AMANDA II - REVELAÇÃO XIII - PARTE 2
II – REVELAÇÃO
- Mas vocês são duas crianças! - Antônio gritou.
- Calma, Antônio! - disse Laila.
- Calma!? Você já sabia disso? - ele perguntou, voltando-se para a mulher.
- Fiquei sabendo ontem à noite.
- E não me disse nada!? Grande família eu tenho!
- Não exagera, pai. A mãe não tem culpa de nada.
- Você não vai se casar!
- Claro que eu vou, Marco disse, ainda bastante calmo e decidido, o coração batendo feito doido no peito.
- Meu Deus, José, me ajude! Diga alguma coisa! - pediu Antônio ao amigo que estava ainda tonto, olhando para a filha.
- Amanda, você pensou bem no que está fazendo, filha?
- Muito. Eu não faço outra coisa há um ano. Por favor, não diga que não deixa, pai. A gente não quer brigar com vocês. Nós já somos casados.
Amanda ergueu a mão esquerda dela que segura a mão esquerda de Marco mostrando as alianças brilhando nos dedos dos dois.
- Uma maluquice inventada em desespero de causa, disse Antônio. – Uma bobagem romântica que não cabe no final do século vinte!
- Não é maluquice e não é bobagem, pai. Não vulgariza! Eu sabia o que estava fazendo e sei ainda mais agora! Não há nada que me impeça de me casar com a Amanda oficialmente.
- Há o juiz de menores. Ela não tem dezoito ainda!
- Vai ter, dois dias antes do casamento.
- Você perdeu completamente o juízo, Marco Antônio...
- Protesto! - falou Rita. – O Marco é bem mais responsável do que você com a idade dele, priminho.
- Você não se meta, Rita!
- Calma lá, Antônio, interrompeu José. – Esse terreno é meu. Rita, você também sabia disso?
- Há meses, querido. Antes mesmo de me casar com você. Só que, como não era terreno meu, não podia contar pra ninguém, nem pra você, amor.
Marco sorriu sutilmente e baixou os olhos.
- Os pais são sempre os últimos a saber, falou Antônio, ironizando. – Nós estamos perdidos, meu caro.
José aproximou-se de Amanda, tirando a mão dela da de Marco e segurando-a.
- Posso falar com você a sós um minuto, filha?
Amanda olhou para o namorado e depois seguiu o pai que a levou até a cozinha. Antônio aproximou-se de Marco e disse encarando-o bem de perto:
- Você ficou doido!
- Isso ia acontecer, mais cedo ou mais tarde, pai!
- Antes dos vinte e um anos, você não se casa!
- Você tem razão. No cartório, pode ser, o juiz de menores não casa a gente se você impedir; mas o padre Orlando está disposto a fazer a cerimônia e ninguém, a não ser Deus, que já uniu a gente uma vez, vai nos impedir.
Rita intimamente se divertia. Laila se desesperava e beijava a testa da filha, balançando-a levemente.
- Aquele padre gagá! Como, justo ele, pôde incentivar você numa maluquice dessas? Eu vou conversar com ele e se ele insistir em levar isso adiante, eu faço um abaixo assinado para tirá-lo dessa paróquia! E olha que eu tenho clientes suficientes pra me ajudar nisso.
- Antônio! - Laila exclamou. – O padre Orlando está nesta igreja há dez anos! É o melhor padre que nós já tivemos!
- Passou a ser o pior agora. Você não se casa!
Marco olhou para a mãe, pedindo ajuda. Laila colocou a filha nos braços de Rita e aproximou-se do marido.
- Antônio...
- Não venha me pedir por ele, Laila. Eu não vou voltar atrás.
- Mas por quê? Impedir os dois não vai adiantar nada. Eles se amam!
- Se se amam mesmo, podem esperar mais um pouco. Isso é fogo, e não preciso nem adivinhar que é ele que tem culpa nisso!
Rita e Marco se olharam e sorriram um para o outro, mas com um olhar de Antônio voltaram a ficar sérios.
- Pai, fora a nossa idade e seu ciúme, o que mais impede a gente de se casar?
- Eu não estou com ciúme de ninguém, Marco. Que conversa é essa?
- Está sim! - falou Rita.
- Já falei pra você não se meter, Rita!
- Ah, me meto sim, porque a Amanda é minha enteada e quase filha. Eu gosto demais dela e quero vê-la feliz com o meu priminho charmoso e querido aqui! Eu estou do lado deles até o fim! Eles têm esse direito!
- Você vai ter filhos, Rita, e espero que sinta na carne o que estou sentindo.
- Talvez eu sinta sim. Vou ter um filho homem que vai se apaixonar pela sua bonequinha aqui e eu vou ter um ataque histérico de ciúme e dizer que não quero que ele namore nem se case com ela porque é sua filha. Você gostaria de ver um pai rejeitando a sua filha como você está rejeitando a possibilidade de ser o sogro da Amanda?
- Eu não estou rejeitando a Amanda!
- Está sim! Está com medo de que ela não faça o Marco feliz.
- Claro que não é isso! Mas que droga! Ninguém está do meu lado? Laila, me ajude!
- Eu acho que você está exagerando, querido.
- Ele é seu filho também! Dezenove anos não é idade pra um homem se casar!
- É o mesmo que dizer que quarenta e três anos não é idade pra um homem ter filhos; e olha aí você com uma gracinha de uma semana que está aqui no meu colo! - disse Rita.
- Que bobagem! O que tem uma coisa a ver com a outra?
- Tudo! Você não consegue entender a vontade do seu filho, como vai entender a cabeça da Mariana daqui a quinze anos?
Antônio calou-se. Afastou-se de Laila e foi para perto da janela. Marco sentou-se no braço do sofá e olhava para a cozinha, esperando que José e Amanda voltassem logo, já que com o pai a parada estava dura.
REVELAÇÃO
PARTE II
UM EXCELENTE DIA A TODOS
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!