MANDY - PEDRA NO SAPATO IV - PARTE 1
I – PEDRA NO SAPATO
O intervalo era a parte mais emocionante da escola para Marco, ultimamente. Ainda mais, quando via Amanda, mesmo de longe. Ele a viu tentando comprar alguma coisa na cantina no meio dos outros jovens e reclamou com Teo:
- Ela aí, tão pertinho, e eu não posso nem dizer oi...
- Você não quer... comprar um chiclete pra mim? - disse Teo, tirando uma nota do bolso e entregando a ele.
Marco olhou para ele e gostou da ideia.
- Mas a professora no Fundamental não dizia que faz mal pro estômago? - Marco perguntou, com um sorriso maroto nos lábios.
- Pode até ser, mas o chiclete é pra mim e vai fazer bem pro resto de você comprá-lo, colega, acredite. Vai lá. A fila da cantina está que não cabe ninguém. Você não se importa de ser um pouquinho amassado pra comprar um chiclete pro seu amigo, se importa?
- Não, parceiro... eu faço questão. Até pago... com o seu dinheiro é claro.
Marco atravessou o pátio e começou a abrir caminho entre os estudantes que tentavam ser atendidos. Amanda já estava no balcão, esperando um misto quente. Ele conseguiu com esforço aproximar-se por trás e, já bem junto dela, pediu:
- Já que você está aí, pede uma Coca e dois chicletes pra mim, por favor?
Ela olhou para trás e, ao vê-lo, sorriu, jogando a cabeça para trás e encostando-se em seu peito.
- Claro! Tudo bem, Marco do Terceiro A?
- Poxa! Eu estou ficando famoso. Você me conhece de onde? Sabe até meu nome!
Amanda riu. O rapaz da cantina trouxe seu misto quente e ela pediu o refrigerante e os chicletes.
- Você é muito gentil, obrigado, ele disse, encostando ainda mais nela, porque alguém o empurrou por trás. - Está apertado aqui, não?
As mãos dele tocaram a cintura dela.
- O Otávio deve estar por aí... ela disse, olhando em volta.
- Pode apostar. Cobra aqui, por favor! - ele pediu ao rapaz, colocando a nota sobre o balcão.
Apanhou o refrigerante e os chicletes, dando um a ela; depois, sussurrou em seu ouvido:
- Pega o troco, depois você me dá... Te amo.
E afastou-se. Amanda foi para outro lado com duas colegas.
Já perto de Teo, entregou o chiclete ao amigo e erguendo a mão aberta para que ele batesse, desabafou:
- Matei minha vontade. Obrigado, cara. Ela está tão cheirosa...
- Você é doido! O André estava lá também, cara. Ele é um dos cãezinhos de guarda do Otávio.
- A ideia foi sua e eu não fiz nada demais. A cantina estava cheia e eu só pedi a uma garota de outra sala pra me comprar um refrigerante. O que tem de errado nisso?
Tomou um gole do refrigerante e sorriu satisfeito.
André tinha visto de fato Marco aproximar-se de Amanda na cantina de forma bem suspeita e foi contar para Otávio.
- Você está brincando! - surpreendeu-se Otávio, ao saber.
- Não estou. Está pintando um clima entre os dois, eu percebi. Ele ficou tão junto dela que não cabia uma folha de sulfite entre os dois.
- Maldito! Então é ele mesmo o cara. Minha desconfiança estava certa. Mas, se ele pensa que vai ficar com a Amanda assim, de graça, está redondamente enganado. Mas eu quero ter certeza. Não dá pra falar com ela, aqui, na escola, mas domingo eu vou até a casa dela. Vou tirar isso a limpo. Aquele panaquinha não vai ficar com a minha garota nas minhas barbas, não.
- Pelo jeito, o bilhete não assustou, não é? - Caio falou.
- Aposto que o pai dele não entregou com medo que o filho ficasse com medo de vir pra escola. Mas ele vai ver só.
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Depois da escola, Marco passou na imobiliária para ver o pai e Antônio estranhou vê-lo por ali.
- Que bons ventos o trazem? Algum problema?
- Não, só vim te ver, falou ele, sentando-se à mesa e apanhando a calculadora do pai.
- Tudo bem mesmo? - Antônio insistiu, achando o filho estranho.
- Tudo...
- Viu a garota, hoje?
- Vi, mas não dá pra falar muito com ela, no colégio. O diretor pediu pra eu evitar chegar perto dela, enquanto não falasse com o ex.
- E não falou ainda?
- Deve ter falado, mas eu não sei no que deu. Sei que ele não me encheu mais, mas vá saber o que eles conversaram... ele digitou alguns números a esmo na calculadora.
- Marco, você acha que vale a pena o risco de ter o queixo quebrado por esse cara? Essa garota vale tudo isso?
- Vale. Eu iria pro hospital sorrindo por ela, pai.
- Não brinca, rapaz! Isso é coisa séria, muito séria... Antônio falou.
Marco riu e colocou a calculadora no mesmo lugar.
- Fica tranquilo. Não vai acontecer nada comigo.
- Você está apaixonado mesmo, não?
- Não, estou amando...
- Não acredito que você já saiba a diferença entra as duas coisas. Você não viveu nada ainda, filho.
- Vivi o suficiente pra saber que a Amanda vai ficar na minha vida por muito tempo, com ou sem o Otávio sobre a Terra. Se ele não existisse, não seria tão maravilhoso lutar por ela, pensar nela, gostar dela...
- Toma cuidado, rapaz...
- Tomo sim, com limão e gelo. Por falar nisso, deixa eu ir almoçar. Estou morrendo de fome, falou ele, levantando-se e indo para a porta.
PEDRA NO SAPATO
PARTE I
DEUS ABENÇOE NOSSO PAÍS NESSE DIA DA PÁTRIA
BOA TARDE!