O diário de Ana Capítulo V

Após ler as palavras de Ana Carlos se derramou em lágrimas, pois voltou para seu próprio passado e notou que o sofrimento que passara era muito semelhante ao dela.

Carlos foi adotado por Estêvão e Mercedes com apenas um ano de idade, conta sua mãe adotiva que o sonho dela era ser mãe e com mais de quatro anos de casada sem conseguir ter filhos resolveu ela e seu esposo adotar um menino realizando também o desejo de Estêvão que queria ter um filho homem.

Os primeiros anos de sua vida foram maravilhosos, até Mercedes descobrir que finalmente estava grávida e Carlos nessa época já estava com oito anos.

Então ele percebeu um afastamento notório por parte de Estêvão que se revelou adverso a ele com o nascimento de uma nova criança.

Desde esse momento a vida se mostrou injusta a Carlos devido ao tratamento de seu pai adotivo pois esse ordenou que Carlos dormisse no sótão, para que o bebê ficasse em definitivo no quarto que antes pertencia a ele.

A mãe percebendo as atitudes de Estêvão quis conversar com ele para ser mais maleável com o garoto, mas ele a ofendeu com palavras e quis por sua vez mostrar toda a sua autoridade e dominação sobre aquela casa, Mercedes então abaixou a cabeça e naquele dia por definitivo Carlos foi tomado de medo e raiva por Estêvão.

O tempo foi passando e a criança foi crescendo, Carlos se sentia muito sozinho, principalmente por que não podia chegar perto seu irmão.

O agora irmão de Carlos, Lucas, tinha tudo, as melhores roupas, sapatos, brinquedos e chapéus.

Até na escola seu irmão era o destaque deixando Carlos sempre para trás.

Engraçado dizer que Carlos não sentia raiva do irmão, pelo contrário, queria por vezes brincar com ele, conversar, rir ou qualquer coisa do tipo. Foi quando um dia na escola um garoto muito maior que Lucas infezou-se com ele e queria esbofeta-lo no final da aula. Carlos bravamente defendeu o irmão fazendo com que esse o honrasse pelo seu gesto. Desde então os dois se tornaram mais que Irmãos, amigos de fato, porém próximo a Estêvão não podiam se comunicar, por isso desenvolveram códigos de gestos e olhares para que seu pai não percebesse a união que ambos selaram.

Continua...

Patrícia Onofre
Enviado por Patrícia Onofre em 20/12/2018
Reeditado em 22/10/2019
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