"FEDRA DEPOIS DA QUEDA"

TEXTO PARA TEATRO

SEQUÊNCIA APÓS ATO I:

ATO II

FEDRA (na mais plena escuridão, a vagar)

Aqui, mais denso tudo faz-se,

com ar, enfim, muitíssimo mais pesado…

Conquanto as demoníacas queres não mais afligiram-me,

o que, pois, aguarda-me,

caso não mais venham mesmo torturar-me?

Faz-se a trégua benfazeja,

inda que tal adjetivo, ironicamente soe!

No entanto,

no absoluto silêncio suportar-me,

faz-se mesmo como almejada e encontrada paz!

Ai que até o sono me vem,

tranquilizador e profundamente amigo…

Como pode isto ser, não sei,

porquanto o apaziguar é tanto,

que temo mesmo por tão breve vendaval,

pela mais abominável tempestade, ó sorte!

(assenta-se ela, na própria escuridão recostando-se)

Um grande torpor me vem,

com intensa e profunda sonolência fazendo-me confundir!

Ai que não resisto,

ao sono, completamente, entregando-me!

Para o lado, inclina a cabeça, adormecendo. Uma suave voz lhe vem.

DOLOS (somente em voz)

Fedra! Ó doce rainha Fedra!

FEDRA (despertando)

Alguém me chama?

Pois parece-me que tão doce e suave voz

aos meus ouvidos, pronunciou-se…

DOLOS

Certamente, rainha, minha doce rainha,

enfim, encontrei-a!

FEDRA

Ó silêncio rompido!

Foi-se a tão passageira trégua

para, uma vez mais, à ironia, lugar ceder!

DOLOS

Oh, não, minha rainha,

livre-se disso!

Não há lugar para ironias, ó não,

senão para júbilo e gôzo!

FEDRA

Então, apresente-se a mim,

jubilosamente e no mais pleno regozijo!

Por qual razão oculta-se

se de júbilo e gôzo trata-se a sua presença,

ó mais misterioso ser?

Tempo não desejaria eu perder,

de forma alguma, de maneira nenhuma!

Contudo, se assim me é devido,

o que posso eu fazer

se, em verdade, nada mais posso, pois, fazer,

senão, a tudo o que aguarda-me,

submeter-me?

Seja, portanto, quem vier a ser,

faça, enfim, o que vier a fazer,

eis-me aqui,

ao bel-prazer das divindades!

DOLOS (a ela, como Hipólito apresentando-se)

Então, a mim não resista,

pois, enfim, após muito penar,

encontrei-a, Fedra, minha amada rainha!

FEDRA

Enfim, de mim,

completamente apoderou-se a insanidade,

venho em pleno delírio encontrar-me!

Ou, então, vez após vez,

uma vez mais, portanto,

sarcástica e odiosamente,

de mim zombam os deuses!

Eis, assim, que diante de minha sentença,

então, já encontro-me:

eternamente escarnecida ser

da forma mais malditamente cruel existente!

DOLOS

Ó bela rainha!

Sua sentença, em verdade,

mais ditosa e venturosa não poderia ser:

ou engano-me com tais dizeres,

à mais angustiante solidão devendo recolher-me?

Não vê, ó rainha,

que diante de sua presença, Hipólito está?

Ou devo mesmo abandoná-la,

à mais absoluta tristeza entregando-me?

Seria este seu verdadeiro desejo

ou, então, não crê que,

diante de sua apaixonante presença, encontro-me,

eu, Hipólito,

a quem avassaladoramente apaixonada revelou-se?

É isto, minha rainha, é isto?

FEDRA (dele aproximando-se, desejosa de seu rosto tocar, no entanto, tentando, porém, não atrevendo-se)

A doce voz é de Hipólito,

a beleza e a virilidade, não menos o são,

o cheiro e a presença…

contudo, como pode ser você, ó príncipe?

Porquanto, com tais dizeres,

revela-se a mim, encantadoramente amoroso,

em vez de repudiar-me,

jamais desejoso de ver-me outra vez!

Amável, a mim, demonstra-se

como se amável, em todo o tempo,

a você, tivesse sido minha pessoa!

É isto mesmo? Ou, volto a referir:

deliro eu? Completamente insana tornei-me?

DOLOS

Então, insano encontro-me eu,

perdidamente, loucamente apaixonado!

FEDRA (bruscamente, dele distanciando-se)

Não! Você não pode ser Hipólito!

Poderia o coração do jovem príncipe

não levá-lo ao rancor e ao ódio por minha torpe pessoa,

contudo, revelar-se por mim apaixonado?

