AMANDA VI - E AGORA, JOSÉ? II - PARTE 1

I – E AGORA, JOSÉ?

Manhã de sábado, feriado do Dia das Crianças. José acordou primeiro e esticou os braços. Rita dormia ainda, deitada de bruços a seu lado.

Ele olhou para ela, sorriu e beijou seu rosto de leve, para não acordá-la. Saiu da cama, parou diante do espelho e se olhou esfregando o rosto, saiu do quarto. Foi até a cozinha e apanhou uma maçã da fruteira, começando a comê-la.

Apanhou os utensílios para fazer o café e, enquanto a água fervia, ele foi até a sala, abrir as cortinas e a janela. Quando ia voltando para à cozinha, viu alguma coisa branca sob a porta, em cima do carpete. Foi até lá, abaixou-se para apanhar o que parecia um envelope. E realmente era. Nas costas dele estava escrito seu nome. José estranhou, mas começou a rasgar o envelope branco, indo com ele para a cozinha. Dentro dele havia uma carta que ele abriu. Sentou-se à mesa e leu seu conteúdo.

Aos poucos, seu rosto foi tomando um ar preocupado e quando terminou de ler, estava pálido e nervoso. Apoiou a cabeça na mão, fechou os olhos e procurou controlar-se para não chorar e não ir até o quarto acordar Rita.

A água começou a ferver e ele foi fazer o café, embora as mãos estivessem trêmulas. Quando terminou, ele apanhou o envelope e foi para a biblioteca, sentando-se na cadeira atrás da escrivaninha. Abriu a carta e a leu novamente. Aquilo só podia ser uma brincadeira de muito mau gosto. Pensou de novo em acordar Rita, mas achou melhor esperar que ela acordasse sozinha. Tinha que pensar no que fazer, antes de falar com ela. Ficou sentado olhando pela janela. O tempo que ficou ali, quase imóvel, pareceu uma eternidade.

Quando Rita apareceu na porta da biblioteca, ele ainda estava na mesma posição com a carta dobrada em duas na mão. Rita ficou olhando para ele da porta e sorriu.

- Bom dia, meu amor. Não conseguiu dormir ou acordou cedo pra correr, mesmo num domingo lindo como está lá fora?

Ele não respondeu. Rita estranhou. Aproximou-se dele, ajoelhou no chão entre suas pernas e o abraçou, beijando-o, acariciando seu peito.

- Você está bem? Está sentindo alguma coisa, José? Faz muito tempo que você acordou?

- Uns... quarenta minutos... ele disse.

Rita percebeu sua voz estranha e séria demais, mesmo para ele.

- Que foi, José? Você está sentindo alguma coisa?

- Não... Eu estou bem, ele disse, olhando fixamente em seus olhos.

- Já tomou café?

- Não... Eu estava esperando você... pra te mostrar isso...

José levantou a carta e mostrou a ela.

- O que é?

- Leia...

Rita apanhou o papel das mãos dele e pressentiu que não era boa coisa. Olhou nos olhos do marido por um instante e abriu a carta. Leu o conteúdo apenas com os olhos e quando terminou, dobrou o papel e ergueu-se, saindo de perto dele, indo se sentar na poltrona noutro canto do aposento.

- Onde... Onde você encontrou isso?

- Estava debaixo da nossa porta. Alguém... que eu vou querer muito saber quem é... deve ter tido a intenção de fazer uma brincadeira de mau gosto comigo... ou com você... não é?

Ela não respondeu. José se levantou e foi para perto dela.

- Não é, Rita? – ele insistiu.

- Isso é com certeza uma brincadeira de mau gosto, José... Você... não acreditou nisso, não é?

- Não sei... Devo acreditar? Eu prefiro esperar que você diga que é mentira, não devo? Porque... o que está escrito aí é... no mínimo... incoerente com tudo que eu tenho vivido nesses últimos anos e... Aí diz que você e meu genro... são amantes e... que já dormiram juntos várias vezes e ainda dormem... Isso é no mínimo um absurdo!

Ela se levantou e olhou de frente para ele.

- Claro que é!

- Então não é verdade?

- Não! É óbvio que não, amor!

- Então... quem está querendo prejudicar você e ao Marco desse modo?

Rita queria dizer que não sabia, mas não conseguiu mentir. Ia se afastar dele, mas José segurou seu braço e a fez parar.

- Você sabe, não sabe, Rita? Deve ser alguém... que trabalha na RR com vocês dois... não é?

- É... É o Roni Lemos...

José afastou-se dela e foi sentar de novo atrás da mesa, esfregando o rosto e respirando fundo.

- E qual o propósito disso? O que ele tem de tão grave contra você pra... levantar uma calúnia dessa sobre você... e sobre o marido da minha filha? De onde... ele tirou isso? Baseado em quê?

Rita respirou fundo.

- Ele tem inveja de nós dois, é isso...

- E a propósito de que esse garoto... quis me contar isso... dessa forma... passando uma mensagem suja como essa por baixo da minha porta? Do que ele sabe? Pelo que ele escreveu aí... ele já viu alguma coisa que o faz ter certeza do que diz.

- Eu não sou amante do Marco, José. Nós somos primos e nos gostamos como primos. Ele é quase meu filho...

- Mas não é... E antes de se casar comigo... vocês tinham quase uma relação de irmãos... Se falavam como irmãos...

Rita respirou fundo e resolveu enfrentar aquela situação de cabeça erguida, pois estava tranquila do que tinha feito no passado e queria acabar com aquilo de uma vez.

- Vem comigo até a sala, amor? Eu vou te contar tudo.

- Tudo o que, Rita?

- Vem... ela disse, saindo da biblioteca.

Rita foi para a sala e sentou-se no sofá. José foi atrás dela e ficou parado esperando.

- Senta aqui... ela pediu lhe mostrando o lugar no sofá do lado dela.

- Rita...

- Você confia em mim, José?

- Acho que sim...

- Acha? Eu tenho certeza de que te amo e confio em você. Se você está casado comigo agora é porque a gente tem o mínimo de cumplicidade um com o outro. Nós somos adultos e éramos livres pra assumir essa relação que até agora foi tão gostosa e saudável. Senta aqui. Eu vou te contar a minha verdade.

- Sua verdade?

- É... Que é bem diferente do que está escrito aí nesse papel. Me ouve e depois você tira suas conclusões, ok?

José se aproximou e sentou-se ao lado dela. Rita pegou o papel que ainda estava nas mãos dele, dobrou-o em várias partes e o colocou sobre a mesa de centro. Olhou para o marido.

E AGORA, JOSÉ?

PARTE I

UM NATAL DE GRATIDÃO... E PERDÃO... A TODOS!

CRIATIVIDADE SEMPRE!

OBRIGADA!

UM FELIZ NATAL DE PAZ A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 24/12/2018
Reeditado em 24/12/2018
Código do texto: T6534393
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