Uma Rosa para Berlim: Sem ter para onde correr, 2
Uma gargalhada seguida de outras mais e, ouve-se alguns tiros mais. Ao longe se vê idosos sendo carregados e alguns corpos também:
é Gross-Rosen. Gross-Rosen sendo banida para sempre da vida. E
as lembranças me vem e vão enquanto sinto um chute nas costas : Tudo
parece um sonho e, sinto cheiro de corpos podres e mofados. Há cor
pos pelo chão úmido. Entram oficiais com submetralhadoras MP 40 e me
agarram como se eu fosse um saco de lixo.
-Maldita alemãzinha !- e me jogam no chão. Apesar da arma ser alemã, são Russos que acabaram de chegar. -Leve esta vagabunda e fuzile-a agora mesmo.
Uns chutes pelo corpo e eu desejo a morte o mais rápido possível.
De repente minha mente volta até aquele maldito dia quando Rudolf me
retirou de casa. Ele me beijando e depois me deixa para beijar Érika. Olho pela janela o medo espalhado pelas ruas e, algumas pessoas sorridentes e outras desconfiadas. Há uma desconfiança em todos .
O comboio chega em uma casa retirada da cidade e cercada por muitos soldados da SS. Me conduzem até um quarto fechado e lá Rudolf entra seguido de Érika. Ele está possesso e nervoso. Ele está gritando com
seus soldados. Estes obedecem sem pestanejar :
-Saiam daqui, já!- E empurra Érika para cima de mim.
Todos saem correndo e após, Rudolf fecha a porta e se dirige para minha pessoa e me dá um tapa me derrubando. Minha reação é rápida e me ergo tentando acertá-lo com um tapa mas ele segura minhas mãos.
- Vai me agredir, vadiazinha? - e tenta me beijar .
Érika se oferece e se esfrega nele abrindo seu vestido .
- Sai pra lá, vagabunda!- gritou ele possesso - fique apreciando !
Ele tenta de todas as formas me possuir e eu me desvencilho, ora indo pro
outro lado do quarto ou o empurrando e chutando-o.
- Sei que sua família tem amigos judeus e só não vou entregá-los porque você será minha. Além do mais, vai entrar para a liga feminina .
- Não pense que será tão fácil assim, seu monstro !
Ele toca em meus longos cabelos amarelo-trigado e o acaricia.
- Vai nos ajudar muito.- Me puxa para junto dele- vou lhe vestir com uma farda para ficar apropriada para a ocasião que vai surgir .
Consegue me segurar me encostando na parede e tenta me beijar . Mais
uma vez Érika tenta intervir e leva um tapa no rosto e cai do outro lado.
Fujo e o afasto deixando-o com um ar de ódio. Se lança para cima de mim e eu consigo acertá-lo com um soco. Um soco bem na boca dele.
-Socorro ! - Gritou ele enraivecido, enfurecido - A vagabunda está me agredindo!- e tenta me acertar com um soco. Reajo pulando para o lado e o agarro por trás chutando-o nas nádegas. Gritou de ódio. Entram uns soldados com pistolas na mão e alguém faz um disparo para o chão e eu fico aterrorizada. Um tapa desferido por um outro oficial me joga no chão. Rudolf puxa de sua pistola luger e encosta o cano da arma em minha cabeça e grita:
- Vagabunda !- E rasga minha blusa arrancando-a e deixando meu soutian à mostra . - puta safada ! Vai pagar caro com isso !
-Pare com isso - Grita o outro oficial - Fica para quando estiverem à sós - Venha que temos que estudar uns planos- E se retira fazendo sinal para os outros soldados saírem.
Rudolf sai de cima de mim e se ajeita se retirando. Me arrumo vestindo minha blusa rasgada e olho para todo o quarto sem mobília. Olho para a
Érika toda assustada e com um leve ar de choro estampado no rosto.
- Nunca pensei que ele fosse capaz de tamanha barbárie!
Olho para o quarto Todo branco e parece feito para tortura. Estou sofrega e apavorada. Abraço Érika apertadamente e quase choro .