Ai que, absolutamente insana, mesmo fiquei,

tampouco com isto surpreendo-me,

já que da insanidade, em toda sua completude,

intrínseca parte eu já fazia porquanto,

diante de mim, o jovem príncipe encontrar-se,

tão somente fascinante miragem mesmo faz-se!

DOLOS

Fedra, minha rainha,

sei que muito sofrera por conta de tudo o que aconteceu,

no entanto,

não menos sofri eu

porquanto por todo o seu ser, também, apaixonei-me!

Sim, bela rainha,

meu mais intenso e fatal sofrimento,

sem que disso você sequer desconfiasse,

fôra, também, pela avassaladora paixão,

completamente abarcado

como as águas do oceano, as profundezas do próprio oceano,

plenamente abarcam! Por respeito a meu pai, calei-me!

Viva alma jamais saberia dos ardentes desejos de meu coração!

Tão somente os deuses, profundamente, os sabiam

e ninguém mais, senão eu mesmo!

Calado sofri, calado morri!

A coragem a qual arrebatou-a, a mim declarando-se,

não tive eu!

Às caças, a coragem a mim dobrava-se!

No entanto, quando em meu coração, por você, ó nobre rainha,

a paixão despertou-se, à mais completa e absoluta covardia,

dobrei-me eu!

Corajosa ousadia não abarcou-me para tudo e para todos

eu enfrentar e, enfim, apaixonadamente amá-la!

Agora, que, admirável e prodigiosamente, a reencontro,

para mim faz-se mesmo como um esplendoroso sonho,

contudo, envergonhado,

(a ela, dobra-se ele)

o que me resta, é pedir-lhe perdão,

inda que não o mereça, absolutamente!

FEDRA (para ele correndo e fazendo-o levantar-se)

Oh, não! Não faça isso, mais ilibado príncipe!

Não impute sobre você a vergonha e o mal os quais

tão somente a mim cabem!

Não sou ninguém para, por suas virtudes,

sequer mesmo em ligeiro pensamento, abarcada ser!

Digna jamais serei, em tempo algum, ó retidão!,

de nem mesmo uma só nobre atitude sua!

Mereço, eu sim, os piores castigos,

a mais justa condenação com a mais aterradora punição!

Se algum espaço, porventura, houver,

para algum pedido de perdão, sou eu, portanto,

quem lhe peço, na mais sincera humildade, perdão, ai jovem príncipe!

Antes, não existisse Fedra

para que o mundo dos vivos ainda mais maculado não fosse!,

e o reino dos mortos, criatura tão ignóbil, não recebesse!

(sem que ela jamais esperasse, apaixonadamente ele a beija)

Oh...! Não pode ser verdade...

De nada disso, merecedora eu sou!

DOLOS

Não apenas disso, como de todo o meu amor por você,

minha mais amada rainha!

FEDRA

Então, beije-me uma vez mais, tão amável príncipe!

DOLOS

Não sou digno de ouvir o meu próprio nome,

com sua doce voz pronunciando-o?

FEDRA

Doce é sua voz, Hipólito, meu amado e terno Hipólito!

DOLOS

Repita...

FEDRA

Doce é sua voz, meu amado e terno Hipólito!

DOLOS

Deseja por mim ser beijada?

FEDRA

Tanto quanto desejo nunca mais deixar de vê-lo,

ó cavalheiresco e gentil Hipólito!

DOLOS

Deseja-me para sempre ao seu lado?

FEDRA

Em tempo algum, desejo maior, não tive!

DOLOS

Feliz está?

FEDRA

Não apenas estou...

Ai que posso afirmar, com todas as letras,

aqui ou em qual lugar for,

que não somente feliz estou, senão que feliz eu sou!

DOLOS

Muito alegra-me, feliz rainha, muito alegra-me!

FEDRA

Posso, então, pedir que me beije?

DOLOS

Peça...

FEDRA

Ai, beije-me, meu belo Hipólito!

DOLOS

Com uma condição...

FEDRA

Diga-a, sem mais demora!

DOLOS

Desnude-se, Fedra!

FEDRA

Ai desejado sonho, o mais real!

Ao som da “Dança Árabe da Suíte O Quebra Nozes”, de P.I. Tchaikovsky (versão sugerida: com “The London Festival Orchestra, Henry Adolph") para ele, aos poucos, sedutoramente dançando vai, até ficar completamente nua. Entretanto, como num passe de mágica, não mais o vê. Então, ouve Fedra uma sarcástica gargalhada.

DOLOS

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

FEDRA (rapidamente, seus trajes pegando e seu corpo, com eles cobrindo)

Desolação!

O que, portanto, aconteceu?!

Para onde Hipólito foi-se?!

Fedra, a loucura, verdadeira e completamente, de você assenhoreia-se!

No entanto,

tão real tudo fazia-se...

