A CASA AZUL E SUAS HISTÓRIAS

                                   
 
Nessa mesa retangular e grande é que fazemos nossas refeições. Após os filhos alçarem seus voos, morar em outras cidades, ter os próprios filhos restou em nossa companhia só o caçula. Daí nossa mesa no cotidiano ocupar apenas três lugares.  Sempre nas datas especiais todos se reúnem aqui e a mesa se enche de alegria. Após a refeição conversamos. Nas conversas os assuntos atuais se misturam com as histórias da casa azul e meus netos fazem perguntas sobre a casa. São muitas risadas.
Antes de contar as histórias vou lhes apresentar a casa e o porquê do seu nome.
Era uma casa muito simples, mista de madeira e as áreas molhadas de alvenaria. Três quartos, uma sala e cozinha grandes, uma varanda com vidraças onde se avistava o quintal com suas árvores e horta. No fundo uma edícula onde fazíamos o churrasco de domingo como todo gaúcho aprecia.
Construímos a casa quando casamos. Eu funcionária pública, meu marido funcionário de uma importadora de madeiras. Menos de um ano de casados, a importadora faliu e ele perdeu o emprego. O meu estava garantido porque era concursada. Tocamos a vida. Logo ele conseguiu ser colocado, não em sua área, mas o importante era trabalhar, adequar-se à realidade e seguir em frente. Mas nossa Casa Azul estava ali quieta e calorosa nos acolhendo.
Com a redução em nossa renda tivemos que readequar nossa vida financeira, mesmo porque uma novidade em nossas vidas logo surgiu. Estava grávida.  A notícia nos fortaleceu mais, sabíamos que teríamos dificuldades à frente para organizarmos os preparativos para nosso bebê. Eu estava tão feliz que um positivismo exacerbado tomou conta de mim. Tudo vai dar certo e vai ser lindo. Repetia como um mantra. O quartinho do bebê eu mesma decorei. Ficou lindo.
    O nascimento do nosso primogênito realmente trouxe luz para nossa casa. Meu marido voltou a trabalhar na sua área profissional e eu, com um segundo trabalho, o bebê lindo e com saúde. A casa parecia sorrir conosco.
Agora, podíamos pintar nossa casa, eu escolhi o bege, mas João gostava do azul, aí acabei concordando. Plantei um Flamboyant no jardim.
Estava batizada nossa Casa Azul, protagonista das histórias que partilharei com vocês leitores.
 
 
 
 
                                
 
 
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