MANDY - PROVA DE CORAGEM V - PARTE 10
X – PROVA DE CORAGEM
O braço de Marco estava pior do que ele pudesse pensar. Benê teve que levá-lo a um hospital para enfaixar, porque Otávio o havia torcido.
Na saída do hospital, Marco insistia em voltar para a lanchonete.
- Você não acha melhor ir para casa?
- Não.
- Marco, seu pai vai...
- Não vou! Se eu não posso ir pra lanchonete, me deixa sozinho. Eu me viro. Não vou pra casa agora. Eu não ia saber contar isso pra mamãe. Nem eu sei o que aconteceu ainda. Num minuto, estou no colégio, no outro, não estou mais. Tudo por causa daquele idiota.
- Estou me sentindo culpado também.
- Por quê?
- Fui eu quem te incentivou a paquerar a Amanda, esqueceu?
Marco sorriu.
- Essa é a melhor parte da história, sabia? Não me arrependo de um minuto sequer. Você não poderia ter feito coisa melhor para o seu único sobrinho, Benê. A pior parte vai ser contar pro meu pai que eu fui expulso do colégio. Ele vai só me arrancar o fígado...
- Eu vou com você até sua casa e falo com a Laila. Depois, eu volto à noite e falo com o Antônio. Se ele bronquear muito, eu te adoto.
Marco riu.
- Você não acha que eu já estou meio grandinho pra isso?
- Não importa. Eu não te vi nascer, mas te vi bebê e só falta legalizar a vontade que tive de levar você pra mim naquele dia... Você é filho da minha irmã que eu amo muito.
- Se você tivesse se casado e tivesse filhos, eu não teria crescido tão sozinho. Pelo menos teria primos pra dividir comigo essas confusões.
Marco lembrou-se de Teo, Miro e Aldo.
- Meu Deus... Três amigos meus foram suspensos por três dias por minha causa. O pai do Aldo é um italiano bem zangado... Eu estou aqui pensando só em mim... poxa, que barra...
Ele ficou na lanchonete até o horário em que sairia da escola, depois Benê foi levá-lo para casa.
Antônio, Laila e José Rotemberg esperavam por ele. Antônio estava já pronto para ligar para a polícia quando os dois entraram. Laila correu para abraçar o filho, aflita.
- Meu filho, onde você esteve?
Ele olhou para o diretor que ergueu-se; depois, olhou para o pai, que colocou o telefone no gancho, com cara não muito boa.
- Onde você estava?
- Comigo, na lanchonete, respondeu Benê. – Ele foi pra lá, logo que saiu da escola e... eu o levei a um hospital. Ele teve que enfaixar a mão, torceu o braço.
- Meu Deus! - exclamou Laila, segurando a mão do filho.
Antônio respirou fundo e disse:
- O professor Rotemberg ligou pra mim, na imobiliária, e me chamou até a escola. Ele me contou tudo o que houve e me pediu para não tirar você do colégio.
Marco olhou para José.
- Pensei que eu já estivesse fora.
- Eu só pedi pra falar com seu pai, Marco.
- Eu tentei seduzir sua filha. Não foi o que o namorado dela disse?
- A Amanda desmentiu tudo. Eu acredito na minha filha.
- Mas não acredita em mim. Dá no mesmo.
- Você não me ouviu dizer que não acreditava. Eu só queria falar com seu pai, repito. Você é aluno do Paralelo, é menor, e era minha obrigação. Houve uma briga e eu tenho que prestar contas aos pais dos alunos quando isso ocorre. O que não quis dizer que eu estivesse contra você ou não acreditasse em você.
- De qualquer forma, eu não vou continuar naquele colégio. O Otávio não vai desistir... e eu não quero passar por isso de novo. Já deu pra mim. Cansei.
- O Otávio vai ser transferido para o Paralelo de Interlagos.
- O problema não é estar na mesma escola que ele, é morar na mesma cidade que ele. Agora há mais um motivo pra ele me perseguir. O senhor me apoia. Ele vai ficar mais agressivo, ainda. Eu não posso continuar no Paralelo.
- Sem a Amanda lá, não vai ter problema. Ela deve sair, não você.
- Não! - ele falou, surpreso.
- Não há outro jeito, Marco.
- Sem ela lá, eu também não fico.
- Marco! - Antônio exclamou.
- Eu não fico lá sem ela!
Deu as costas e foi para o quarto.
PROVA DE CORAGEM
PARTE X
BOA TARDE!
PAZ, BÊNÇÃOS E LUZ PARA TODOS