AMANDA VII - NOVO DESAFIO III - PARTE 2

II – NOVO DESAFIO

Marco passou a mão no rosto e foi se sentar. Guilherme se sentou também diante dele.

- Como é que isso foi aparecer na minha cabeça?

- É difícil saber uma coisa assim. De repente já nasceu com você ou pode ter sido adquirido na infância ou adolescência... não se pode ter certeza.

- E... se não pode ser operado, o que é que eu tenho que fazer?

- Bem, há uma série de... medicamentos anticonvulsivantes que podem ser ministrados pra que você não sinta as dores que anda sentindo. Se você quiser, eu posso falar com ele ou você passa a se consultar diretamente com ele. Se você pode tentar fazer uma angio-ressonância...

- Angio o quê? Eu não sei nem falar o nome disso, Gui! Não... E eu não quero outro médico. Você vai dar um jeito de fazer uma biópsia desse treco e depois me dizer... quais são as minhas chances reais.

- Ele já adiantou. Nós passamos ontem a noite toda analisando suas possibilidades.

- E...? - Marco perguntou, vasculhando o rosto do médico aflito, como a esperar uma pequena esperança que fosse.

- Você pode... ter uma vida normal, como tem tido até agora... ou pode... morrer amanhã, se o aneurisma sangrar por algum estresse.

Marco olhou para ele e riu de nervoso.

- Você está brincando...

- Adoraria estar.

- Quer dizer que eu posso passar a vida inteira com isso na cabeça e viver minha vida normalmente?

- Pode, mas...

- E de repente estar trabalhando ou brincando com meus filhos no jardim de casa ou fazendo amor com a minha mulher e cair morto?

Guilherme balançou a cabeça confirmando, tão aflito quanto ele, mas tentando manter a calma.

- Então, pra que eu vim ter essa consulta com você? Só pra ter certeza de que eu vou morrer como todo mundo? Disso eu já sabia! Eu tenho dois filhos pra criar, Guilherme. E... não posso me dar ao luxo de ficar com medo da morte, sabendo que ela existe e está dentro da minha cabeça!

- Pelo menos, agora, você vai poder se cuidar melhor, descansar mais.

- Eu já me cuido melhor! Sempre fiz isso. Eu nunca fumei, nunca bebi, sempre procurei ter uma alimentação saudável, sempre andei de bicicleta mesmo depois de já ter um carro e mesmo assim, eu tenho essa... coisa na cabeça! Por quê?

- Então, talvez isso te ajude até a ignorar isso que está acontecendo e viver sua vida normalmente.

- Como? Como eu vou fazer isso agora? Só se eu voltar no tempo! Eu queria voltar a uma semana atrás!

Marco levantou e se aproximou do painel luminoso. Ficou olhando para a placa de raios-X.

- Eu não posso nem pensar em deixar a Amanda aqui sozinha... e meus filhos... A gente estava até pensando em ter outro filho...

Guilherme não respondeu. Marco enxugou o rosto e se voltou para ele.

- Eu quero te fazer um pedido.

- Qual?

- Não conta nada disso pra Amanda, nem pra ninguém da minha família, meu pai, minha mãe, ninguém.

- Por quê?

- Eu não quero que ninguém saiba. Eu também não vou contar pra ninguém. Nada disso vai sair dessas quatro paredes, me promete?

- Eu já tenho o juramento médico, Marco, só posso dizer se você autorizar.

- Ótimo...

- Mas se alguma coisa acontecer com você e você ficar impossibilitado de...

- Não vai acontecer nada comigo. Você só vai contar alguma coisa pra alguém... se eu morrer... e isso ainda vai demorar muito, te garanto. Promete.

- Seria bom você dividir isso com alguém, Marco, um amigo, a Amanda mesmo. Eu tenho certeza que ela te apoiaria demais. Vocês têm sido parceiros em tudo. Na AR&MAR...

- Promete, Guilherme!

O médico respirou fundo e teve que concordar.

- Prometo, mas você me promete que vai estar sempre em contato comigo?

- Como amigo, sim, mas não como médico. Não pra falar sobre isso.

- Marco...

- Não, Guilherme, eu não quero virar minha vida do avesso por causa disso. Faça de conta que a gente nunca teve essa conversa.

- Como é que você vai conseguir esconder isso da Amanda?

Marco fechou os olhos e respondeu:

- Eu queria esconder de mim mesmo.

- Eu sinto muito que tenha sido eu a te dar uma notícia assim, cara. Sinto demais, mas não quero que isso abale a nossa relação.

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra, Gui.

- Outra coisa... Se a Amada vier falar comigo sobre você...

- E por que ela viria?

- Me desculpa, mas eu não tenho muita certeza de que ela vai acreditar em você, quando você for falar pra ela sobre o que veio fazer aqui hoje.

- Não se preocupe. Ela vai acreditar.

- A sua mulher pode ser muito bonita, Marco, mas uma coisa que ela não é mesmo é idiota.

- Eu sei que não é, mas ela confia em mim.

- Eu tenho medo de que você não consiga mentir pra ela.

- Deixa isso comigo, ele disse, levantando-se. - Eu vou embora. Tchau, Guilherme.

Guilherme levantou-se e apertou a mão dele.

- Se você voltar a sentir as dores de cabeça, liga pra mim, mas eu ainda gostaria que você viesse falar com o doutor Schuster.

- Eu ligo. Pode deixar. Tchau.

- Tchau.

NOVO DESAFIO

PARTE II

DEUS TENHA O CONTROLE DAS NOSSAS VIDAS

e depois dele... NÓS MESMOS.

Vamos fazer o que é certo e bom pra nós e para o próximo.

Velucy
Enviado por Velucy em 06/01/2019
Código do texto: T6544028
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