MANDY - MUITO BOM PRA SER PRA SEMPRE VII-PARTE 9
IX – MUITO BOM PRA SER PRA SEMPRE
Quando Marco voltou para casa, já passava das sete da noite. Estava colocando a bicicleta na garagem quando Antônio apareceu:
- Sua mãe já estava preocupada. Por onde você andou?
- Fui levar a Amanda em casa. A gente ficou conversando com o Benê e esqueceu do tempo...
Antônio percebeu que o filho estava estranho, evitando olhá-lo nos olhos.
- Está tudo bem?
- Claro... O que podia estar errado? - respondeu, sorrindo sem vontade e entrando na casa com Max lhe fazendo festa.
Entrou na cozinha e Laila estava lá, fazendo café.
- Oi, filho, como você demorou!
Marco a beijou e falou:
- O tio mandou um beijo e agradeceu demais o bolo. Mandou dizer que te ama...
- Ele está bem?
- Está.
- E a Amanda?
- Também... Eu vou tomar um banho...
Antônio foi entrando na cozinha e prestando atenção no jeito de falar do filho. Laila também notou algo estranho.
- Você está bem, filho?
- Estou, ele disse, parando na porta e esboçando outro sorriso sem graça. – Mãe, eu não vou jantar, tá? Comi um sanduíche imenso no tio e perdi a fome. Vou ficar no quarto, ouvindo música.
- Tudo bem...
Ele foi para o quarto. Antônio colocou as mãos na cintura e disse:
- Ele está estranho, não está?
- Deve estar só cansado... Ele estudou a tarde toda... Laila falou, mas, no fundo, concordando com o marido.
- Vou tirar isso a limpo.
- Não vá brigar com ele, meu bem!
Antônio foi até o quarto, cuja porta estava aberta e encostou-se ao batente, olhando para ele. Marco estava começando a tirar a roupa e olhou para o pai também.
- Que foi?
- Está tudo bem mesmo?
- Já disse que sim.
- Você está estranho, calado... Costuma entrar em casa fazendo piada de tudo, gozando da minha cara...
- Estou só cansado, pai.
Marco sentou-se na cama e começou a tirar os tênis. Antônio continuou olhando para ele e Marco começou a ficar incomodado.
- Posso ajudar em mais alguma coisa, pai, ou você vai dar banho em mim também?
- Não, eu estou só me orgulhando de ter criado um filho que não sabe mentir.
Marco sabia que, naquele momento, poderia haver ou não uma discussão e procurou pensar bem antes de dizer qualquer coisa.
- Eu não estou mentindo.
- Está sim, ou eu não o conheço há dezoito anos.
- Dezessete... ele disse, irônico.
Antônio sorriu.
- Está tudo bem, pai, é sério. Estou só cansado. Eu e a Amanda estudamos a tarde inteira, eu detesto Português e isso me deixou... sem humor, tenso, só isso.
- Pensei que ela te fizesse relaxar.
- Faz, Marco falou sorrindo, mas não quando estou estudando com ela. Você devia entender isso melhor do que eu. Estudar é bem diferente de... namorar.
Antônio balançou a cabeça concordando. Marco tirou a camisa e veio até a porta querendo fechá-la.
- Dá uma licencinha, por favor?
- Não sabe mentir e é esperto também, falou Antônio. – Eu sou um excelente pai.
- Desperdiçando talento com um filho só. Você e a mamãe deviam ter outro filho. Adoraria ter um irmão.
- E nós largaríamos do seu pé, não é?
- Nós não, você.
- Vou falar com ela...
Marco não disse nada. Antônio ficou sério e colocou a mão sobre a dele na maçaneta da porta.
- Não esquece... pegando ou não no seu pé, eu estou sempre aqui...
- Eu sei... Obrigado, pai.
Antônio se foi. Marco fechou a porta e encostou-se nela, fechando os olhos e começando a chorar.
MUITO BOM PRA SER PRA SEMPRE
PARTE IX
BOA TARDE!
PAZ, BÊNÇÃOS E LUZ PARA TODOS