AMANDA IV - O PASSADO BATE À PORTA III - PARTE 2

II – O PASSADO BATE À PORTA

Júlio César e Mariana continuavam dormindo. Marco se sentou na cabeceira da cama, junto do afilhado e ficou olhando para ele, pensativo. Deitou a cabeça no travesseiro que protegia o menino de cair da cama e apagou por alguns segundos. Acordou com Júlio tocando seu rosto, ainda deitado. O menino chamava por ele.

- Papa...

Marco acordou e levantou-se esfregando os olhos. Júlio levantou-se também e repetia, mais por gostar do som que fazia e por gostar de ouvir isso saindo de sua boca, do que por ter noção do que estava dizendo.

- Júlio, eu não sou o papai. Você tem que parar de fazer isso ou o Aldo vai ficar muito zangado comigo.

- Papa... papa... papa... ele insistia.

- Tanta coisa pra começar a dizer e você me vem logo com isso? Não é mais gostoso falar mamãe... não... gostosa? Eu sou seu padrinho, cara. Fala dindo. Eu sou só seu dindo.

O menino pulava na cama apoiado em Marco, enquanto repetia a palavra. Acabou caindo deitado no colo de Marco que começou a fazer cócegas em sua barriga.

- É difícil falar dindo, né? Mas para com isso, panaquinha! Perdeu a graça. Teu pai me mata, safadinho.

Júlio ria alto e gostoso e acabou por acordar Mariana que começou a chorar no berço.

- Olha aí, viu o que você fez? Acordou a Mari.

Marco foi pegar a irmã no colo e a colocou deitada na cama dos pais. Júlio sentou na cama e ficou olhando para a menina.

- Gotosa...

- É, lembrou disso, não é? Mas o nome dela é Mariana. Mais respeito com a minha irmã, Dom Ruan.

- Gotosa... Júlio repetiu, apontando para a bebê.

- É, você é bem filho do André mesmo... ele disse em voz baixa.

Amanda apareceu no quarto, vestindo um short e uma camiseta regata e enxugando os cabelos.

- Olha aí, Júlio. Chegou a minha gostosa...

Amanda sentou-se na cama e perguntou:

- Você está falando com quem?

- Com o Júlio, quem mais?

- O Júlio não fala, amor, ela disse, rindo.

- Fala, sim. Só o que não deve, mas fala. Me chamou de “papa” de novo, chama minha irmã de “gotosa” e por aí afora. Ele é bem filho do André.

- Coitadinho, ela disse, pegando Mariana no colo. - Você acordou, minha princesa? Esses dois feios acordaram você, foi, bebê?

Amanda beijou a cunhadinha no rosto.

- Você já reparou que a gente está fazendo um curso intensivo de treinamento pra quando nossos gêmeos chegarem? - ele disse.

- Você quer ter gêmeos logo de cara, mesmo, Marco? É sério isso?

- Não, ele respondeu, sorrindo. - Não faço questão de nada em especial, nem menino, nem menina, nem gêmeos. Eu só quero ter um filho com você. Pra começar.

- Sua mãe pediu pra gente ter paciência.

- Eu sei, ela falou pra mim também, mas e a noite da volta de Campos do Jordão? E se você já estiver grávida?

- Está muito cedo ainda pra eu sentir alguma coisa. Em uma semana ou duas pode até ser, mas ainda é cedo. Não vamos ficar pensando muito nisso. Às vezes nem aconteceu nada...

Júlio desceu da cama e Marco perguntou:

- Aonde você vai, cara? Volta aqui.

Júlio foi engatinhando até o berço de Mariana e ficou em pé, apoiando-se nele para pegar um chocalho da menina que estava dentro do berço. Depois ficou balançando o brinquedo e ouvindo o barulho que ele fazia, ainda em pé. Marco deitou-se de bruços na cama e o chamou, estendendo a mão.

- Vem aqui, Júlio.

O menino quis pegar a mão dele, mas estava longe dela e o chocalho o impedia de segurá-la, porque a outra mão o mantinha seguro no berço. Marco conseguiu pegar o chocalho da mão do menino, mas ele resmungou.

- Vem, pega de novo! Pega!

Júlio já tinha perdido o medo de se arriscar sozinho e andou até ele, pegando o chocalho e sorrindo, feliz da vida, apoiando-se na cama.

Marco o encheu de beijos e olhou para Amanda, sorrindo.

- E você ainda estranha por que ele te chama de papa... ela disse, sorrindo também.

- Nada a ver. O pai dele é o Aldo.

- Então tá! - ela deu de ombros, colocou Mariana no berço e continuou a enxugar os cabelos.

- Você está querendo dizer o quê? Eu nunca tive nada com a Débora, amor!

Amanda riu.

- Não falei nada sobre isso, calma! Que bobo! É que eu já li sobre... Você já ouviu falar em reencarnação?

- Hum... Já, muito pouco, mas já. O que é que tem?

- Você acredita?

Marco colocou Júlio em cima da cama novamente e respondeu:

- Acredito. Eu sempre falei sobre isso quando me referia a você e eu. Eu sempre disse que você tinha nascido pra mim, porque seu nome estava escrito nas estrelas quando eu nasci. Lembra?

Ela sentou na cama e balançou a cabeça, sorrindo, emocionada. Marco forçou o corpo para frente e a beijou, apaixonado.

- Mas e daí? O que isso tem a ver com o Júlio e eu? Que ele talvez tenha nascido pra ser filho do Aldo e não do André? Está na cara que o pai dele de coração e de alma é o Aldo. A gente percebeu isso desde o dia em que ele nasceu. Pelo jeito que o Aldo olhou pra ele...

- Mas pode ser sido você em algum lugar do cosmos.

- É... não vou discutir com você, porque o assunto é mais complexo do que possa questionar nossa vã filosofia, mas...

Marco ficou sério, olhando para Júlio, e se lembrou de Rita e do impasse que tinha com ela e Roni.

O PASSADO BATE À PORTA

PARTE II

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS, AMÉM!

SEJAMOS, TODOS, LUZES NO MUNDO E SAL DA TERRA!

OBRIGADA SEMPRE

Velucy
Enviado por Velucy em 29/11/2018
Código do texto: T6514592
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