MANDY - PROVA DE CORAGEM V - PARTE 8
VIII – PROVA DE CORAGEM
Nesse ínterim, a confusão já estava formada. Os três amigos de Otávio já se engalfinhavam com os três amigos de Marco e os inspetores haviam chegado tentando separar todo mundo aos berros e levando socos por tabela. A coisa toda só parou com a intervenção de mais dois professores e todo mundo foi parar na sala do diretor.
José Rotemberg ficou abismado ao ver os oito rapazes entrarem em sua sala, murchos e com ares de quem vinha de alguma guerra do Oriente Médio. Olhou para Otávio e Marco e ninguém precisou dizer quem tinha começado aquilo tudo. Apoiou a testa na mão, olhando para os oito, respirou fundo e falou, bem lentamente:
- Terceiro Colegial A... Um terço da sala está aqui, pra não dizer metade, já que há mais rapazes do que moças, lá. Vou fazer uma pergunta idiota, mas que é minha obrigação fazer. Quem começou esse circo?
Ninguém abriu a boca. José olhou para Otávio primeiro, depois para Marco e chamou o inspetor.
- Júlio, três dias de suspensão pra esses seis: Aldo, Miro, Teo, André, Élcio e Caio.
- Mas, professor, a gente está em prova essa semana... reclamou Caio.
- Não me interessa! - gritou José. - Pensasse nisso antes! Fora daqui! Não quero ver a cara dos senhores por três dias, a começar de hoje! Isso vai ajudá-los a pensar um pouco em casa em começar a agir como adultos e não como crianças briguentas. Não na minha escola! Não vou lhes passar um sermão, porque não cabe a mim fazer isso, mas aos seus pais e podem estar certos de que eu tenho o telefone de todos eles. Saiam!
- Tô ferrado! - falou Caio, baixinho. – Meu pai vai me matar...
- Tenha um bom enterro, acrescentou José, dando o tiro de misericórdia, enquanto todos saíam da sala, mais murchos do que entraram. Ao passar por Marco, na saída, Teo perguntou:
- Quer que eu te espere aí embaixo? Você está branco, parece que vai ter um treco. Esse braço aí não está legal...
- Não precisa. Pode ir embora.
- Tem certeza? Eu vou falar com o diretor...
- Nã...
Teo voltou-se e disse:
- Professor, dá licença, o braço do Marco está sangrando muito e ele precisa ir até a enfermaria ver se não quebrou nada.
José olhou para Marco e percebeu que ele segurava o braço que sangrava e estava pálido como cera.
- Pode ir. Você vai com ele, Teo, por favor.
- Não, obrigado, antecipou-se Marco. - Quero sair daqui e não voltar mais, pelo menos não hoje. Eu estou bem. Quero resolver isso logo. Vai pra casa, Teo, a gente conversa depois.
Teo bateu no ombro dele levemente e saiu. José continuou olhando para ele.
- Você está bem mesmo?
- Não, mas não é por causa do meu braço, é porque o que aconteceu hoje não vai parar de acontecer, se esse cara não me deixar em paz!
- Eu não fiz nada, disse Otávio, descaradamente.
- Esse olho roxo foi de hoje? - Rotemberg perguntou a Marco.
- Não, senhor. Nós brigamos ontem também.
- Por quê? - perguntou José, desta vez para Otávio.
- O senhor não vai gostar de saber, seo José.
- Eu suporto, conte.
- Tem a ver com a Amanda, diz Otávio - Ele estava... no clube, tentando se aproveitar dela.
- O quê?! - perguntou José, erguendo-se na cadeira.
- É mentira! - falou Marco.
- Você esteve no clube, ontem, com a minha filha?
- Estive, mas...
- Eu cheguei na hora que esse cara estava... deitado com ela na grama... abraçando e beijando ela de um jeito... Eu fiquei enojado, professor. Estavam no meio de todo mundo. A Amanda não está acostumada com esse tipo de tratamento. Eu não aguentei e avancei nele, pra defendê-la, seo José.
- É mentira! - Marco repetiu, baixo desta vez.
- Desde o começo, é a única coisa que ele sempre quis dela, esse... aproveitador.
- Calem a boca! - gritou José.
Depois se sentou e procurou acalmar-se.
- Você pode ir, Marco, mas quero ver seu pai amanhã aqui às nove.
- Mas, professor...
- Pode ir.
- Eu não fiz nada. Me dê a suspensão, me expulse, mas não me peça pra trazer meu pai até aqui.
- Pode ir, Marco Antônio. Espere aí fora que a Lúcia vai bater uma convocação pra você levar.
- Ele não vai vir! - disse Marco, firme.
- Então, você está fora do Paralelo, a partir de hoje.
PROVA DE CORAGEM
PARTE VIII
BOM DIA!
PAZ, BÊNÇÃOS E LUZ PARA TODOS