AMANDA - UM ANEL NUM LAGO GELADO X - PARTE 5
V – UM ANEL NUM LAGO GELADO
Dois seguranças vieram atrás de Marco e o seguraram pelo braço.
- Você não pode ficar aqui, rapaz.
- Por favor, eu preciso... Professor!
Rotemberg ouviu o barulho no corredor e viu Marco pelo vidro da porta. Levantou-se e foi ver o que estava acontecendo, abrindo a porta.
- O que foi?
- Professor, eu preciso ver a Amanda.
Como era avesso a confusões, José pediu aos dois seguranças:
- Ele vai ficar só um minuto. Por favor, está tudo bem.
Os dois homens soltaram Marco e voltaram a seus postos. José olhou para Marco e disse:
- Isso é um hospital, Marco!
- Eu sei... Eu não quero causar confusão. Eu só quero ver a Amanda, professor.
José olhou para o corredor tranquilo e não quis discutir. Entrou no quarto novamente e voltou a sentar-se ao lado da filha, deitada na cama, ainda em seu sono tranquilo.
Marco entrou devagar. Fechou a porta e ficou olhando para Amanda dali mesmo. José disse:
- Eu falei bem claro que não quero você aqui. Esperava que você me respeitasse...
- Eu só quero cinco minutos com ela, professor, por favor!
José levantou-se.
- Você teve tempo suficiente pra ficar com ela e ficou mais do que devia, ou ela não estaria nessa cama agora.
- A culpa não foi minha!
- E de quem foi? O Otávio avisou, não avisou? Não uma, mas várias vezes. Você quis bancar o herói e insistiu. Pois está aí, o que você esperava! Minha filha está meio viva, meio morta, por sua causa!
- Não vou aceitar essa acusação. Eu cheguei a desistir dela naquele maldito encontro e ele ia trazer ela de volta pra casa! Eu não sei o que aconteceu pra dar nisso depois, mas não foi minha culpa! O senhor acha que eu torci pra isso acontecer? Eu preferia não vê-la nunca mais a vê-la assim!
José não disse nada. Passou a mão pela testa e olhou para a filha, tocando sua mão.
- Por favor, acredite em mim, professor. Se eu insisti em ficar com ela... não foi por capricho, não foi por... orgulho, nem pra bancar o herói... Eu amo sua filha, de verdade!
Ainda olhando para Amanda, José falou:
- Eu não tenho mais nada, sabia? Se ela morrer... eu não tenho mais por que continuar vivo...
- Ela vai voltar pro senhor... Eu sei que vai.
José abaixou-se, beijou a filha na testa e, antes de sair do quarto, disse:
- Cinco minutos... Não mais...
José saiu. Marco foi até o pé da cama e ficou olhando para Amanda. Ela tinha um grande curativo enrolado em volta da cabeça e o braço direito enfaixado; depois, ele foi se aproximando da cabeceira devagar. Ele a beijou na testa com lágrimas nos olhos e ficou por uns segundos com o rosto encostado no dela. Quando ergueu-se, pegou sua mão e a beijou no rosto. Ficou um longo tempo olhando para o rosto sereno da moça e disse:
- Por que você não jogou o anel no rio, Mandy?... Pelo menos, eu saberia o que fazer agora, pra trazer você de volta... nem que eu tivesse que me atirar no Tietê... ou no Pinheiros... qualquer lugar...
Ele abaixou-se novamente e encostou o rosto no travesseiro, escondendo-o entre os cabelos dela, recomeçando a chorar.
- Volta pra mim, meu amor!
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No domingo de manhã, Teo apareceu na casa dos Ramalho para ver como o amigo estava. O casal estava tomando o café da manhã e Laila o recebeu com um beijo.
- Bom dia, dona Laila.
- Bom dia, Teo. Quem bom vê-lo aqui. Não devia estar dormindo? Hoje é domingo.
Teo suspirou e sorriu meio forçado.
- O domingo está meio diferente hoje, dona Laila. Não está dando vontade de fazer muita coisa. Posso... entrar?
- Claro! - disse ela, abrindo espaço na porta para ele. - Toma café com a gente. O Antônio já está lá na cozinha.
- Não obrigado. Já tomei. Vim só ver o... Marco. Como é que ele está?
Teo entrou, Laila fechou a porta e ambos foram juntos para a cozinha. Lá o rapaz cumprimentou Antônio que se levantou ao vê-lo entrar.
- Bom dia. Fique a vontade, seo Antônio. Não quero atrapalhar seu café.
- Bom dia, Teo. Está servido a tomar café com a gente?
Os dois apertaram as mãos e Antônio apontou a cadeira vazia à frente dele. Teo se sentou.
- Como está o Marco? Como foi a noite dele?
- Dormiu bem pouco, Antônio respondeu, mastigando um pedaço de pão. – A gente também, porque a Laila não dormiu direito vigiando ele e eu não dormi também por tabela. Acho que ele foi pregar o olho mesmo eram umas três da manhã.
- O pior é que toda vez que a gente ia vê-lo no quarto, ele estava acordado, mas não falava com a gente, não olhava pra ninguém, não chorava, não tinha reação nenhuma. Só ficou lá deitado na cama, olhando pro teto. Foi desesperador.
- Ele parece estar em choque ainda, acrescentou Antônio. – Não quis nem tomar o calmante que demos. Das poucas palavras que disse, algumas delas foram que já estava calmo demais pra situação. Mas eu sei que não é verdade. Eu conheço meu filho.
UM ANEL NUM LAGO GELADO
PARTE V
OBRIGADA E BOM DIA!
SONHAR AINDA É DE GRAÇA!