MANDY - PEDRA NO SAPATO IV - PARTE 6
VI – PEDRA NO SAPATO
Amanda beijou Laila e saiu. Marco foi levá-la até o portão e a fez parar e olhar para ele, só então percebeu que ela estava com os olhos cheios de água.
- Amanda...
Ela o abraçou apertado por um longo tempo, chorando.
- Desculpa!
- Não foi sua culpa, amor... A gente nem sabe se foi o Otávio mesmo.
- Foi, eu sei que foi... ela disse, afastando-se. – Meu pai falou que o seu histórico no colégio é perfeito, que é aluno do Paralelo há onze anos e nunca se meteu em confusão. Não é agora que isso vai mudar, não por minha causa, nem por causa dele.
- Amanda...
Ela colocou os dedos sobre seus lábios e o impediu de continuar.
- Eu ligo pra você, depois.
Afastou-se, entrou no carro e foi embora. Marco entrou na casa novamente, aborrecido.
- O que você vai fazer? - Teo perguntou.
Marco apanhou Sherlock, que estava deitado no sofá, sentou-se e deu de ombros.
- Sei lá. Aceito sugestões.
- Vamos quebrar logo a cara dele, antes que ele termine de quebrar a sua.
Laila franziu a testa e olhou para o filho que riu.
- Não liga não, mãe. Ele é meu amigo há sete anos e ainda não conseguiu me subverter.
*****************************
Naquela noite, quando o diretor Rotemberg chegou em casa, Amanda estava esperando por ele para lhe falar. Ele a beijou e perguntou:
- Acordada a essa hora? Já passa das dez...
- Preciso muito falar com você.
- Agora? Não pode esperar?
- Já! É muito importante, pai, ela respondeu, aflita.
Ele percebeu sua urgência, colocou a valise sobre o sofá e se dispôs a ouvi-la.
- O Marco não foi pra escola, hoje. Jogaram uma pedra no vidro da imobiliária do pai dele e o vidro voou nele. Machucou feio, a testa e a mão, com perigo de acertar um olho! E tudo indica que foi o Otávio que fez ou mandou alguém fazer isso, pra se vingar dele.
- Ei, calma! Você parece muito nervosa, filha. Alguém pode provar isso?
- Não, mas...
- Amanda, o que você quer que eu faça? Já conversei com o Otávio. Ele pareceu entender meu ponto de vista. Eu só tenho controle sobre ele dentro da escola; fora, o Marco tem que se virar!
- Eu não sei mais o que fazer para protegê-lo! - ela disse, começando a chorar.
Rotemberg a abraçou e a levou a sentar-se no sofá.
- Calma, filha. Você não acha que está exagerando o problema, não? O Marco não me pareceu ser tão indefeso assim. Ele sabe se defender.
- Ele foi pego de surpresa, ontem, e pode ser pego novamente, pai. E se for viver se prevenindo de tudo, vai acabar não vivendo! Eu tenho medo de que aconteça algo mais grave com ele por causa do Otávio.
- E você acha que eu posso fazer alguma coisa?
- Não... ela disse, afastando-se dele. – Mas eu acho que sei quem pode...
- Quem?
- Eu... me afastando do Marco...
Ele colocou as mãos sobre os ombros dela e a beijou no alto da cabeça, sem saber o que fazer para ajudar.
- A gente nem bem começou a namorar, pai... Eu gosto muito dele...
Na segunda-feira, Rotemberg viu Marco passar diante de sua sala e o chamou:
- Marco Antônio!
Ele voltou-se e se aproximou:
- Bom dia, professor.
- Bom dia. A coisa foi feia, mesmo, hein? - disse ele, apontando para os curativos em sua mão e na testa.
- Não deu pra matar, não, Marco respondeu, sorrindo.
- Levou quantos pontos?
- Cinco na testa e oito na mão. Se eu fosse o Zagalo estaria muito feliz. Treze pontos, um recorde, pra quem há anos não via um band-aid.
- Descobriu quem foi?
- Não.
- Minha filha está muito assustada.
- Eu sei, mas diga a ela que eu não vou deixar de gostar dela, mesmo que me cortem o corpo inteiro.
- Fico muito orgulhoso em ouvir isso, mas não quero ninguém machucado por gostar dela. Gostaria que ela se casasse antes de ficar viúva.
Marco sorriu e disse:
- Preciso ir pra aula. Bom dia, professor.
Marco afastou-se. Mal entrou na sala e os colegas já o cercaram para saber o que havia acontecido. Ele sentou-se em seu lugar e, para evitar falatório, contornou o assunto e contou a história do modo mais leve que conseguiu. Quando a turma se dispersou, Aldo ficou ainda do lado dele:
- Foi coisa do Otávio, não foi?
- Aldo, por favor, sem sensacionalismo, tá? Não espalha isso. Cadê o Teo?
- Não chegou ainda...
Otávio entrou na sala com André e Caio. Olhou para ele e sorriu, erguendo as sobrancelhas.
- O que houve? Machucou, colega?
PEDRA NO SAPATO
PARTE VI
BOM DIA E OBRIGADA!
QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!