AMANDA IV - O PASSADO BATE À PORTA III - PARTE 1

I – O PASSADO BATE NA PORTA

Uma hora depois, a campainha tocou e Marco imaginou que fosse Rita, voltando com as roupas que ele tinha pedido. Realmente era ela.

- Eu trouxe roupas leves pra não fazer muito volume pra levar de volta, mas acho que é suficiente pros dois, ela disse.

- Obrigado, boa ideia. Ei, o que é que você tem, Rita? - ele pegou a mão dela. - Você está estranha. Nunca te vi assim. Está preocupada com alguma coisa?

Rita baixou os olhos e balançou a cabeça, negando.

- Não é nada. Preocupação boba minha...

- Preocupação com o quê? Entra, me conta.

Ele a fez entrar na casa e sentar-se, sentando-se também a seu lado.

- Eu não queria te preocupar com isso, Marco. Você já passou por tanta coisa hoje...

- Diz, o que foi que aconteceu?

Rita respirou fundo e começou.

- O Roni...

- Que tem ele?

- Ele me veio com uma história ontem... Ele está muito zangado com a gente ainda, Marco.

- Problema dele. O errado nessa história é ele, Rita. É ele que está assediando a Amanda sendo ela uma mulher casada! Foi isso que você conversou com ele, não foi?

- Foi, mas... depois que a Amanda saiu da sala, ele...

- Ele o quê?

- Ele me veio com uma conversa de que... vai contar pra ela... que a gente tem um caso.

- O quê?!

- Eu não sei de onde é que ele tirou isso, Marco. Deve ser inveja pelo jeito que eu trato você. O amor que eu tenho por você e pela Amanda. A nossa relação tão gostosa, tão próxima...

- Mas o que é que esse cara tem na cabeça? De onde é que ele tirou isso?

- Não faço ideia. Mas eu estou apavorada.

- Essa história não tem fundamento, Rita! Ele não tem como provar uma coisa dessas! Eu não tive nem tenho caso com você! Que sandice é essa?

- Ele falou que não precisa de provas. Segundo ele, qualquer pessoa pode deduzir isso observando o jeito que eu te trato, o jeito que eu falo com você...

- A gente é parente, caramba! Você é minha prima!

Rita começou a chorar. Marco foi abraçá-la, mas ela se afastou dele, levantando-se.

- Não faz isso.

- Rita!

- A gente vai ter que evitar esse tipo de efusividade, ainda mais diante das pessoas.

- Mas por quê? A gente está sozinho agora.

- Vamos ter que nos acostumar a isso, sozinhos também. Eu não quero perder meu marido e não quero que você venha a se separar da Amanda... por conta disso.

- Mas isso é um absurdo! Eu amo você como amo a minha mãe!

- Mas ele não entende isso. Ele nem quer saber disso, porque ele não conhece esse tipo de sentimento, Marco. E se ele pensa assim, sem motivo nenhum plausível, imagine o que faria se soubesse o que aconteceu com a gente no início do ano?

- Aquilo só teve importância pra nós dois. Não teve peso nenhum na nossa relação com as pessoas que a gente ama de verdade...

- Eu sei e tem que continuar assim... Por favor, não vamos facilitar as coisas pra ele, Marco. Eu te amo demais pra te ver infeliz sem a Amanda. E eu amo demais meu marido pra viver infeliz sem ele.

Marco ficou em silêncio.

- Eu vou indo... Tchau, até segunda.

Ela deu as costas e saiu. Marco ficou sem chão. Fechou a porta e foi sentar-se no sofá, sem saber o que fazer. Amanda apareceu na sala e ao vê-lo sentado lá, sozinho, estranhou.

- O que foi? O que você está fazendo aqui, sozinho, amor?

Ele olhou para ela parecendo que a via pela primeira vez e respondeu:

- Nada... Eu...

- Foi impressão minha ou alguém esteve aqui? Que sacola é essa?

- Foi... a Rita... trouxe pra gente. Ela... fez o favor de passar lá no apartamento e pegar. A gente vai precisar.

- Que bom! Eu vou mesmo tomar um banho e ver se eu consigo relaxar de verdade. Me sinto como se tivesse cinquenta anos de idade. Você fica de olho nas crianças pra mim?

- Fico...

- Você está bem? - ela perguntou, passando a mão em sua testa.

- Com um pouquinho de dor de cabeça, ele respondeu, pegando sua mão e beijando-a.

- Quer que eu pegue uma aspirina? Estava demorando pra você sentir alguma coisa. O que a gente tem feito de ontem pra hoje abala qualquer organismo.

- Eu pego a aspirina. Vai tomar seu banho.

- Está tudo bem mesmo? Estou te achando meio estranho...

Marco a beijou demoradamente e perguntou:

- Você acredita que eu te amo?

Amanda sorriu, acariciando seu rosto.

- Que pergunta boba é essa? Está acontecendo alguma coisa, Marco?

- Não... é besteira minha. Eu estou só cansado, muito cansado. Vai tomar seu banho, vai. Eu olho as crianças.

- Depois você vai também.

Ela ficou olhando para ele séria e pegou a sacola, indo para o banheiro. Marco colocou as mãos no rosto e encostou-se no sofá. Não acreditava que tivesse aparecido em sua vida outra versão de Otávio que pudesse separá-lo de Amanda.

Levantou-se e foi para o quarto dos pais, afinal tinha que estar de cabeça fria para pensar no que ia fazer sobre aquela situação. Tinha que pensar em como ia encarar Roni na segunda-feira.

O PASSADO BATE À PORTA

PARTE I

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS

SEJAMOS, TODOS, LUZES NO MUNDO E SAL DA TERRA!

OBRIGADA SEMPRE

Velucy
Enviado por Velucy em 28/11/2018
Código do texto: T6514149
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.