AMANDA - UM ANEL NUM LAGO GELADO X - PARTE 3
III – UM ANEL NUM LAGO GELADO
Fora da delegacia, Teo, Aldo, Miro, Ângela, Lídia, Bete, Márcio e mais alguns alunos do Terceiro A esperavam por ele. Antônio deixou o filho conversando com os colegas e foi esperá-lo no carro.
- E aí, cara! Como foi? - Teo perguntou.
- Bem... Por que vocês estão aqui?
- A gente também vai prestar depoimento, disse Aldo.
- Por quê? Vocês não fizeram nada!
- A gente só veio pra dizer o que sabe sobre você, a Amanda e o Otávio, disse Miro. – Nada demais, fica tranquilo.
Marco passou a mão pelos cabelos e encostou-se no carro de Teo.
- Menos mau...
- E a Amanda, Marco? Você soube alguma coisa dela? - perguntou Ângela.
Ele só acenou com a cabeça, negando.
- E o Otávio foi preso? - Miro perguntou.
- O Otávio está internado no hospital, falou Teo, olhando para Marco - Tentou se matar... ontem...
- Você sabia, meu pai sabia e ninguém me contou... disse Marco.
- Pra quê? Confundir mais ainda sua cabeça? Eu percebi que você não tinha visto nada, lá do Fusca, aí seu pai me pediu pra não dizer nada. Deixou pro delegado mesmo te dizer.
Marco olhou para Lídia e ela baixou os olhos, constrangida.
- Está feliz, Lídia? Você deve estar torcendo pra Amanda morrer, não?
A moça começou a chorar e afastou-se do grupo, entrando na delegacia.
- A Lídia está bem abalada com tudo isso também, Marco, disse Ângela. - Acho que agora ela aprende a respeitar os sentimentos dos outros e principalmente os seus.
- Meio tarde demais, mas deve servir, pelo menos pra ela... Bom, eu vou embora. Não peguem muito pesado, quando falarem do Otávio pro delegado. Contem só a verdade, nem mais nem menos... por favor.
Bete aproximou-se dele com o rosto molhado e disse:
- Marco, os professores do Segundo A não vão dar aula pra sala deles hoje em respeito ao professor Rotemberg e por causa dessa... tragédia toda... Todo mundo prometeu visitar a Amanda sempre que puder e eu... estou torcendo muito por ela... de coração.
Marco sorriu, com os olhos cheios de água.
- Obrigado, Bete.
Ela o abraçou forte e demoradamente, chorando. Márcio bateu no ombro dele em apoio:
- Conta com a gente pra qualquer coisa, cara. Força.
- Valeu, Márcio.
O grupo todo se afastou e foi também entrando na delegacia e Teo ficou com ele.
Marco foi com Teo para perto do carro do pai e encostou os braços no veículo, olhando para a rua.
- Alguém me diz que isso é um pesadelo, pelo amor de Deus!
- Vamos pra casa, filho.
- Não, me leva pro hospital, pai.
- Mas o Rotemberg falou...
- Não me importa o que ele falou! Ele não pode me proibir de vê-la. Eu só vou aceitar ser culpado de alguma coisa, se ela me disser que eu sou.
- Respeita a vontade dele pelo menos por agora, Marco. Está tudo muito recente e acho que a Amanda não pode nem receber visita, ainda.
- Teu pai tem razão, Marco. Vai pra casa. Tem paciência, disse Teo.
A sexta-feira passou lenta e triste. Marco sentia muita vontade de ver Amanda, mas não reclamou nem chorou mais. Na madrugada de sexta para sábado, não conseguiu dormir direito, pois a todo o momento via em sua frente Otávio lhe apontando a arma e lhe fazendo ameaças.
Na madrugada do domingo, Laila levantou-se para tomar um copo de água e viu luz na cozinha. Ao chegar lá, viu Marco sentado na escada da porta da cozinha que dava para os fundos da casa com um copo de leite na mão.
Ela sentiu o coração se dividir em mil pedaços pela tristeza do filho e aproximou-se dele, sentando-se ao seu lado. Max estava ali perto dele também.
- Está sentindo alguma coisa, meu amor?
Ele olhou para a mãe e sorriu.
- Não. Só não consigo dormir...
- Está frio aqui. Você vai ser resfriar. Vamos pra dentro.
Ele não discutiu. Levantou-se e entrou com ela. Sentou-se à mesa. Laila trancou a porta e foi sentar-se também, diante dele.
- Você está bem mesmo?
- Não... ele respondeu, olhando para o copo. - Ontem e hoje... eu não consigo dormir e quando consigo... sonho com o Otávio... E estou com saudades dela...
- Vou pegar um calmante pra você. Alguém no hospital devia ter receitado alguma coisa. O que você passou também não foi fácil...
- Não precisa...
- Não discuta. Vai te fazer bem.
Laila providenciou o calmante que ele bebeu sem discutir.
UM ANEL NUM LAGO GELADO
PARTE III
OBRIGADA, SEMPRE!
SONHAR AINDA É DE GRAÇA