AMANDA VI - SACRIFÍCIO VIII - PARTE ÚNICA

I – SACRIFÍCIO

Roni quase não saia mais de casa, depois de ter recebido o ultimato de Rita e tinha sido dispensado por ela da RR. Saía à noite, às vezes, e ficava grande parte na noite fora de casa, chegava de manhã e dormia o dia inteiro. Ele tinha perdido o rumo e não sabia exatamente o que faria de sua vida. O ódio por Marco e por Rita só aumentava, mas ele sabia que não tinha mais como tentar prejudicá-los de nenhuma forma.

Estava deitado no sofá, diante da televisão ligada na TV a cabo, assistindo um filme de ação muito barulhento, quando ouviu a campainha tocar. Não levantou para atender, mas a pessoa insistia e ele foi até a porta e olhou pelo olho mágico. Viu Maria Eugênia em pé diante da porta e estranhou. O que a moça estaria fazendo ali em sua casa? Não ia abrir, mas se lembrou dos conselhos que ela tinha lhe dado sobre a sua atitude em relação a Marco e Amanda e resolveu ver o que ela queria com ele. Abriu.

Ela sorriu seu sorriso lindo e iluminado e fez o mesmo gesto peculiar dela. Pegou todo o cabelo comprido com as mãos e os uniu atrás da cabeça, puxando-os todos para frente.

- Hello, how are you, dear! Oh… a gente está no Brasil... Posso entrar, gato?

Ele pensou um pouco e sentiu uma vontade súbita de rir, mas se conteve e se afastou da porta, dando espaço pra ela entrar. Maria Eugênia entrou e lhe beijou o rosto.

- Não vou perguntar se você está bem, porque eu estou vendo que não está. Essa barba comprida estraga seu rostinho lindo, darling.

- O que você quer? – ele perguntou sem nenhum ânimo.

- Um copo de água, tem? Está um calor bárbaro aí fora. Afinal... isso é Brasil, não é?

- Senta... Eu vou buscar.

Ele saiu da sala e ela olhou em volta para o apartamento dele e foi abrir as cortinas das janelas, deixando o ambiente mais claro, depois jogou a bolsa sobre o sofá e sentou-se, cruzou as pernas e ajeitou os cabelos.

Ele voltou com o copo de água e entregou para ela que tomou um gole, colocou o copo sobre a mesa de centro e começou:

- Não vou enrolar muito. Também estou com pressa, sem tempo pra conversar muito. Vou viajar amanhã de volta pra Los Angeles. Vim te fazer um convite.

- Convite? – ele perguntou, sentando-se na frente dela.

- Quer ir comigo pra lá?

- Ir com você... pra onde?

- Pra Los Angeles, garoto!

- E a troco de que eu iria com você pra Los Angeles, Gini?

- Eu soube que você está desempregado aqui. Que você saiu da RR.

Ele ficou sério e encostou-se no sofá.

- A Rita Rotemberg te mandou aqui?

- Quem? – ela se fez de desentendida.

- A Rita, Maria Eugênia. Não se faz de idiota que eu sei que você não é. Foi ela que te mandou aqui pra me tirar do pé dela e daquele gigolozinho dela?

- Ah, Roni, você ainda anda pensando nisso? Que feio... Não, não foi a Rita que me mandou aqui. Ela nem sabe que eu estou no Brasil.

- E como você sabe que eu fui... que eu estou desempregado?

- Eu ligo de vez em quando pra cá pra saber do pessoal da RR e a Bianca, a assistente nova da Rita, me contou. Eu fiquei muito chateada por você e mostrei uma foto sua da internet pro pessoal que trabalha comigo. Eles te amaram. E eu disse que vinha buscar você aqui pra fazer um teste com eles.

Roni ficou olhando para ela sério e não acreditou muito no que ela dizia.

