MEMORIAL
Capítulo 1
Era quinta feira anoite Lara e eu estávamos sentadas proximas das janelas da casa cultural absorta no clima que precedia as palavras de Marié logo no início reconheci Alberto Caiero:
"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás..." Ela falava pausadamente... Conduzindo nos a irmos com ela.
" E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem... " O vento frio soprou pela janela mais forte e ela parou.
O vendaval trazia tempestade e vi pessoas correndo pra fechar as janelas logo fui em direção a janela mais próxima a porta, era pesada e de madeira como a maioria das construções ali ao fazer força para puxar logo ouço um resmungo, vejo dedos molhados se esquivando da prensa quando fecho a parte esquerda da grande janela pintada de azul.
"Que susto" braveijei contra o garoto, ele tinha olhos claro não sei se verdes ou azuis.
"Quase decepou meu dedo. "
Disse ele que estava com uniforme do porto um pouco molhado ia perguntar o que ele fazia ali mas era óbvio um relâmpago anunciou que um trovão alto viria o que me fez gritar pra ele entrar .
As luzes piscaram e a chuva caiu .
Logo que fechei a janela o vi passando os olhos pelas pessoas na maioria meninas como eu avurassadas pela tormenta que cairia , era alto, tinha um sobre tudo preto sobre os trajes claros de funcionário do porto e cabelos crecidos.
A luz de um relâmpago entrou pelas frestas das janelas e clareou o ambiente no mesmo tempo em que a energia elétrica se foi .
Vi Marié pular do palco pequeno na hora do trovão por extinto me abraçei ao braço do desconhecido, no segundo seguinte do barulho percebi sua surpresa, mas as meninas gritavam e Marié pedia para se acalmarem. Soltei o garoto constrangida, ele pôs a mão no meu ombro e disse: "Adam" ao me conduzir no escuro a um dos bancos do salão, que ficava atrás numa extensão da biblioteca onde nós reuníamos.
Ao sentar respondi: " Bárbara." Minha boina preta se parecia com o que ele trazia na cabeça que tinha o slogan do porto .
Seus olhos eram verdes na verdade.
Me dei conta de que uma luz nos colocava no foco quando Marié que segurava seu celular com a lanterna ligada em minha direção falou: "Olha temos um visitante, vamos Bárbara apresente a nos o seu amigo" senti sua respiração mudar sentado do meu lado, não éramos amigos.
" Bem... " Respirei .
"Esse é o Adam ." Ela focou sua lanterna improvisada nele e pediu: diga oi Adam.
" Oiiiii" falou ele sorrindo um pouco tímido, sua voz era incrível mente grossa .
Todos nós respondemos " Oi " em um coro perfeito.
"Bem... Continuo?" Perguntou Marié a nossa líder .
"Sim." Disse Beck com alforia.
"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
*O meu olhar é nítido como um girassol- Alberto Caiero* "
Recitou ela praticamente no escuro mas todas as suas palavras eram perfeitas.
Tão perfeitas que aplaudimos fortemente ao passo que a chuva mais forte caia Adam aplaudia do meu lado . De alguma forma havia captado a energia de todos nós e parecia até um da gente.
" Obrigada... Obrigada... A próxima é você Bárbara?"
"Isso " Falei constrangida me levantei e vi Ele tomar mais espaço no banco estávamos amassados, ao me posicionar frente a eles onde a lanterna do celular de Marié iluminava fracamente me enchi de coragem.
"É meu mesmo."
Expliquei.
" *Sou.
Sou um sonho,
que só existe,
não morre,
não realiza,
não insiste...
Sou apenas uma pessoa,
Hoje já não tão triste,
Sou sorriso,
Sou música,
Sou grito,
E silêncio ofensivo.
Sou tudo o que os poetas já disseram existir,
Sou o melhor de mim,
Sou a parte mais difícil de assumir,
Sou a cópia do passado no povir,
Sou a voz daqueles sussuros que você não quer mais ouvir,
Sou a lembrança que você quer fazer sumir,
Sou a história que é contada pra sorrir,
Sou o sono no meio dos sonetos de William,
Sou a morte no início da vida,
Sou a ponto final de uma frase, que deixou aquela pessoa ofendida."
Ao chegar ao fim a claridade voltou a tomar conta do lugar junto dos aplausos.
A luz não me inibiu de olhar para Adam, ele aplaudia e era jenuino seus aplausos e me senti com uma estranha satisfação.
" Sempre brilhante Barbie" comemorou Marié .
Adam se levantou discretamente enquanto eu voltava ao meu lugar e Margareth era anunciada.
" Preciso ir" me informou ele, balancei a cabeça dizendo que sim.
Então ele me deu um sorrisinho e seguiu, ao fechar a porta atrás de si percebi o quão estranho foi esse encontro, e como poderia acontecer outros vezes , ele era um garoto lindo, eu sabia que iria sonhar com ele naquela noite dormindo ou não.