AMANDA VI - O AMOR PERDOA? IV

I – O AMOR PERDOA?

Rita voltou para casa e José ainda não tinha chegado. Ela foi para o estúdio, foi até sua mesa de trabalho e ficou olhando para as últimas fotos que tinham sido feitas com Amanda no início do ano para a Levy’s.

Começou a lembrar da primeira vez que viu José quando foi convidada por Laila a ir almoçar na casa de Antônio, logo que chegou do Rio de Janeiro em setembro de oitenta e oito. Ele também tinha sido convidado, porque Marco queria que ela conhecesse o pai de Amanda. Rita tinha se apaixonado pelo rosto da moça e, como publicitária que era, já via nela grande potencial para fazer anúncios em comerciais de televisão e revistas.

Quando viu José pela primeira vez, percebeu de onde a moça tinha recebido a genética tão boa. Achou o professor José muito charmoso e educado e não demorou muito para que eles começassem um relacionamento, primeiro de amizade e depois de algo mais que foi crescendo entre os dois e virou empatia e finalmente amor.

Eles começaram a namorar em dezembro daquele ano. Como José achava que estava muito velho para namorar com quem quer que fosse, resolveu logo pedir Rita em casamento e ela aceitou prontamente. Marcaram o casamento para abril do ano seguinte e a união deles tinha sido feliz até aquele dia...

Estava no meio desses pensamentos quando ouviu barulho na porta. José tinha chegado. Ela ficou algum tempo esperando para ver se ele vinha falar com ela, mas ele não veio. Resolveu ela mesma ir até o quarto e viu a porta aberta. Aproximou-se da porta e o viu sentado na cama, olhando para o chão. Entrou e foi sentar-se ao lado dele.

- Você está bem?

José ergueu a cabeça, mas não respondeu e nem olhou para ela. Rita sentiu o coração ficar pequenininho, mas respirou fundo e resolveu acabar logo com aquela situação constrangedora.

- Você quer que eu vá embora, José? Se quiser eu volto hoje mesmo pro meu antigo apartamento e depois a gente fala sobre...

Ele se virou para ela e a beijou intensa e apaixonadamente. Depois que o beijo terminou, Rita ficou ainda de olhos fechados e suspirou.

- O que isso quer dizer?

- Não sei ainda... ele respondeu. – Você provocou uma revolução na minha vida... depois que entrou ela. Eu nem pensava mais em me ligar a mulher nenhuma, depois que a mãe da Amanda morreu... Eu estava... tão acostumado com a minha vidinha tranquila de professor viúvo... pai de uma filha, criada pela avó materna... Eu era tão feliz com essa vida... Aí você apareceu... e eu me vi dormindo de novo com uma mulher na mesma cama... Você não sabe o que fez comigo, Rita Ramalho.

- Sinto muito, meu querido...

- Não me peça desculpas por isso. Você não me deve desculpas... Eu te amo, mas... não sei como vai ser de agora em diante... sabendo que você... dormiu... transou, como se diz agora...com meu genro... Eu estou tentando... entender seus motivos... e os dele... e processar tudo que você contou pra mim... mas... eu não sei se consigo ser esse homem moderno que você espera que eu seja, Rita.

- Não! Eu não quero que você seja mais moderno do que você já é! Você é maravilhoso do que jeito que é, José! Eu aprendi a te amar como você é. Não quero nem preciso que você seja diferente. Só quero que você entenda aquele momento meu e do Marco e tenha a certeza e interiorize que foi só um momento que aconteceu e passou e nunca mais se repetiu, por que nós dois, eu e ele, amamos você e sua filha demais. Respeitamos vocês dois demais. Nunca duvide disso, meu amor.

- Mas você vai ter sempre esse... Roni Lemos nas suas vidas. Ele não vai te deixar em paz e...

- Não! Ele não está mais nas nossas vidas. Eu o mandei embora hoje cedo.

- Como assim?

- Eu fui até a casa dele e o dispensei. Eu não posso mais nem olhar pra cara dele.

- Mas isso não significa prejuízo pra você?

- Prejuízo pra mim seria te perder e perder a sua confiança. Você tinha razão quando disse que eu estava pagando pelo silêncio dele. Eu estava errada. Ninguém pode lucrar a custa da minha paz de espírito. Você tem todo o direito de não me perdoar, mas eu quero minha vida inteira de volta, mesmo que ela não seja tão inteira longe de você.

José demorou o olhar no rosto dela e respirou fundo.

- E como eu vou olhar para o Marco agora?

- Como sempre olhou. Ele continua sendo seu genro maravilhoso que ama sua filha demais e que vai te dar dois netos que eu imagino que vão ser maravilhosos também.

- Se fosse tão simples assim... Eu fiz papel de bobo por dois anos, você tem ideia do que é isso, Rita?

- Você não fez papel de bobo. Você é o homem que eu amo e não foi enganado, foi apenas poupado por quem queria te preservar. Depois que eu me casei com você em abril de oitenta e nove, eu não olhei para mais ninguém a não ser pra você, José.

- Então por que estamos passando por isso agora?

Ela não soube responder. Ele continuou.

- Porque... Porque você é uma mulher do mundo e talvez não fosse pra ser minha.

- Não é nada disso...

Rita o abraçou e ficou alguns segundos com o rosto escondido no ombro dele. José a segurou pelos braços e a afastou dele.

- Eu vou tomar um banho...

- José...

- O quê?

- Você ficaria mais tranquilo se eu fosse embora da sua casa?

- Essa casa é sua também... Mas eu não sei... Eu ainda não estou muito certo do que quero fazer. Eu vou tomar banho e... a gente vai dormir... Eu quero que você tenha paciência comigo. Como eu te disse, não sou e nem tenho exatamente os pensamentos que você gostaria... Tem paciência. Eu ainda preciso... um tempo... Eu volto já...

José beijou a testa dela e se afastou, indo para o banheiro. Quando voltou ao quarto, depois do banho, Rita não estava mais lá. Encontrou sobre a cama um bilhete dela:

“Vou te dar o tempo que você precisa, querido. Vou ficar no meu apartamento. Se você se sentir seguro pra me aceitar do jeito que eu sou e com todos os defeitos de fabricação que eu tenho, me procura. Só não esquece que eu ainda te amo, mais do que nunca. P.S. A culpa de tudo é minha. Não penalize seu genro e por consequência sua filha e seu netos. Eles te amam demais. Beijo. Rita.”

José se sentou na cama e começou a chorar.

O AMOR PERDOA?

PARTE ÚNICA

UM ANO NOVO DE REALIZAÇÕES A TODOS!

FÉ E ESPERANÇA SEMPRE!

OBRIGADA!

FELIZ 2019!

Velucy
Enviado por Velucy em 26/12/2018
Código do texto: T6535610
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