AMANDA VII - TEO, VELHO AMIGO IV - PARTE 2

II – TEO, VELHO AMIGO

- A Amanda e eu criamos um comercial pra ser estrelado por uma criança, falando das vantagens da poupança e mostramos pro Heitor as fotos de várias crianças com quem a gente trabalha. Cada rostinho mais lindo que o outro. Mas ele não gostou de nenhuma delas. Dava até pra ter a impressão de que ele estava mesmo sendo do contra, queria encher o saco de nós dois. Até que ontem a Amanda descobriu uma garota de uma comunidade do Morumbi que ela adorou. E resolveu gravar o comercial com ela, pra mostrar pro gerente. Uma boneca. Se depender de nós, ela vai estrelar o comercial.

- Menos mau. Então a novela chegou ao fim.

- Mais ou menos. A gente gravou com mais duas meninas. Com uma moreninha de olhos verdes e com a Letícia.

- Com... a Letícia? Sua filha?

- É... Foi ideia minha. Eu quero testar o Heitor. Você disse que ele é legal, mas eu tenho aqui minhas suspeitas de que ele racista.

- Será?

- Ele não declarou abertamente, mas eu percebi que ele não viu com bons olhos as fotos de crianças negras. Quando estava com todas as fotos diante de si na mesa de reunião, ele fazia questão de colocar as fotos das crianças loiras de olhos azuis ou verdes em cima das fotos das crianças negras.

- Brincou... Não é impressão sua, não?

- É justamente isso que eu quero testar. Tomara que as minhas suspeitas sejam infundadas, porque, se ele for mesmo racista como eu suspeito... eu vou cancelar a conta.

- Mas isso não é prejuízo pra vocês?

- Pode até ser, mas nós nunca tínhamos passado por uma negociação de tanto estresse assim desde que começamos a agência. E eu não tolero racismo, ainda mais quando envolve criança.

Dalva entrou na sala e perguntou:

- Teo, você toma uma cerveja?

- Não, obrigado, Dalva.

- O jantar vai demorar um pouquinho. Não quer nem um café, um suco?

- Não, está tudo bem. Obrigado.

- Dalva, cadê a Mariana? - Marco perguntou.

- No quarto, fazendo a lição. Ela está meio tristinha desde ontem, mas não quis explicar por que.

- Ela está aqui com vocês? - Teo perguntou.

- Está. Meus pais estão viajando, foram pro Rio, aproveitando as férias do meu pai. Voltam no domingo. A gente vai almoçar com eles, lá em Santo Amaro. Vem também. Eu chamei o Aldo e a Débora também com as crianças.

- É uma. Vou falar com a Cleo.

Lupe entrou na sala correndo e ao ver Teo, gritou:

- Tio Teo!

Pulou em cima dele e Teo segurou o afilhado praticamente no ar, colocando-o no colo.

- Oi, Lancelot! Deus te abençoe! Cara, como você cresceu!

- Não fala comigo não, bobão? - Marco cobrou.

O menino desceu do colo de Teo e beijou o pai.

- Oi, papai!

Voltou para o colo do padrinho e perguntou:

- O Arthur não veio com você, tio?

Marco ralhou:

- Lupe, eu já te disse “trocentas” vezes que ele é teu padrinho, filho...

- Deixa, Marco, tanto faz, disse Teo, beijando a testa do menino. - Não, Lupe, o Arthur está meio resfriado. Tomou sorvete demais. Onde está sua irmã?

- Com a mamãe no quarto.

- Me responde aqui uma coisa: quem é mais bonito de vocês dois?

Lupe deu de ombros e olhou para Marco que riu.

- Não sabe? Um tem que ser mais bonito.

- A gente é gêmeo. É tudo igual.

- Ah, é? É daí? Quer dizer que se alguém colocar um vestido em você, você vira a Letícia?

- Claro que não!

- Então, alguma diferença tem que ter. Um tem que ser mais bonito.

- Sou eu então! - Lupe declarou.

- Falou a voz da modéstia, Marco disse. – A Letícia é mais bonita, porque parece com a mamãe.

- Eu também pareço, disse o menino, segurando a ponta da orelha.

Amanda entrou na sala com Letícia pela mão. A menina se aproximou do pai sem pressa e o beijou no rosto.

- Oi, papai!

- Oi, princesa, ele disse, beijando seu rosto também.

Letícia foi para perto de Teo e também o beijou, com seu jeitinho delicado.

- Oi, tio Teo.

- Como é que você está, Morganinha?

Ela voltou para perto do pai e se alojou entre suas pernas. Marco passou os braços em volta dela e beijou seu pescoço. Amanda se sentou ao lado de Marco.

- Eles são muito parecidos mesmo, diz Teo. - Cada dia mais. Nas fotos da fachada a AR&MAR, eu quase não consigo definir quem é quem, quando passo por lá. Só se vê a diferença pelos cabelos da Letícia que são levemente mais claros e o arranjo na cabeça dela, mas de resto...

- Eles tinham seis meses, na foto do outdoor. Nós dois não confundimos porque convivemos com eles todos os dias e, concordando você ou não, o Lupe se parece mais comigo e a Letícia com a Amanda. Ele é maior que ela, nasceu primeiro e não teve tantos problemas quanto ela. Ele ficou só dez dias no hospital e ela um mês. Ela sempre foi menorzinha, não é, filha? – ele perguntou, beijando a filha no rosto.

- Ah, sei lá, não vejo muita diferença, não... disse Teo, olhando para os dois alternadamente.

- Claro que tem, disse Amanda. - O cabelo do Lupe é mais escuro, apesar de loiro; o da Letícia é clarinho mesmo, feito o meu quando criança. Mas eu entendo o que você diz. As pessoas só sabem que ele é ele e ela é ela no outdoor porque colocamos o arranjo de flores da cabeça dela pra não confundir todo mundo. O Marco até queria deixar os dois sem acessório nenhum, totalmente sem roupas dentro da xícara, mas eu fiquei com pena. Os dois, só de fraldas, dá pra confundir mesmo quem não conhece. A ideia foi essa, porque todo mundo falava muito nessa semelhança incrível dos dois. Quem não presta atenção, pensa que é o mesmo bebê. O que diferencia um pouco é o enfeite na cabecinha dela. Mas em casa ninguém confunde mais. O Lupe é mais alto que a irmã uns dois centímetros e se parece mais com o Marco.

- Mas o "must" da foto é o beijo escandaloso que a Letícia dá no irmão - Ela parece querer engolir o garoto, diz Teo rindo, tocando no nariz de Letícia. - A ideia de colocar os dois dentro de uma xícara também ficou genial. Mas eu quero ver a Mariana? Cadê ela?

- Eu vou até o quarto pra ver o que ela está fazendo, disse Amanda.

- Não, amor, deixa que eu vou, Marco antecipou-se, colocando Letícia no colo de Amanda e erguendo-se.

- Eu já volto, Teo. Dá licença.

TEO, VELHO AMIGO

PARTE II

DEUS TENHA O CONTROLE DAS NOSSAS VIDAS

e depois dEle... NÓS MESMOS.

Vamos fazer o que é certo e bom pra nós e para o próximo.

Velucy
Enviado por Velucy em 07/01/2019
Código do texto: T6544799
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