MANDY - PEDRA NO SAPATO IV - PARTE 2
II – PEDRA NO SAPATO
Marco levantou-se e foi para a porta.
- Vou jantar fora com sua mãe, hoje, mas não fale pra ela. Quero fazer surpresa.
- Você anda bonzinho demais, ultimamente. Primeiro foi o anelzinho de brilhantes que deve ter custado os olhos da cara; agora, jantarzinho fora de casa... Eu, hein! Diz aí, quem é a outra?
Antônio jogou uma caneta nele que a pegou no ar, rindo.
- Me respeita, moleque!
Antônio foi acompanhá-lo até a saída.
- Pai, posso ficar no bar do Benê, à noite, até vocês chegarem?
- No bar do Benê, Marco? Não há nenhum outro lugar no mundo que você possa ficar, não?
- Ele é meu tio, pai... O que pode acontecer comigo, lá? Quando vocês voltarem do jantar, passam lá e me pegam...
Antônio pensou, não gostou muito, mas concordou.
- Tudo bem, mas sob protestos sempre. Aquilo não é ambiente pra você.
- Já falei mil vezes e você sabe que a lanchonete do tio é frequentada pela turma do Paralelo. Se você não confiar em mim com meus colegas de escola, vai confiar em quem?
- No Otávio?
Marco olhou para ele e franziu a testa.
- Essa foi de muito mau gosto, hein?
Antônio riu. Marco ia abrir a porta de vidro que dava para a rua, quando uma pedra, vinda de fora, atingiu o vidro, estilhaçando-o, e ainda bateu em seu peito, caindo no chão. Marco tentou proteger o rosto dos estilhaços com a mão direita, mas alguns atingiram sua testa. Antônio e Hilda correram para socorrê-lo, assustados.
- Deus do céu! Você está bem, filho?
- Sei lá... O que...? - Marco mal conseguiu se assustar, tão rápido tudo aconteceu.
Antônio apanhou a mochila do filho e o levou a sentar-se no sofá da recepção e, com um lenço de papel, Hilda tentava parar o sangramento em sua testa. A mão de Marco também sangrava. Ela ainda correu até a rua para ver quem tinha sido o autor de tal façanha, mas não viu ninguém suspeito.
- Quem jogou a pedra já fugiu, doutor Antônio.
- Isso não interessa, agora, Hilda. Vou levar o Marco ao Pronto Socorro. Não avise a Laila, ainda, ela é muito apavorada. Depois, eu mesmo digo o que houve.
- Acho que não foi tanto assim, pai. Uma farmácia já dava conta do recado.
- Você não está vendo o que eu estou vendo, garoto. Vamos indo. Hilda, manda colocar outro vidro, imediatamente. Liga pro Rodrigues, aí mesmo, na João Dias, que ele cuida disso pra mim. Do Pronto Socorro, eu vou pra casa, não volto mais aqui, hoje. Se alguém ligar, querendo falar comigo, pede pra ligar pra lá.
- Sim, senhor.
Horas depois, Marco chegava em casa com uma atadura na testa e a mão enfaixada. Ao vê-lo, Laila mal conseguiu falar direito.
- Meu Deus... O que foi que aconteceu com meu filho?
- Não foi nada, respondeu Antônio, entrando atrás dele. – Já está tudo bem. Foi só o vidro da porta da imobiliária que quebrou e voou nele.
- O quê?! Como? Assim, à toa? - ela quis saber, segurando a mão machucada do filho e acariciando levemente sua testa.
- Uma pedrinha que jogaram da rua, falou Marco. – Já está tudo bem, mãe. Mais uma semana e eu já estou pronto pra outra...
- Pedra? Como pedra? Que pedra, meu Deus? - ela questionava apavorada.
- Eu vou pro meu quarto, ele falou, saindo da sala.
- Antônio...!
- O remetente do bilhete deve ter entrado em ação.
- Você contou pra ele?
- Tive que contar. Ele está muito chateado. Amanhã, eu mesmo vou à escola, falar com aquele rapaz.
- Já devia ter feito isso.
- Eu não tinha e ainda não tenho provas de que foi ele mesmo, mas preciso tirar isso a limpo, mesmo que o Marco não concorde. Vou conversar com ele agora. Arruma alguma coisa pra gente comer, tá, amor?
- Claro... Ele levou ponto?
- Cinco na testa e oito na mão. A coisa poderia ter sido bem pior, se ele não tivesse colocado a mão na frente do rosto...
- Ah, meu Deus... Aquele vidro é tão grosso! - ela falou, aflita. – Podia ter atingindo a vista!...
PEDRA NO SAPATO
PARTE II
DEUS ABENÇOE NOSSO POVO NESSE DIA
BOA TARDE!