AMANDA VII - FAMÍLIA VI - PARTE ÚNICA

I – FAMÍLIA

Depois que Teo entrou no carro e foi embora, Marco passou a mão pelos cabelos e sentiu as mãos de Amanda abraçá-lo por trás.

- Esse é outro que me conhece bem, ele disse.

- Você não vai dizer pra ele?

- Não... pra ninguém. Quanto mais eu disser... mais isso vira verdade.

Ele se voltou e a abraçou forte.

- Eu só preciso de você.

- Vai tomar um banho, relaxar um pouco. Eu fico com as crianças.

Marco concordou e foi fazer o que ela sugeriu.

Meia hora depois, ele saiu do banho e chegou perto da porta do quarto que estava aberta. Amanda estava deitada na cama lendo um livro para os filhos já vestidos nos pijamas para dormir. Letícia, deitada a seu lado, encostada nela e Luís Felipe, deitado de bruços aos pés da mãe, brincando com um carrinho.

Nem Amanda nem as crianças o perceberam chegar e ele ficou olhando para os três por algum tempo, depois se aproximou e deitou-se ao lado do filho.

Amanda parou de ler a estória e Marco pediu:

- Continua... Eu sempre me esqueço do final dessa estória.

Ela continuou a ler e Marco começou a deslizar a mão pelas costas do filho que surpreendentemente estava tranquilo. Lupe empurrava o carrinho sobre o lençol branco da cama, fingindo fazer o som do motor com a boca, quase sem som. Letícia ouvia a estória e olhava para o pai, com os olhos sonolentos. De repente, Lupe olhou para o pai e percebeu uma lágrima rolar do lado direito do rosto dele e perguntou:

- Você está chorando?

- Não... Marco respondeu, sorrindo.

- Está sim, olha.

O menino colocou o dedinho sobre a lágrima e mostrou para ele.

- É porque eu te amo.

- Também te amo, papai.

Marco apenas sorriu e continuou a massagear suas costas. Em alguns minutos, Amanda terminou de ler a estória e os dois estavam dormindo. Bem devagar, ela pegou a filha no colo e foi levá-la para sua cama no quarto da frente. Marco fez o mesmo com Luís Felipe e o colocou do lado da irmã, beijando os dois em seguida.

- Cadê a Mariana, Amanda?

- Eu não consegui tirá-la da sala de estudos. Ela está muito triste ainda. Você já conversou com ela sobre isso?

- Não... ele disse, fechando os olhos e massageando a nuca. – Mas acho que ela já sacou tudo.

- Está dando a impressão que sim. Ela me pareceu muito angustiada.

- Vou tentar trazer ela pra cama.

Marco foi até a sala de estudos e viu Mariana deitada nas almofadas, dormindo. Ele se aproximou da irmã e a levantou no colo, levando-a para a cama. Quando chegou em seu quarto, Amanda estava esperando por ele, recostada num travesseiro na cama, debaixo das cobertas.

Ele fechou a porta e foi sentar-se ao lado dela. Aproximou o rosto do dela e a beijou, suavemente.

- Você está bem? - ela perguntou.

Ele balançou a cabeça negando. Encostou o rosto no colo dela e começou a chorar.

- Marco, que foi, meu amor?

- Me deixa chorar, por favor...

Ele desabafou tudo o que tinha guardado o dia inteiro. Amanda chorou também com ele por um momento e depois perguntou:

- Você está sentindo alguma coisa?

- Não... Só quero chorar... Vai passar...

E realmente passou. Depois de alguns minutos, Marco se acalmou e ficou apenas sentindo a mão dela em seus cabelos. Ele segurava sua mão.

- O Teo tinha que ter vindo aqui mesmo, hoje... senão eu... não ia aguentar abraçar as crianças...

- Você não vai mesmo procurar o doutor Schuster, pra saber mais alguma coisa sobre isso?

- Talvez... Não sei...

- Eu ainda não acredito que isso está acontecendo com a gente... com você.

Ele sorriu triste.

- Agora é a sua vez de passar por isso.

- Não brinca, Marco, isso é sério.

- Em oitenta e oito também era sério. Eu quase morri sem você por quase um mês, lembra?

Amanda beijou sua testa e encostou o rosto no dele.

- É diferente. A gente não era casado... não tínhamos nossos filhos, nem construído uma vida juntos e... apesar de te amar muito... não amava tanto quanto eu te amo agora.

- Você ainda me ama, é? - ele conseguiu brincar.

- Você tem dúvida?

Ele a beijou.

- Marco, eu quero ter outro filho.

Marco ficou olhando para ela e balançou a cabeça, negativamente.

- A situação mudou um pouco agora, Amanda. Se acontecer alguma coisa comigo, você vai ficar...

- Mas eu quero!

- Você não sabe do que você está falando. Vamos esperar um pouquinho, ver o que o neurologista diz. A coisa está muito fresca ainda. A gente ficou sabendo disso hoje. Eu também quero ter outro filho, mas não vou arriscar e deixar você sozinha, nem ele...

- Você não vai a lugar nenhum, namorado! Eu não vou deixar! E ele já pode estar dentro de mim. Eu não uso preservativo há uma semana.

Marco sorriu, acariciou seu rosto e a beijou novamente.

- Você não me avisou... Você é maluca, Amanda.

- Por você. Vem... Na dúvida... faz amor comigo...

Ele a beijou e eles amaram-se intensamente. Quando terminaram, ele falou:

- Faz o teste amanhã. A gente não pode arriscar muito.

- Já fiz...

- O quê?

- Eu já estou grávida... de novo.

Marco começou a chorar e abraçou-se a ela.

- Agora eu não posso ir mesmo... a lugar nenhum.

Ele a beijou com força e a fez deitar-se encostada no peito dele.

- Eu te amo demais, mas você não devia ter feito isso, Amanda.

- Já está feito. Pare de reclamar. De manhã a gente conversa. Estou com sono.

FAMÍLIA

PARTE ÚNICA

DEUS TENHA O CONTROLE DAS NOSSAS VIDAS

e depois dEle... NÓS MESMOS.

Vamos fazer o que é certo e bom pra nós e para o próximo.

Velucy
Enviado por Velucy em 08/01/2019
Código do texto: T6545603
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.