As coisas estão seguindo um rumo estranho e tenho que fazer algo para fugir. Mas não há o que fazer a não ser rezar e aguardar. Ouço o barulho de veículos se retirando e uma discussão bem áspera entre os presentes na sala ao lado. Berros ,berros e uns tiros de pistola. A porta se abre e Rudolf entra de arma na mão e muito enfurecido. Atira para o alto :
-Veja o que você fez , cadela imunda !-E aponta a luger para minha cabeça - Tire a roupa ou eu a matarei como fiz com os outros na sala pois, me chamaram de frouxo. Rudolf parece ensandecido, um animal pronto para atacar e matar. Érika se encolhe em um dos cantos do quarto e eu
Me ponho em defesa e espero ele se aproximar. Fico de olho na arma dele.
- O que está acontecendo com você Rudolf ?- Pergunto tentando acalmá-lo - Você não era assim. Sempre foi amável!
-Também não estou te reconhecendo , Rud !- falou Érika se encolhendo.
-Sempre fui assim e...- sorri -Apenas tentava ser o mais ameno possível!
Um soldado entra rápido e Rudolf em um movimento rápido o acerta. Corro até o soldado que se esvai em sangue e vejo que está morrendo. O rosto de Rudolf está transfigurado. Eu me abaixo até o soldado e, sem que Rudolf perceba, toco na luger do soldado e a puxo com extrema violência. Rudolf por ser militar dispara uma, duas, tres vezes e eu pulando feito uma gata . Érika vê que uma arma está caída no chão e a pega .
- Vadia imunda ! - grita ele.Gritou ele o que foi suas últimas palavras pois, Érika descarrega a arma no peito dele, que tomba feito um lixo descartado
- O que está acontecendo aí - Grita alguém da outra sala.- fala aí Rudolf!
Vou até o corpo já inerte de Rudolf e pego um carregador cheio e entrego
para Érika que substitui o vazio e me aponta outra arma no chão.
- Rudolf foi baleado por um soldado que entrou aqui nervoso - grito .
O soldado entra rápido e eu o empurro saindo logo após Érika fazer um
disparo no peito dele . Ela sai e fecho a porta. Na sala há 2 soldados que ficam com ar de abestalhados sem entender o que está acontecendo. Disparo contra os 2 que pulam no chão se esquivando dos tiros. Então saio da sala correndo e vou para a cozinha com um soldado comendo algo. Disparo antes que reaja. Acerto-o na barriga e ele geme. Deixo a cozinha e vou para o quintal. Érika me cobre e depois me segue com uma
precisão de soldado. Nós colocamos atrás de árvores.
Tiros vindo da casa quase me acertam. Corro para junto de um carro e faço alguns disparos. Érika faz sinalpara que eu volte para as árvores. Então desaparecemos no mato enquanto soldados se reunem ao lado da casa para entender o que aconteceu. E largamos tudo para trás pois, há
alguém atirando e escuto gritos fazendo alusão a nos persegui . Muitos
tiros ecoam e mais gritos .
- Atrás delas! Matem as duas!
E corremos entre as árvores e somos surpreendidas por uns soldados que
deviam estar treinando pelas redondezas. Ficam sem saber o que fazer e
nós aproveitamos disso para correr mais e mais . Depois mais tiros . Mas
já ganhamos muito chão . Érika começa a chorar copiosamente.
- Não é hora disso, amiga !
- O quê fizemos? Matamos compatriotas! Vão nos persegui , agora!
- Você me defendeu e eu serei sempre agradecida.
Agora estamos andando pois, corremos muito.
-Vou te confessar uma coisa .- disse Érika parando de chorar - Ele andou
me fazendo mal desde os 12 anos! Fui violada varias vezes por ele e, com
a conivência de meu pai, percebi que tinha que aguentar e acabei ficando
viciada e querendo sempre mais sexo ! Planejava matá-lo algum dia.
Abraço Érika e a afago e ficamos caladas por um tempo e depois voltamos
a andar pois, podem estar nos seguindo.