MANDY - PROVA DE CORAGEM V - PARTE 7
VII – PROVA DE CORAGEM
Marco foi realmente alvo das atenções no colégio, quando os colegas o viram com aquele olho roxo embaixo da atadura. Teo foi o primeiro a comentar.
- Meu! Caiu dos patins?
- Não, foi um tombo um pouquinho mais alto, Marco respondeu, sorrindo.
- Isso não tem jeito de tombo, falou Aldo. – Tem jeito de Otávio, foi ou não foi?
- Na mosca, Italiano. Ele já chegou?
- Eu já vi ele entrar. Cara, você fez um estrago na fachada dele também. O cara está azul roial de raiva! Não quer me contratar como segurança, não? Estou precisando de uma graninha.
- Ele já foi pra sala?
- Já, com os dois cãezinhos de guarda e mais o Élcio, respondeu Miro, também da turma de amigos de Marco.
- Então é porque não está tão zangado assim. Não vai ser burro de tentar brigar comigo dentro da sala.
- E se quiser? - perguntou Miro.
- Só vai depender dele... Marco respondeu, agora decidido.
Os rapazes o apoiaram. Marco viu Amanda chegando e apressou-se até ela. Teo o observou, balançando a cabeça.
- Esse cara se arrisca demais!
Amanda sorriu ao vê-lo se aproximar e colocou a mão em seu rosto, verificando o hematoma no olho.
- Ficou roxo mesmo.
Ele a beijou, demoradamente. Depois disse:
- Meu pai está ameaçando me tirar do colégio, se acontecer de novo.
- Acho que, no lugar dele, eu faria a mesma coisa. Não quero que você se machuque mais. Nem contei pro meu pai, só de medo. Nem dormi direito essa noite. Fiquei pensando em chegar aqui e ver o Otávio aos tapas com você na porta do colégio... E é um abuso você estar aqui comigo agora...
- Não vou ficar me escondendo dele.
- Marco...
Ele a beijou novamente e tocou seu rosto.
- A gente se vê no intervalo.
Ele ia se afastar, mas Amanda segurou sua mão e o fez voltar. Olhou demoradamente em seus olhos e o abraçou.
- Não fica com medo, gata. Minha mãe sempre diz que quem tem olhos verdes tem sete vidas, feito os gatos. Nós dois temos quatorze e eu não gastei nem um por cento das minhas, ainda.
Ela sorriu. Ele afastou-se e entrou no prédio. Subiu o lance de escadas que o levavam até a sala no primeiro andar e não foi preciso entrar na sala para ver Otávio. O rapaz estava encostado no batente da porta e tinha o rosto machucado também. André, Caio e Élcio estavam com ele e tomavam toda a passagem. Marco percebeu que aquilo já era começo de uma nova provocação. Respirou fundo, aproximou-se, olhou para os quatro e pediu:
- Dá licença?
Nenhum deles saiu do lugar. Marco já estava querendo entrar a força, quando Aldo, Teo e Miro apareceram, vindos do corredor e se posicionaram atrás dele. Marco olhou para os amigos e intimamente já se viu fora da escola.
- Agora a coisa ficou igual, falou Teo, estalando os dedos. – Para um bloqueio tão grande, só um embolo maior, aprendi isso em Física. Vamos dando licença aí, gente boa? Todo mundo aqui paga mensalidade e quer estudar.
Otávio olhou dentro dos olhos de Marco e abriu caminho. André e os outros dois também saíram da frente, mas, quando Marco ia passando, Otávio segurou sua mão machucada e a torceu, colocando seu braço nas costas. Marco sentiu uma dor aguda e gritou de dor, soltando os cadernos.
- Ai! Filho da mãe! Meu braço!
- Vai mostrar agora que é homem mesmo, mariquinhas! E vai pedir pros seus amiguinhos ficarem bem longe ou eu acabo de quebrar o seu braço.
Teo, Aldo e Miro iam investir, mas Marco pediu, num gemido:
- Não se metam, vocês três... por favor...
- Isso não é justo, Marco! - exclamou Teo.
- Fica fora disso, Teo... ele pediu, sentindo muita dor.
A essa altura, as garotas dentro da sala já tinham começado a gritar, apavoradas. As salas do lado, atraídas pelos gritos, já se esvaziavam e os alunos se amontoavam no corredor, para ver o que estava acontecendo. Duas alunas foram chamar um inspetor.
- Já foram chamar o inspetor, Marquinho, falou Otávio. – Agora, nós dois vamos explicar isso tudo pro diretor... juntos.
Disposto a não sair daquilo por baixo, Marco passou por cima de toda dor que sentia e pisou com toda força no pé de Otávio que o largou, gemendo. Vendo-se livre, Marco desferiu um soco em seu rosto, fazendo-o cair sobre as carteiras. A mão direita doeu triplamente e ele sentiu as lágrimas virem aos olhos.
- Eu vou acabar perdendo a mão...
PROVA DE CORAGEM
PARTE VII
BOM DIA!
PAZ, BÊNÇÃOS E LUZ PARA TODOS