- Gini, eu ando com muito pouca vontade de ouvir piada e não gosto muito de brincadeira sem graça. Diz logo o que você quer de mim?

- Não é brincadeira, Ronald! Eu estou falando sério. Eu quero levar você comigo pra Los Angeles. É tão difícil entender isso?

- A troco de quê?

- Você é um garoto muito difícil, Roni Lemos. Me desculpa a sinceridade, mas... você está tão acostumado a tentar ferrar as pessoas que parecem um pouco mais felizes que você que não consegue se deixar ajudar. É por isso que você está enfurnado nesse apartamento elegante do Morumbi, com todas as janelas fechadas e sem nenhum amigo.

- Acabou? - ele perguntou, com vontade de colocá-la pra fora do apartamento.

- Não, eu ainda tinha uns dois ou três palavrões em inglês, muito bonitinhos, que eu gostaria de dizer bem alto no seu ouvido, pra você largar de ser tonto, mas eu não gosto de chutar cachorro morto. Acho que eu vou embora. Tenha uma boa vida, sweetheart!

Ela se levantou, pegou a bolsa e ia se dirigindo para a porta quando ele a chamou:

- Gini, espera!

Maria Eugênia parou, voltou-se e cruzou os braços, olhando para ele.

- Que é?

Roni se levantou e perguntou:

- Isso é sério mesmo? Você veio pro Brasil... me buscar pra ir pra Los Angeles só porque soube que eu estava desempregado?

- Isso é tão... absurdo assim?

- Não... Eu vou com você.

Ela sorriu e se aproximou de novo dele.

- Demorou demais, hein, garoto? Quase desisti de você, mas isso não vai ser assim fácil não.

- Como assim?

- Eu venho te buscar amanhã. A gente vai pra Los Angeles amanhã à noite. Eu vou visitar uma amiga durante o dia. E você vai me fazer um favor.

- Que favor?

- Eu sei que você está magoado com a Rita e com o Marco Ramalho, mas a Amanda Rotemberg que é o pivô disso tudo não tem culpa dessa sua paixão sem noção por ela. Ela está grávida do Marco e os filhotes deles nascem em pouco tempo.

- Eu sei...

- Você vai escrever uma carta pedindo desculpas pra ela e pro marido dela por toda confusão que você provocou na vida deles.

Ele sorriu, balançando a cabeça.

- Você está exigindo demais de mim... Eu sabia que tinha um preço...

- Estou pedindo pouco por tudo que você fez, honey. Mas você não acha que vai valer a pena? Quando você estiver em Los Angeles ganhando muito dinheiro, nem vai querer mais se lembrar do Brasil, imagine da Mandy e do Marco.

- E como você pode ter certeza de que eu vou ser aceito na América?

- Você não confia no seu taco? De alguma forma você foi descoberta da Rita Rotemberg também, como eu, e eu não posso reclamar de nada ainda. E até com essa barba que te deixa com cara de badboy você ficou bonito. Eu não gosto, mas... tem quem goste.

Ela passou a mão pelo rosto dele e lhe deu um selinho, batendo de leve em seu rosto.

- Bom, eu vou indo. Amanhã a gente se vê. Tchau, gato.

Maria Eugênia saiu do apartamento e Roni se sentou no sofá pensativo. Gini tinha deixado para ele uma missão quase impossível. Escrever uma carta pedindo desculpas por ser apaixonado por Amanda Rotemberg e por odiar Marco Antônio Ramalho. Aquilo era no mínimo surreal para ele. Mas daquele sacrifício estava dependendo seu futuro na América. De alguma forma tinha que valer a pena.

SACRIFÍCIO

PARTE ÚNICA

UM ANO NOVO DE REALIZAÇÕES A TODOS!

FÉ E ESPERANÇA SEMPRE!

OBRIGADA! FELIZ 2019!

Velucy
Enviado por Velucy em 28/12/2018
Reeditado em 28/12/2018
Código do texto: T6537225
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