Ai tortura a qual me toma para de mim não mais apartar-se!

Hipólito, príncipe em toda retidão,

o que de você, realmente, é? Sofre, quando sofrer não deveria?

Ai que isto é o que mais aflige-me!

Sofra eu o sofrimento qual for, a mais abominável punição!

No entanto,

de todo e qualquer sofrimento, seja Hipólito poupado!

Seria isto possível, ó deuses? Seria isto possível?

DOLOS (diante de Fedra surge, com os mesmos corpo e trajes dantes, como Hipólito, porém, com sua verdadeira face)

Certamente que não, doidivanas!

FEDRA

Ó mais repugnante asco!

DOLOS

Por mim ou por você, delirante espectro?

FEDRA

Por mim e por tudo!

DOLOS

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Sua tola e cega!

Iludida rainha de coração tão insano...

Chegou mesmo a crédito dar,

pensando que o sofrido príncipe diante de você encontrava-se?

Enganosa ilusão... Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Como, diante de um tão odioso ser,

apresentar-se pode tão inocente jovem?

Acreditou mesmo que o coração do ilibado príncipe,

por você, mais asquerosa criatura, em idílica paixão despertar-se-ia?

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Desprezível e patética figura faz-se você, ó Fedra,

rainha do mais amargo abandono!

nada enxerga mesmo, senão a mais falsa imagem a qual

de si mesma faz, grotesca alma!

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Grotesca alma em eterna ilusão, renitente!

O abandono, o desdém, o desprêzo e a rejeição,

não vê que, ao jovem príncipe, elementos do mais completo repúdio,

por você são? Acaso, de plena idiotia, sofre, estúpida Fedra?

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Ó mais execrável e repulsivo ser!

Diante de Dolos encontra-se e não de Hipólito, insensata!

O ardil, a fraude, o engano, a astúcia, as malícias,

as artimanhas e as más ações eu sou!

De Ate, a ruína, e de Apate, a traição, companheiro faço-me!

Filho do Érebo e de Nix, da caixa de Pandora escapei,

entre os homens passando a morar

e pelas mentiras, acompanhado!

Assim, diante de você surgi porquanto,

somente de mentiras, cercada esteve e,

exatamente, dessa maneira,

por toda eternidade, prosseguirá!

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

(sobrevoando Fedra, saindo vai)

Vergonhosa! Lasciva e imunda! Vista-se!

Pois nem mesmo o mais vil dos seres desejá-la-ia!

A menos que seja este, você mesma,

vez o mais desprezível ser, outro não poderia haver

além de você mesma, odiosa!

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

FEDRA (ainda com seus trajes ao longo de seu corpo sobrepondo)

Lamentação mais infinita!

Ao meu redor, tudo gira como se, da mais absoluta loucura

fosse eu filha única!

(assentando-se e, ainda sobre o corpo, seus trajes segurando)

Sinto-me mesmo como um reles espectro,

um rastejante verme o qual,

portanto, sobre seu próprio mal rasteja!

Serpente asquerosa eu me faço!

Ai ironia maldita!

Conquanto filha de um homem tão corretamente justo

e neta do próprio Sol,

pelo qual meu nome, brilho luminoso significa,

mais trevosa do que as próprias trevas eu sou

e à mais odiosa perversidade escancaro-me!

Ai mais tenebroso ser!

Conquanto de mim mesma deseje fugir e não mais existir,

tanto mais suportar-me eu devo

e tanto mais a aflição e o tormento,

à absoluta angústia unidos,

infinitos tornam-se

porquanto muitíssimo sei e muitíssimo vejo,

evidenciando que, dessa forma,

eternamente encontrar-me-ei mesmo!

Ai fraqueza! Ai exaustão!

Nada mais eu temo!

Da loucura e insanidade, desejo amiga e confidente ser,

se é que, completa e plenamente,

insana eu já não esteja mesmo!

Sem que trégua possa mesmo haver, sombria voz, novamente, Fedra ouve.

ALECTO (somente em voz)

Completamente... Plenamente... Absolutamente, Fedra!

FEDRA

Acaso é a própria loucura quem a mim vem

a fim de, enfim,

as mãos darmos para, amigas íntimas, sermos?

ALECTO

Não apenas as mãos, como o ser todo, Fedra!

FEDRA

Faça de mim o que vier aprazer-lhe

porquanto executado, o mal já fôra,

em toda sua mais absoluta completude,

mesmo porque, do absoluto mal, outro ser não seria eu

senão sua perfeita alma gêmea!

ALECTO

Do mais absoluto mal o qual

a mais absoluta insanidade abarca, Fedra!

Sou Alecto, a implacável,

eternamente encolerizada, uma das erínias!

De castigar os delitos morais, encarrego-me, ó mais imoral alma!

