MANDY - MUITO BOM PRA SER PRA SEMPRE VII-PARTE 13
XIII – MUITO BOM PRA SER PRA SEMPRE
Pai e filho não trocaram nenhuma palavra no carro, até chegarem em casa.
Laila estranhou ao vê-los chegando juntos e se assustou ao ver a testa de Marco sangrando de novo e suas roupas sujas.
- Marco! O que foi que houve? Sua roupa...
Ele não respondeu.
- Fui tirar seu filho da cadeia, Laila, falou Antônio, jogando as chaves do carro sobre a mesa de centro e sentando-se pesadamente no sofá.
- Cadeia? Como assim cadeia? Meu filho foi preso?
Marco passou por ela e ia para o quarto, mas Antônio o chamou:
- Espera aí, moço, vamos ter uma conversinha primeiro!
- Vou tomar um banho...
- Depois. Primeiro me explique o que aconteceu.
- Eu não tenho nada pra explicar. Fui até lá, bati no Otávio e acabei na cadeia, só isso.
- A troco de quê? A culpa foi dele de novo?
- A troco de quê? - ele disse, voltando. - A troco de eu estar com uma cicatriz na testa, que está sangrando novamente agora, por causa dele! A troco de eu ter ficado duas semanas com a mão direita imobilizada por causa dele! E a troco de eu ter... perdido a Amanda definitivamente hoje, por causa dele! Está bom pra você ou quer mais?
- Vocês terminaram? - Laila perguntou.
- Ela terminou comigo. Fiquei sabendo pelo pai dela, hoje cedo, no colégio.
- Se ela te deixou é porque não te amava tanto quanto parecia, disse Antônio.
- Ela me deixou pra me proteger dele! - Marco gritou. - Ela me deixou, porque me ama mais do que parecia!
Ele começou a chorar e Laila o abraçou.
- Eu tinha que descontar em alguém e só podia ser nele! Fui até lá, esperei ele sair e acertei as dívidas novas e antigas. Nem sei... onde foi que eu arrumei tanta força... mas ele nunca mais vai se meter a besta comigo! Nem me ameaçar de nada!
- Ele ameaçou você de novo? - Laila perguntou.
- Várias vezes, mas isso não tem mais importância, mãe. A novela acabou. Eu não sou mais namorado da Amanda. Desculpem pelo transtorno. Não vai acontecer de novo.
Ele foi para o quarto. Laila olhou para o marido que apoiou a cabeça nas mãos, pressionando as têmporas que doíam.
- O que eu estou fazendo de errado, Laila? - ele perguntou.
Ela ajoelhou-se junto dele e segurou sua mão, beijando-o.
- Nada, meu amor...
- Ele não pede mais minha ajuda. A gente pensando que ele está na escola e ele vai bater num outro cara em outra escola! E vai parar na cadeia, Laila! O que eu estou fazendo de errado?!
- Não foi culpa sua, Antônio...
- Eu costumava... ter orgulho de chegar em casa com a cara quebrada por causa de alguma garota, você foi a última, mas... eu não queria isso pro meu filho! Não consigo ficar feliz e orgulhoso vendo ele... se meter em coisas assim.
- Ninguém ficaria, meu bem.
- Eu quero ajudá-lo, mas acabo... atrapalhando.
- O Marco está crescendo, Antônio. Ele vai sair disso tudo mais forte. Tudo vai ficar bem.
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Naquela noite, Antônio não conseguiu dormir direito. Pouco antes das onze e meia, levantou-se pela terceira vez e estava indo até a cozinha beber um copo de água e, ao passar diante do quarto de Marco, viu luz pela fresta da porta e ouviu o rádio ligado bem baixinho. Abriu a porta devagar e viu o filho deitado de costas na cama, com a cabeça no travesseiro nos pés da cama. Um braço cobria o rosto e o outro repousava sobre Sherlock deitado a seu lado.
- Acordado ainda?
Marco descobriu os olhos e olhou para ele.
- Não sou só eu...
Antônio aproximou-se e foi sentar-se junto dele, na cama.
- Está tudo bem? Você está melhor? Dói alguma coisa?
- Estou bem... o rapaz respondeu seco.
- Sinto muito pela Amanda, filho.
Marco não respondeu.
- Eu queria dizer também que... embora meio contrariado com tudo que aconteceu hoje, eu... estou muito orgulhoso de você... pela sua coragem de ir lá e... enfrentar o Otávio sozinho.
- Não sei se foi coragem, não, pai. Eu estava com raiva... e a raiva deixa... a gente cheio de adrenalina...
- Não importa. Estou orgulhoso do mesmo jeito.
Marco sorriu, triste.
- O mais engraçado... é que eu quebrei a cara do cara... por nada... Não consigo me sentir melhor...
Uma lágrima rolou pelo canto do olho dele. Antônio tocou o ombro do filho e o apertou levemente, sem saber o que dizer. Depois, de alguns segundos, conseguiu falar:
- Tenta dormir um pouco. Já é tarde. Vou desligar a luz... vai ajudar...
Marco continuou na mesma posição. Antônio beijou sua testa.
- Boa noite, filho.
Levantou-se e, antes de sair, acendeu o abajur que ficava no criado-mudo e ao passar pela porta apagou a luz do quarto. Marco levantou-se e apagou o abajur também. O quarto ficou totalmente às escuras, iluminado apenas pela luz da rua.
MUITO BOM PRA SER PRA SEMPRE
PARTE XIII
BOM DIA!
PAZ, BÊNÇÃOS E LUZ PARA TODOS