MANDY - PROVA DE CORAGEM V - PARTE 1
I – PROVA DE CORAGEM - V
A semana foi tranquila, no colégio Paralelo. Marco percebeu que Otávio nem olhava para ele na sala de aula ou no intervalo; em compensação, também não via Amanda em lugar nenhum. Soube que a moça ficava na sala do pai, na hora do intervalo e ainda algum tempo mais depois da aula, indo embora com ele. Tentou ligar para ela, mas Dalva sempre dizia que ela não estava. Mesmo quando foi pessoalmente, a resposta era a mesma. Dalva só sabia que Amanda saía cedo com o pai e voltava depois da aula. Ele percebeu logo que ela estava novamente tentando protegê-lo, evitando-o.
No domingo de manhã, Marco vestiu o “training”, verificou o curativo da testa e resolveu correr um pouco no clube. Ia passando pelo jardim e viu Laila jogando água nas plantas.
- Mãe, vou até o clube.
- A pé?
- Estou querendo correr um pouco.
- Não corra muito, pode abrir o corte. Não abuse.
- Eu sei... Eu pego leve.
- Não vai tentar falar com a Amanda?
- Não. A cabeça dela ainda deve estar a mil e eu quero respeitar isso.
- Você não acha que ela vai querer romper com você também, vai?
- Não... Ela me ama. Está só... confusa. Eu sei bem o que ela está sentindo. Tchau, mãe.
- Tchau. Cuidado com a mão e a testa.
- Tá bom.
Marco correu de casa até o clube e continuou correndo lá, a ponto de se esgotar e cair deitado na grama, exausto. Fechou os olhos e procurou relaxar os músculos e refazer o fôlego devagar, respirando fundo, sob o sol gostoso da manhã.
Mal sabia ele que Amanda havia tido a mesma ideia e estava ali também. Ela passava correndo perto do lugar onde ele havia se deitado e o viu de longe. Parou, sorriu, mas hesitou em se aproximar. A faixa branca na mão e a atadura na testa do rapaz, ainda machucavam dentro dela. Sentia-se culpada.
Mas a vontade de estar perto dele era maior. Aproximou-se devagar e ficou em pé, fazendo sombra no rosto dele.
Marco percebeu que a sombra estava imóvel demais para ser de uma nuvem e abriu os olhos. Ele a viu, sorriu e fechou os olhos novamente.
- O sol é público, sabia? Quer dar licença?
Amanda ajoelhou-se junto dele e segurou sua mão machucada.
- Ainda dói?
- Só quando você não toca, ele falou sorrindo, ainda de olhos fechados. - Está fugindo de mim?
- Tenho medo... Medo que te matem.
- E não tem medo de me matar, ficando longe de mim com medo que me matem?
Ela inclinou-se e o beijou, longa e docemente. Marco a abraçou e a fez deitar-se ao seu lado.
- Se você ficar junto de mim, eu corro perigo; se ficar longe, eu corro perigo em dobro. Não consigo respirar, sem você por perto.
- Como sobreviveu até agora? - ela perguntou, sorrindo.
- Reserva de emergência. Acabou agorinha. Eu ia morrer aqui, se você não viesse.
Ela riu. Ele ergueu o corpo e a fez deitar a cabeça sobre seu braço.
- Não ria, é sério!
- Há quanto tempo você está correndo?
- Uma hora mais ou menos. Dei a volta quatro vezes ao redor do clube.
- Não trouxe a bicicleta? - ela perguntou.
- Não.
- Estava com raiva, então?
Ele sorriu.
- Estava... Estava com raiva do mundo por ser tão grande, mas agora ele está tão pequenininho... dentro dos seus olhos...
Ele deslizou os dedos no rosto dela e a beijou novamente.
PROVA DE CORAGEM
PARTE I
BOA TARDE E OBRIGADA!
QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!