Pestes e maldições, eu espalho!

Sem jamais parar, segui-la-ei, maldita!

MEGERA (somente em voz)

Não menos eu, Megera,

erínia do rancor, da inveja, da cobiça e do ciúme,

da mesma forma, também, farei!

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Muitíssimo mais o farei, traidora e adúltera Fedra!

Porquanto, principalmente,

os delitos contra o matrimônio, em especial a infidelidade,

venho eu castigar!

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Com absoluta sanha, persegui-la-ei, fazendo-a, eternamente, fugir!

Das faltas as quais cometera,

aqui, lembrá-la-ei, em todo o tempo, nos seus ouvidos, ó criminosa!

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Jamais suas faltas, por você, esquecidas serão...

Não, decrépita traidora, não mais esquecê-las-á!

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

TISÍFONE (somente em voz)

Oh, deixem-me espaço, também...

Afinal, tal qual vocês duas, deveras sou vingativa!

Sim, de todos os que, assassinato, cometeram, vingo eu, pois não?

Por isso, sou Tisífone!

Os culpados eu açoito, enlouquecendo-os!

Ai como não haveria, então, para mim, espaço?

Perfeito, rainha! Enlouquecê-la-ei!

As três erínias riem, sarcasticamente.

ALECTO, MEGERA, TISÍFONE

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

FEDRA

Tornei-me mesmo tal qual um banquete!

Sou tão especial assim?

As três erínias, diante de Fedra, surgem.

TISÍFONE

Eu, Tisífone, mostrar-lhe-ei, ó mais dorida rainha:

(com seu açoite extremamente pungente, açoita Fedra)

Especialíssima!

FEDRA (de dor, gritando)

Ah! Flagele-me, desgraçada, flagele-me!

MEGERA (aos ouvidos de Fedra)

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Eu, Megera, assim lhe chamo: assassina!

ALECTO (com uma incandescente tocha acesa sobre o rosto de Fedra)

E eu, Alecto, assim lhe falo:

sua frustração, ó colérica!, o eterno e tormentoso destino

para o tão casto Hipólito causou!

Em cena, adentram as queres, ainda mais a aflição e o tomento de Fedra aumentando.

KER

Portanto, voltei:

uma das queres, Ker! Ó destino completamente destrutivo!

ANAPLEKTE

Não menos eu, Anaplekte, também aflijo-a:

sofre o jovem o mais angustiante tormento

e a mais abominável aflição!

STYGERE

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

Enquanto encontra-se você aí, ó rainha, digo eu, Stygere:

na mais absoluta tranquilidade!

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

POINÊ

Eu, Poinê, também, voltei...

Suma, desgraçada, suma! Oh, não, faz-se isto impossível!

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

HÍBRYS

Com todo o meu furor, eu, Híbrys, inquiro-lhe:

para onde seu nojento orgulho a levou?

Para onde, desprezível e infame, desditosa miserável?! Fale!!!

AKHLYS

Não vê que ela não mais está suportando, Híbrys?

Eu, Akhlys, afirmo que, com seu próprio veneno,

envenenou-se a serpente!!!

Todas as queres e todas as erínias, zombeteiramente, riem.

ANAPLEKTE, AKHLYS, NOSOS, KER, STYGERE, HÍBRYS, LIMOS, POINÊ, ALECTO, MEGERA E TISÍFONE

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

LIMOS

Ainda tem fome, Fedra? De quê?

Diga para mim, Limos:

fome de quê? Ou de quem?

Do seu doce Hipólito,

no mais completo definhar-se, poder você presenciar?!

Todas elas, uma vez mais, em absoluto escárnio, riem.

ANAPLEKTE, AKHLYS, NOSOS, KER, STYGERE, HÍBRYS, LIMOS, POINÊ, ALECTO, MEGERA E TISÍFONE

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

NOSOS

Apodreça, Fedra, apodreça, rainha!

Apodreça e nunca esqueça:

o tempo jamais volta!

Portanto, eternamente martirize-se!

Sim, dessa forma, eu, Nosos, repito:

eternamente martirize-se, ó mais vil e detestável rainha!

ANAPLEKTE, AKHLYS, NOSOS, KER, STYGERE, HÍBRYS, LIMOS, POINÊ, ALECTO, MEGERA E TISÍFONE (em uníssono)

Foi-se o inocente e casto Hipólito,

na esperança de dias melhores, sumindo!

Permanece a perversa e vil madrasta,

com eterno e absoluto remorso a punindo!

(A mesma fala, repetindo vão, até que, completamente exaurida, Fedra desaba, uma vez mais, como que desmaiando)

Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

As cortinas se fecham, os risos prosseguem até diminuírem a intensidade, terminando.