MANDY - O DIA CERTO PRA SE COMER PIZZA VI - PARTE 9

IX – O DIA CERTO PRA COMER PIZZA...

Amanda sentou-se na cama de Marco, ouviu a introdução e falou:

- Eu vi a sua coleção de discos lá na sala. Tem de tudo! Você curte música antiga?

- Muito. Influência do meu pai. Ele viveu a adolescência na década de sessenta, mas não podia comprar discos. Meus avós eram meio pobres. Meu pai veio poder curtir mais depois de casado. Aí, já não tinha mais os Beatles, Elvis e toda a turma de cantores que ele curtia. Começou a digerir a música da década de setenta e, como eu nasci em setenta, fiquei gostando por tabela.

Ela apanhou a capa do disco onde havia “Mandy”.

- Mas esse não é da década de setenta.

- Não, esse é só coletânea. Acho que foi há uns dois anos. Os antigos são dele e ele guarda tudo a sete chaves. Tem o maior ciúme.

Amanda começou a olhar tudo em volta e parou, diante do pôster de Minnie Mouse na parede. Do lado havia outro da cantora Madonna, do mesmo tamanho. Quando percebeu que ela olhava para o pôster, Marco sorriu.

- Não falei que tinha a Minnie na minha parede?

- Ao lado da Madonna...

- Eu achei numa revista de música e... achei tão bem feito que fiquei... com pena de deixá-lo dobrado dentro dela.

- Sei... Eu gosto dela também. A gente usa muito as músicas da Madonna na aula.

- É, você falou que faz aula de dança. Há muito tempo?

- Desde que me mudei pra cá. Lá em Poços, eu fazia balé, mas não curtia muito. Embora o balé tenha me ajudado muito com postura e coisas assim. Mas eu parei com treze anos.

- Não acredito que você tenha nascido nesse século. Estudou em colégio de freira, fazia balé... a única coisa que destoa disso tudo é você fazer o colégio regular e não magistério. Por que, não?

- Porque lá eu fiz o colégio regular. Eu não sei se tenho vocação pra ser professora. Adoro criança, mas não assim, e como tive que vir pra cá e estudar no Paralelo, junto do papai, não quis interromper o que já estava fazendo. Eu quero fazer uma coisa diferente... Arquitetura... Artes Plásticas... Publicidade... Nem sei o que eu quero ainda...

- Posso assistir a alguma aula sua qualquer dia?

- Não, ela respondeu, sorrindo sem jeito, ajeitando os cabelos.

- Por que, não?

- Porque eu ainda estou muito verde. Há três anos que eu não danço e jazz é bem diferente do balé, exige mais energia da gente. Quando eu me sentir mais segura, eu te convido.

- É aqui por perto?

- Não vou dizer não.

- Por quê? Nem isso eu posso saber?

- Não. Se você foi atrás de mim na loja de roupas, me achou no cinema e tudo, vai muito bem xeretar na escola de jazz também.

Ele riu.

- Você já me conhece bem.

Ela sorriu, olhando em volta.

- Seu quarto é bonito. Parece que tudo aqui foi feito pra você. Tem a sua cara.

- Obrigado, disponha.

A canção terminou. Amanda olhou para o disco e depois para ele.

- Esse vai ser o nosso tema de amor...

Marco aproximou-se dela e a beijou. A campainha tocou. Ele respirou fundo e olhou no relógio.

- São eles...

- Vá atender a porta. Eu desligo o aparelho de som.

Quando os três rapazes entraram e viram Amanda vindo do quarto, pouco depois, não faltaram pensamentos deturpados. Trocaram olhares significativos que Marco captou no ato.

- Prontos? - perguntou Teo, olhando para o amigo, desconfiado.

- Há mais de quinze minutos!

Os três olharam-se uns para os outros e repetiram em uníssono.

- Há mais de quinze minutos!

- Sei... Mais de quinze minutos e... estavam no seu quarto...

Marco olhou para Amanda que começou a rir. Ele entendeu a insinuação.

- Vocês só pensam nisso, é?

- E você é um santo! Amanda, toma cuidado! - avisou Teo.

Marco o empurrou e Teo saiu rindo para fora da casa.

- Acho melhor a gente ir embora, antes que eu coloque seu nariz na nuca com a mão esquerda. Vou só deixar um recado pra minha mãe, dizendo aonde eu fui...

Ele foi até a estante, apanhou uma caneta e papel e deixou um bilhete para a mãe, dizendo aonde ia. Depois saíram.

Antônio chegou em casa, pouco antes das sete da noite. Beijou a esposa e apressou-se em perguntar:

- Aonde o Marco foi?

- Como você sabe que ele não está em casa?

- Onde ele está? - ele insistiu.

- Saiu com os amigos e a Amanda. Deixou um bilhete avisando... Por quê?

- Hum... ele fez, sentando-se à mesa e afrouxando o nó da gravata.

- Você já sabia que ele tinha saído? Não vai começar a implicar com ele por sair com os amigos também, vai?

- Laila, eu não implico com o Marco. Só perguntei aonde ele foi.

Ela sorriu, com o sexto sentido gritando, e continuou a descascar as batatas para o jantar. Ele se serviu de uma xícara de café e comentou:

- Eu liguei pra cá, hoje à tarde, pra falar com você e ele estava sozinho aqui... com uma garota.

Laila não se abalou.

- Devia ser a Amanda, não? E...?

- Você não se importa que nosso filho fique sozinho em casa com uma garota? Não te sugere nada?

- Sugere que, se ele estava aqui com a Amanda, é que, graças a Deus, eles estão bem um com o outro. Ele não estava atendendo os telefonemas dela...

- Não é disso que eu estou falando, Laila. Ele estava so-zi-nho com a moça!

- Sugere também que você está antecipando ações que o Marco ainda nem pensou praticar.

- Como você sabe que ele ainda nem tentou?

Laila apanhou a bacia com as batatas e foi sentar-se diante dele na mesa.

O DIA CERTO PRA SE COMER PIZZA

PARTE IX

BOM DIA!

PAZ, BÊNÇÃOS E LUZ PARA TODOS

Velucy
Enviado por Velucy em 16/09/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6450092
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