MANDY - O DIA CERTO PRA SE COMER PIZZA VI - PARTE 2
II – O DIA CERTO PRA COMER PIZZA...
- Você tem cada uma, Teo... Por isso que eu te amo. Só você pra me fazer rir. O Paralelo é um ótimo colégio. Minha instrução toda saiu de lá. Ninguém tem culpa se você não gosta de escola.
- Expulsou ou não expulsou?
- Não, pediu pra eu ficar. Foi até em casa falar com meu pai.
- Brincou?!
- Não. Ele ia tirar a Amanda, mas aí eu disse que sairia também e acabamos ficando os dois. Mas o Otávio cai fora de lá a partir de amanhã.
- Nada mais justo, graças a Deus! - disse ele, levantando as mãos para o céu. – Você não fez nada.
- Nem vocês, para levarem aquela suspensão. Três dias...
- Não fizemos? O nariz do André vai doer por uns quinze dias, meu! Eu não faço o serviço pela metade, não. Ele levou a dele e eu lavei a burra! Estava com uma gana de acertar ele de jeito fazia tempo. Foi de direita! Pum!
Teo fechou o punho e mostrou o soco. Marco riu, mas logo o sorriso desapareceu de seu rosto. Lembrou-se de Aldo.
- Minha mãe falou que o Aldo apanhou do pai dele... Ela chegou a ouvir os gritos.
- Apanhou?
- É... Eu estou me sentindo culpado...
- Marco, você não pediu pra ninguém brigar por você. A gente foi porque quis.
- Mesmo assim. O Aldo tem um relacionamento tão difícil com o pai... Eu sempre penso nele, antes de reclamar do meu.
- Seu pai não bronqueou, não?
- Mais ou menos. Ele está mais preocupado do que zangado e, como não sabe separar os dois, briga comigo quando quer me proteger.
- E sua mãe?
- Torcendo por mim de uniforme e tudo. Minha mãe é um barato. Quando eu penso que ela vai chiar, ela me beija; quando penso que vai levar numa boa, me desenrola o maior sermão choroso da paróquia. Nunca sei a temperatura dela, mas é a melhor mãe que eu tenho.
- A da minha, eu sei de cor. Está sempre acima de quarenta graus. Vou me lembrar desses três dias por, pelo menos, um ano, pode apostar!
- Vim pra te dizer que eu também não vou pra escola nesses três dias.
- Ele suspendeu você também?
- Não. Acho que ele se esqueceu, mas eu não vou. Não é justo.
- Mas estamos em provas, Marco. Por mim você devia ir. Eu estou satisfeito com o que eu fiz e nem um pouco arrependido. Não vá perder prova por minha causa.
- Você vai perder por minha causa, esqueceu? E depois dá pra recuperar. É Espanhol, Inglês e Biologia, molinho.
- Você que sabe...
Marco levantou-se.
- Vou nessa. Vou passar na casa do Aldo pra ver como ele está.
- O pai dele vai bater em você também, cara...
- Não tem problema, já estou calejado, ele falou mostrando o braço engessado. - Tchau, amigão, e mais uma vez, obrigado. Não vou esquecer.
- Se você esquecer, eu te quebro o outro braço!
Marco riu, subiu na bicicleta e foi embora.
A casa de Aldo estava silenciosa, apesar de se ver pela janela a luz que vinha da televisão ligada.
Marco colocou a bicicleta no jardim de sua casa e aproximou-se do portão da casa vizinha. Viu Aldo sentado ao pé da porta, encostado no batente. Chamou:
- Aldo!
O rapaz olhou para ele e levantou-se, aproximando-se. Parecia bastante abatido.
- Oi, Marco.
- Vim... te pedir desculpas...
- Tudo bem. O que são três dias?
- Não só pela suspensão, mas... pela reação do seu pai...
Aldo abaixou os olhos, constrangido.
- Sinto muito mesmo, Aldo.
- Foi a última vez que ele me bateu sem reação minha. Da próxima vez, se ele me encostar a mão, eu bato nele também e sumo daqui.
Marco não soube o que dizer. Aldo ergueu o rosto e mudou de assunto:
- Como foi com seu pai? Eu vi o diretor Rotemberg entrar na sua casa, hoje cedo. Seo Antônio vai tirar você da escola?
- Não...
- Que bom! Todo mundo ia sentir falta de você, inclusive eu.
- A gente é vizinho, cara, Marco falou sorrindo.
- É... falou ele, também sorrindo. – Mas lá é diferente... É mais divertido...
- Será que, se eu falasse com seu pai, ele... ficaria menos zangado com você se eu explicasse como foi tudo e que a culpa foi minha...
- Não! Eu nem disse nada pra ele sobre você. Se meu pai sabe, vai acabar brigando com o seu pai e, já que a gente continua amigo, por que fazer deles inimigos? O cara não é de brincadeira, Marco, você sabe. Deixa quieto.
- Eu queria fazer alguma coisa por você.
- Eu briguei porque quis. Você não me pediu nem me forçou a nada. Você nem queria que a gente se metesse. Se machucou até mais do que a gente. Olha aí teu braço!
Marco olhou para o próprio braço, depois para o rapaz.
- Isso não é nada perto do que você passa...
Os olhos de Aldo encheram-se de água e Marco o abraçou forte.
- Conta comigo pra qualquer coisa, tá?
O pai de Aldo gritou do interior da casa, chamando por ele:
- Aldo!
- Preciso entrar, ele disse, enxugando o rosto. – A gente se vê.
- Tchau.
O DIA CERTO PRA COMER PIZZA
PARTE II
BOM DIA!
PAZ, BÊNÇÃOS E LUZ PARA TODOS