MANDY (AMANDA, ESCRITO NAS ESTRELAS) II - PARTE 4

IV – MANDY

(AMANDA, ESCRITO NAS ESTRELAS)

Teo sorriu e balançou a cabeça, imaginado que o amigo ou sonhava alto demais ou estava realmente muito apaixonado.

- Se não gosta, por que saiu abraçada com ele?

- Ele é que estava abraçado nela.

- E a beijou à força.

- Há beijos e beijos, Teo. Você sabe disso melhor do que eu. Ela não sentiu nada, tenho certeza.

- Hum, quer dizer que você, de tão apaixonado, já lê até os pensamentos dela.

Marco pensou e respondeu, com certa convicção:

- De certa forma... Eu sinto que ela não vai ser só uma paquera minha, Teo. Eu nem pensava mais em me ligar a ninguém, depois da briga com a Bete. Queria um pouco de sossego. A Bete me divertia, mas era estressante demais namorar com ela! Aí, a Amanda apareceu na minha frente sem eu procurar, sem eu forçar nada... Primeiro no clube... depois no cinema... Sem contar a vez na lanchonete do Benê onde eu a vi pela primeira vez mesmo. Não pode ser só uma paquera... Nós estamos no caminho um do outro. Fomos feitos um pro outro, não me pergunte como eu sei. Eu só sinto...

Teo riu, percebendo a expressão séria do amigo e notando que ele realmente acreditava no que falava, mas não gostava muito de falar sério sobre amor, mudou a linha de pensamento.

- Você assistiu “Love Story”, ontem?

- Não, Marco respondeu, prevendo piada.

- Então deve estar lendo muito Shakespeare, cara. Corta essa!

Sem responder, Marco voltou a andar, sem dar atenção ao amigo.

- Ah, cara, a gente ainda vai dar muita risada desse papo quando eu estiver entrando na igreja, sendo seu padrinho de casamento com a Bete.

Marco parou, fechou os olhos, voltou-se e começou a falar, taxativo:

- Pega a Bete e...

- Marco...!

*******************************

À noite, quando Antônio Carlos Ramalho chegou em casa do trabalho, estranhou que tudo estivesse em silêncio no corredor, pois, geralmente, o aparelho de som estaria ligado na maior altura no quarto de Marco. Antônio colocou a valise no sofá e foi até a cozinha; beijou Laila e perguntou, desfazendo o nó da gravata:

- O Marco não está?

- Está. Chegou da escola pisando em pregos, foi para o quarto e não saiu mais de lá. Fui conversar com ele, mas não quis falar nada, disse que só estava cansado. Disse que tinha um trabalho chato de Português pra fazer e não queria ser incomodado. Tirou até o telefone da tomada.

- Nossa, não bastava tirar do gancho?

- Não, disse que não queria receber nem mensagem.

- Hum... Isso está me cheirando a garota. Será que está sentindo falta da Bete?

- É, foi isso que eu pensei.

- Vou falar com ele.

- Eu ia te pedir isso, querido. De homem pra homem a conversa rola melhor.

Antônio foi até o quarto do filho e, ao chegar à porta, bateu:

- Marco, posso entrar?

O rapaz estava deitado na cama de bruços, com o rosto escondido numa almofada. Sherlock, como de costume, deitado junto dele, dormindo. Marco levantou-se rapidamente, sentou-se à escrivaninha, abriu um caderno em qualquer parte e disse:

- Estou estudando, pai.

- Um minuto só. Queria só dizer oi.

Marco foi abrir a porta e voltou a sentar-se.

- Tudo bem? - disse Antônio, beijando o alto da cabeça do filho.

- Tudo, e você?

- Bem, muito trabalho, como sempre.

Marco apoiou a cabeça na mão, fingindo estar lendo algo no caderno.

- Já vai ter prova? - perguntou Antônio, sentando-se na cama do filho. - Mal começou o ano.

- É... O professor quer testar a gente pra ver como saímos do segundo. Ano passado era outro professor.

- Hum... Português, não é?

- Matemática...

- Você sempre foi bom em Matemática. Não precisa nem estudar.

- Era bom porque estudava, pai.

Antônio riu.

- Sua mãe falou que você está aqui no quarto desde cedo. Isso não faz bem e não é muito comum em você.

- Não estou estudando desde cedo. Já dormi um pouco, até.

- Você, dormindo durante o dia? Está doente? - perguntou Antônio, colocando a mão em sua testa.

Marco desviou a cabeça, desvencilhando-se da mão do pai.

- Não, não tenho nada não! Eu estou bem, pai.

Antônio ficou olhando para ele, agora sério e voltou a perguntar:

- Não quer mesmo se abrir? Você sabe que pode contar comigo sempre.

- Eu sei... mas não tenho nada mesmo. Sério.

Antônio bateu de leve em sua perna e foi para a porta, voltando-se e comunicando:

- O jantar já vai sair.

E saiu, fechando a porta.

Sozinho, Marco cruzou as mãos na nuca e respirou fundo. Dizer o quê para o pai? Que estava paquerando a garota de um colega de classe? Seria ridículo!

No jantar, ele comeu e falou pouco. Respondia quase monossilabicamente a tudo que os pais perguntavam, sem ser grosseiro nem mal educado, mas não estava mesmo para conversas e, ao final do jantar, pediu licença aos dois, levantou-se e falou:

- Vou até a lanchonete do Benê.

- Agora, filho? - Laila perguntou.

- Eu volto cedo, prometo, falou, beijando-a na testa.

- Juízo, aconselhou Antônio.

- Eu tenho, até demais...

MANDY

PARTE IV

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 31/08/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6435153
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