MANDY - O DIA CERTO PRA SE COMER PIZZA VI - PARTE 3
III – O DIA CERTO PRA COMER PIZZA...
Marco entrou em casa, muito deprimido. Laila e Antônio estavam sentados diante da televisão e ela perguntou:
- Tudo bem com os meninos, filho?
- Tudo. O Teo não se abala com nada e... o Aldo está meio abatido, mas vai ficar bem. E eu não vou pra escola amanhã e nem depois. Não é justo com eles.
Antônio balançou a cabeça, não concordando com a ideia, mas, sem dizer palavra, continuou olhando para a televisão.
- Estou errado, pai?
- Não sei. Você faz o que achar melhor.
- Fala logo. O que está te aborrecendo tanto? Não fica com essa cara feia pra cima de mim, não resolve nada. Você queria ter batido em mim, como o Pagliuso fez com o Aldo? Então bate! Descarrega o que está sentindo, mas não me coloca na geladeira, como você vem fazendo! Eu não aguento mais!
Antônio permaneceu com a cabeça apoiada na mão, olhando para a TV.
- Droga, pai! Você está parecendo mais criança que eu agora!
- É isso que te aborrece!? - gritou Antônio, assustando até Laila. – Você não decidiu tudo sozinho? Continua! Está indo bem! Não precisa mais de mim pra nada, grande homem!
Marco respirou, se recompondo do susto, falando em voz baixa:
- Que besteira! Eu nunca disse que não precisava de você...
- Mas correu pro titio quando a coisa ficou feia! Eu não existia naquela hora, não é?!
- Você está com ciúmes do Benê?
- Estou com raiva daquele irresponsável que sempre te atraiu com aquele barzinho de terceira classe!
Laila não gostou daquilo também. Interferiu:
- Você está se ouvindo, Antônio? Isso é um absurdo!
- Eu não fui procurar por você, porque você ameaçou me tirar do colégio, se houvesse outra briga!
- Ah, medo! Medo de mim!
- É, medo, medo sim! De te aborrecer ainda mais, de te magoar ainda mais... mesmo sem ter tido culpa disso.
- Eu não te ensinei a ter medo de mim, Marco!
Marco pensou por um momento e disse:
- É... Você não me ensinou a ter medo de nada, mas acabei de crer que medo a gente sente sem ter que aprender... e, quando ele aparece, sem que a gente esteja preparado... a gente fica sem saber o que fazer e foge... muitas vezes... pra bem longe do porto que parece seguro...
Ele deu as costas e foi para seu quarto. Antônio fechou os olhos e respirou fundo.
- Ele anda dizendo umas coisas tão... estranhas...
- Ele está crescendo, querido.
Marco entrou no quarto e jogou-se na cama. Sherlock estava deitado sobre o travesseiro dele e Marco enfiou os dedos por seus pêlos, falando:
- Quer trocar sua vida pela minha, Sher? Ser humano é uma complicação só!
Olhou para o telefone e pensou em Amanda, mas procurou afastar da mente a ideia de ligar para ela, apesar da vontade enorme.
Foi até o aparelho de som e ligou o rádio. Girou o “dial” e parou em “Hard to say I’m sorry” com Peter Cetera. Sentou-se na escrivaninha, apanhou papel e caneta e começou a rabiscar sem nenhum propósito com a mão esquerda, pois a direita estava impossibilitada. Pensou:
- Mesmo que eu fosse pra escola amanhã, como eu ia escrever?
O telefone tocou. Ele olhou para o aparelho, mas não atendeu. Alguém atendeu na sala e o toque parou. Marco respirou fundo e escreveu, com letra bem irregular, o nome AMANDA, várias vezes.
Minutos depois, a porta do quarto se abriu e Laila colocou a cabeça para dentro.
- Filhote, era o diretor do colégio.
- E... queria o quê?
- Nada, só queria saber como você estava? Gentil da parte dele, não? Você impressionou o sogro!
- É... espero sobreviver a isso.
Ela riu e saiu de novo.
O DIA CERTO PRA COMER PIZZA
PARTE III
BOM DIA!
PAZ, BÊNÇÃOS E LUZ PARA TODOS