O poeta e o diabo
Texto - Acima de qualquer suspeita - O poeta e o diabo
Cena XXIII
Cenário – Na praça central, sentados em um banco, próximo a fonte de àgua, estão a Mãe de Berta e Fred.
Berta – ( em espírito lê a carta que deixou para sua mãe e seu amor Fred)"Naquela noite, estava tudo tão perfeito que meu coração só tinha um desejo: Que o tempo parasse! Bem aqui, com esta velha arvore nos observando. A lua, brilhante, bela, sorrindo para nós, cúmplice de nosso afeto. Cúmplice do amor que eu sentia, da paz de um amor inocente, terno, igual passarinho no ninho. É, passarinho criança fica no ninho, esperando a volta de sua mãe, que lhe trás alimento e proteção, são inocentes, não conhecem as armadilhas do mundo. O tempo poderia ter parado naquela noite, uma noite clara e iluminada. Eu estava feliz, mas não parou. O tempo não parou. Talvez no fundo de meu ser eu já soubesse o que viria á partir daquela noite. Minha escolha, minhas escolhas... E ganhei mais dias e noites, mais tempo... Será que ganhei? Não... Tinha em minhas mãos a chave de meu destino. Era só seguir outro caminho. Escolhi o caminho que a primeira vista me parecia fácil, mas não foi. Este caminho me levou ao fundo do poço. Eu fui ao inferno e voltei, carrego comigo as marcas e lembranças daquele lugar, daquelas pessoas... Lembranças pesadas demais para suportar, esquecer... Eu queria muito esquecer e seguir em frente. Meu corpo e minha alma agora sofrem a dor de meus últimos dias. Não dá para contar. Perdi minha inocência. Perdi a vontade da vida. E hoje, eu parei o tempo. Eu parei o Senhor Tempo. Coloquei um fim nele. A vida indo embora, com um fio de sangue que cai, feito rio que passa, suas aguas não voltam a passar, nunca mais... Adeus! Perdão minha mãe, perdão meu amor...
Fim.
Rose Tureck