12 - Um Corpo no Matagal
Alguns dias depois do desaparecimento de Wallace, veio a trágica notícia: seu corpo fora encontrado em um matagal, nas proximidades da represa de Vargem das Flores, em estado de decomposição, com picadas de urubus. Foram estes mesmos urubus, que ajudaram a polícia a localizar o corpo. Depois de liberado pelo IML Wallace foi enterrado no Cemitério Nossa Senhora da Glória, acompanhado, basicamente pelos familiares e por alguns vizinhos. Marcelo não compareceu, pois condenava a conduta do irmão caçula. Dona Sônia estava inconsolável, queria de todas as formas que os coveiros abrissem o caixão, para a última despedida, mas fora impedida pelas filhas, pois o estado de decomposição do corpo, não permitia. Como foi, voltou do enterro, amparada pelas filhas. Algumas semanas depois, após ser levada por Edileuza ao centro espírita e receber, por meio de um médium a mensagem do filho, com as palavras a seguir, ficou menos inconformada:
"Minha querida mãezinha, não sofra por minha causa, pois estou em um lugar maravilhoso. Encontrei meu pai e ele tem me orientado com amor e dedicação. Aqui é tudo muito bonito e calmo, tenho amigos bondosos, que se recuperam do uso de drogas. Mãezinha querida, tudo o que nos acontece não é por acaso. Felizmente eu não fiz uso de drogas, mas contribui em sua disseminação. Mãezinha, a morte não existe, apenas passamos para outro estágio, em um processo de evolução. Ainda não sei o que vai acontecer, mas de uma coisa tenho certeza, a vida é preciosa e Deus escreve certo por linhas tortas e a senhora é e sempre será minha mãezinha do coração. Não chore, não me chame, liberte-me. Um beijo carinhoso do seu eterno filho, Wallace".
Assim Dona Sônia passou a frequentar as reuniões do centro, com o genro e a filha, ansiosa pela chegada do primeiro neto, sem saber que um segundo poderia estar a caminho. Edileuza foi quem a consolou nesses dias difíceis, orientando-a espiritualmente.
- Sabe de uma coisa, mãe, em primeiro lugar a vida não acaba com a morte do corpo.
- Compreendo, filha, mas não é justo, meu filho só tinha treze anos. O certo é levar alguém que envelheceu. Deus poderia ter me levado no lugar dele. Assim tão jovem... Acho uma maldade! Preciso ainda de um tempo para entender e aceitar.
- Muitas vezes o bem está onde pensamos ver o mal. A senhora não pode avaliar a justiça divina pela sua. Nada acontece por acaso, tudo tem uma razão de ser. A razão divina é da razão regeneradora. É preferível a morte na encarnação de seus treze anos aos seu vergonhoso comportamento, que dilacera os nossos corações, principalmente o seu, mãe. Deus achou melhor ele não permanecer na terra. Não se queixe, mãe, por Deus tê-lo tirado desse vale de misérias.
- Por enquanto me deixe chorar, mas vai passar.
Próximo Capítulo:
13 - Não Sou Salvador da Pátria
Rapidinho:
Filhos da Terra é uma novela dividida em vinte cinco capítulos. Narra a trajetória de Zenaide, uma ninfeta, que se envolve num mundo do sexo, droga e fúria. A história de uma garota da periferia; pobre, sensual, que sonha com o sucesso. Zenaide e sua família, num turbilhão de sentimentos. Um jornalista, como um anjo de guarda, surge em sua vida. Um amigo, um pai; um amor.
Capa: Berzé; Ilustrações do miolo: Eliana; editoração eletrônica: Fernando Estanislau; impressão: Editora O Lutador - 2009, primeira edição
Agradeço pela leitura e peço a quem encontrar algum erro de gramática ou digitação, por favor, me avise.
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