MANDY - DANÇANDO NAS ESTRELAS IX - PARTE 6
VI – DANÇANDO NAS ESTRELAS
Marco ajeitou-se no banco do carro e pigarreou, meio incomodado com o rumo da conversa.
- Eu perdi minha noite com você por causa da minha mãe, Mandy. Tem certeza de que você quer terminar a noite falando da Bete?
- A gente está falando de você.
Marco respirou fundo, sem olhar para ela e disse:
- Eu tinha quinze anos quando comecei a namorar com ela. Nessa idade, um cara nem pensa muito no que sente ou não por uma garota. Eu pelo menos não pensava. Ela é bonita e gostava de mim e eu queria... namorar... Só isso.
- Vocês... tiveram mesmo algum mais séria, como ela disse? Ela te ensinou mesmo o que fazer no banco de trás de um carro, como você mesmo falou?
- Eu não acho que isso seja importante agora, Amanda. Eu não quero falar sobre isso com você.
Depois de uma pausa, ele olhou para ela, sério. Amanda sustentou seu olhar também.
- O que eu sentia por ela... não chega nem aos pés do que eu sinto por você. Ela não é como você. O que a gente teve foi mais... físico do que emocional. Namorico de criança. Eu te amo.
Ela sorriu, beijou seu rosto e encostou-se no ombro dele. Ficaram em silêncio por um momento.
- Seu pai é que me parece um pouco frio.
- Não é, não. É o jeito dele. Na verdade, ele tem mais ciúmes de mim do que minha mãe, mas não é nada pessoal com você. Ele te adora.
- Você acha?
- Tenho certeza. Ele tem um pouco de cisma por causa do Otávio. Também, depois de tudo que tem acontecido...
- Está perdoado.
Ambos riram.
Já na frente da casa dela, desceram do carro e, no portão, ele perguntou:
- Quer que eu entre?
- Não precisa. A luz está acesa. A Dalva está me esperando.
- Ela é como uma mãe pra você, não é não?
- Se preocupa tanto quanto... mas tem coisas que eu não posso conversar com ela. A Dalva é muito fiel ao meu pai. Foi por isso que ela veio com a gente de Minas. Pra cuidar de mim.
- Entendi...
- Até amanhã, então.
- Até...
Marco a beijou e abriu o portão para ela; depois esperou que ela entrasse na casa, entrou no carro e foi embora.
Não tinha rodado dois quarteirões, quando duas motos, vindas não se sabe de onde, entraram na frente do carro e o fizeram parar a força.
Por sorte a rua estava vazia e Marco não estava correndo. Quando ele parou, mal acabou de sair do susto e os dois motoqueiros, que ele não pode ver os rostos, pois estavam de capacete, desceram das motos e aproximaram-se, cada um de um lado do carro. Eram André e Caio.
- Oi, Marco Antônio do Terceiro A! Boa noite! - falou André. – Desculpa o mau jeito aí, hein?
- Ah, não... de novo não... Marco falou para si mesmo.
- Não fica assustado não. A gente só veio trazer um recadinho do Otávio. Você sabe que quem avisa amigo é e o Otávio quer muito ser seu amigo.
- Tô sabendo. Que recado?
- Ele mandou te avisar que, ontem, foi o pneu dessa gracinha negra que foi pras cucuias. É um belo carro, não é não, Caio?
- Lindão! E vai depender só de você pra ele continuar inteiro e bonitinho assim. Deixa a Amanda ou o carrinho do seu papai... vai ficar tão amassado... que nem o ferro velho vai querer comprar. Entendeu?
- Eu só queria entender qual é a de vocês dois. Quanto o Otávio paga pra vocês lamberem o pé dele e o chão que ele pisa?
- Amizade, cara! - disse André, colocando a mão no pescoço de Marco. - Já ouviu falar?
Marco sentiu a pressão da mão dele na garganta, mas conseguiu falar:
- Uma amizade de vai acabar levando vocês dois pra cadeia, junto com ele...
- Você quebrou a cara dele inteira e está livre. Por que a gente seria preso? Temos a mesma idade, garotão.
- Eu não fiz nada que ele não tivesse merecido, Marco falou, tirando a mão dele de seu pescoço, com força. - E vocês não vão ter dezessete anos a vida inteira. Um dia a casa cai. E eu nunca fiz nada pra vocês. Foi só esse panaca vir pro Paralelo e vocês começaram a agir como se eu fosse o inimigo público número um do colégio.
- Você roubou a garota dele.
- Eu não roubei nada de ninguém! Vocês dois sabem disso melhor que eu. Vocês foram doutrinados pelo Otávio contra mim por uma causa perdida. A Amanda não gosta mais dele. Ele está brigando por uma coisa que nunca mais vai poder ter e vocês estão nessa de bobeira.
- Sem conversa, cara. A gente não veio aqui pra conversar com você. O recado está dado. Ou você deixa a Amanda ou vai ter que se explicar com o seu velho por causa dessa belezinha.
- Boa sorte! - falou Caio.
Os dois subiram nas motos e foram embora, fazendo muito barulho em volta do carro, antes. Marco apoiou os braços no volante e a cabeça nas mãos e tentou colocar o coração no lugar, porque ele já tinha chegado até a boca.
Prometeu a si mesmo nunca mais pegar o carro do pai, mas quando chegou em casa, não contou nada a Antônio sobre a ameaça.
DANÇANDO NAS ESTRELAS
PARTE VI
OBRIGADA E BOA TARDE!
MUITAS BÊNÇÃOS A TODOS