MANDY - DANÇANDO NAS ESTRELAS IX - PARTE 2
II – DANÇANDO NAS ESTRELAS
Marco se calou novamente. Lídia continuou:
- Eu decorei seu guarda-roupa inteiro, Marco. Eu sei a cor e o modelo de cada camisa sua. De cada jeans. Sei de cor as marcas dos seus tênis. Eu percebo de longe quando você está aborrecido, quando está feliz. Tudo que o Teo falava sobre você, eu guardei na minha cabeça como um computador. Tive a ideia de namorar com ele, quando a Bete falou pra mim que estava a fim de você e percebi que ele estava a fim de mim. Eu não tentei tirar você dela, porque ela é minha melhor amiga. Aí, eu comecei a namorar com ele pra ficar perto de você, pelo menos na escola.
Marco ficou olhando para ela, abismado, sem saber o que dizer.
- Você nunca passou por isso... Qualquer garota do colégio namoraria você, bastava você estalar os dedos. Você ainda não sofreu por amor, Marco.
Ele respirou fundo.
- Tudo bem... Eu nunca passei por isso mesmo e... nunca imaginei que alguém tivesse passado por minha causa... Sinto muito... Mas você não acha que é injusto ter feito isso com o Teo? Ter metido ele nisso? O sofrimento de um não justifica fazer sofrer o outro.
- Ah, não? E o Otávio não está sofrendo pela Amanda?
- Mas ela não gosta mais dele. Ela me ama e eu a ela, Lídia, é diferente. Você não amava o Teo, se aproveitou dele e agora jogou ele fora como um copo descartável. Se você tivesse contado a ele antes que gostava de mim... do jeito que ele é, poderia até ter te ajudado a... me esquecer ou... até mesmo me conquistar, sei lá...
- Você nunca olhou pra mim de um jeito mais carinhoso. Sempre me achou uma chata...
- Você não é chata. Agora, sabendo de tudo isso, eu vejo que... por mais idiota que possa parecer o que eu vou dizer, mas... foi o amor que te fez chata. Se você não gostasse de mim dessa forma, a gente podia até... ser muito amigo... Se eu tivesse sabido antes... Notado antes...
- O que você faria?
Ele pensou por um momento e respondeu:
- Não sei... Trataria você de outra maneira, sei lá... Mas, com certeza, não teria dito tanta coisa que eu disse... É difícil dizer... Acho que eu te respeitaria mais. Teria mais... paciência.
Lídia sorriu entre as lágrimas e balançou a cabeça como se não acreditasse muito naquilo.
- Me perdoa, Lídia... ele pediu, sinceramente, lamentando a situação.
Ela continuou balançando a cabeça, negando e enxugando as lágrimas, com raiva.
- Por que não? - ele perguntou.
Lídia respirou fundo e desviou o olhar do dele.
- E eu vou virar sua amiguinha? Prefiro morrer! Não quero ser sua amiga pra depois ficar dizendo “oi” pra você todo dia na escola, com você de mãos dadas com ela e ainda mais estudando na mesma sala que ela. Eu não tenho estrutura pra isso, Marco. Tenho meu orgulho, sabia?
- Então, como é que a gente fica?
- Se depender de mim... não fica...
- E o Teo?
Lídia deu de ombros.
- Ele não vai querer voltar pra mim mesmo. Você vai estar sempre entre nós. E, ao contrário do que você pensa, eu não quero separar você e ele. O Teo é um cara legal, não é ameaça pra mim... como ela.
- Deixa a Amanda em paz. Ela é quem tem menos culpa em tudo isso.
- Vou pensar...
Ela deu as costas para ir embora, mas parou, voltou-se, olhou para ele nos olhos e, subitamente, se aproximou dele, segurou seu rosto com as duas mãos e o beijou.
Marco não pode nem reagir. Ela se afastou dele, correndo. Ele colocou a mão nos lábios e ficou olhando para ela se afastar, balançando a cabeça.
- Doida! – sussurrou.
Subiu na bicicleta e foi para casa.
Ao chegar em casa, Marco jogou os cadernos sobre o sofá e ligou a televisão.
- Marco, é você! - gritou Laila, da cozinha.
- Eu, mãe! - ele disse, sentando-se no sofá e tirando o blusão da escola.
- Tudo bem? - ela apareceu na sala, com um prato de bolinhos de bacalhau, que ofereceu a ele.
- Tudo, ele respondeu, levantando-se e indo beijá-la. - Oba, que delícia! Posso pegar dois?
- Não, um só. A gente já vai almoçar. Como vai a Amanda?
- Bem.
- Preciso falar com ela.
- Sobre...?
- Coisas de mulher... ela respondeu, misteriosa, olhando para a televisão e mastigando também um bolinho.
Marco franziu a testa, sem entender nada.
- Você podia trazê-la pra jantar hoje. Pode ser?
- Hoje?... Hoje acho que não dá... mas... ela tem aula de jazz na quarta-feira à tarde... Eu estou pensando em ir até a Academia... Mas por que você não liga pra ela? Te dou o número.
- Não é coisa pra ser falar por telefone... Traga ela pra jantar, na quarta, disse ela, voltando para a cozinha.
- Ok... Eu, hein!
DANÇANDO NAS ESTRELAS
PARTE II
OBRIGADA E BOM DIA!
MUITAS BÊNÇÃOS A TODOS