vão pois, o lugar está isolado e parece que nem o comerciante me ouve . Escuto gritos de minhas amigas e tento reagir a todo custo. Sou amarrada e, um a um me possui e, antes um pouco virgem, se ê que isso existe,agora sangrando e em farrapos. Choro convulsivamente e eles , após o ato coletivo, algemam minhas mãos e me colocam no banco traseiro do carro entre 2 homens que estão com armas na mão . Conversam em inglês e entendo alguma coisa. Combinam me levar para Bonn e percebo que são americanos.

O carro segue para o centro da cidade e vão até um vagão de trem que parece pronto para partir. Não há nenhuma alma viva por perto mas, o trem está com passageiro, parecendo que parou ali só para pegar os americanos. Me retiram quase nua do carro e vejo minhas 3 amigas completamente nuas e chorando. Nos empurram para o vagão vazio com a maior frieza. Vejo homens bem armados lá.

- Quem são as vagabundas ?- perguntou um homem de uns 30 anoos que está no vagão.

-Apenas umas putas alemãs que eu vou pensar no que fazer com elas .

- Se estivessem limpas eu possuiria uma delas .

- Arranje roupas para elas, então! Deixem elas se limparem com belo e bom banho !

Olho para aqueles homens com olhares maldosos e olho para minhas amigas já conformadas . Respiro fundo e olho para o chão. Não há mais o quê fazer . Apenas aguardar .