P - ANTES DE TUDO... BETE - PARTE 1

PRÓLOGO - ANTES DE TUDO – BETE – PARTE I

Quando Marco chegou em casa depois do cinema com Bete, estava meio estranho. Ele tinha estado com ela a tarde toda e eles tinham passado dos limites. Tinham transado pela primeira vez. Aquilo era algo que Marco não tinha imaginado fazer tão cedo, mas já tinha algum tempo que apenas sonhava com a possibilidade.

Bete era uma garota muito experiente, apesar da idade, mas ele não imaginava que era tanto. Ela conseguiu induzi-lo a partir para o próximo passo, afinal de contas os dois já tinham seis meses de namoro. O problema é que ela estava preparada para isso, mas ele ainda não, pelo menos ainda não tinha pensado em tomar uma atitude tão extrema com menos de dezesseis anos, mesmo querendo muito.

Ele entrou em casa e tratou de ir rapidamente para o quarto, para não ter que cruzar com a mãe. A impressão que tinha era que ela descobriria tudo apenas ao olhar para ele. Laila era muito perspicaz e o conhecia do avesso, o que o deixava muito incomodado. Os horrores de ser filho único!

Entrou no quarto e fechou a porta atrás de si rapidamente. Fechou os olhos e respirou fundo. Laila tinha ouvido barulho na casa e foi até o quarto dele.

- Marquinho, chegou, filhote?

Ele chegou a se assustar com a voz da mãe, mas respondeu:

- Cheguei, mãe!

- Está tudo bem? Você nem veio me dar um beijo, querido.

- Está... É que... Eu... O Sherlock me distraiu. Eu... vou tomar um banho e já falo com você... pode ser?

Laila estranhou o jeito dele falar, mas tentou não se estressar com isso.

- Pode, pode sim. O jantar já está pronto. Venha logo que terminar, está bem?

- Está.

- A Bete está bem? Tudo bem com vocês? Como foi o filme?

- Tudo... Tudo bem. Foi legal... demais.

Laila também estranhou o fato de ele não ter chegado querendo contar o filme inteiro para ela, já que gostava muito de cinema.

- Quando eu terminar, eu te conto, mãe. Depois, tá?

- Tudo bem, amor. Não demora.

Laila voltou para a cozinha e ele escorregou pela porta até sentar no chão, colocando a cabeça entre as pernas e cobrindo-a com os braços querendo desaparecer sob a terra.

Minutos depois, levantou-se do chão e decidiu que ia mesmo tomar um banho. Parecia sentir cheiro de sexo na roupa que estava vestindo. Levou um susto quando o pai bateu na porta.

- Marco, posso entrar?

- Pai?!

- Eu, claro, quantas pessoas você acha que moram nessa casa?

Ele engoliu em seco e abriu a porta. Antônio entrou.

- Oi, tudo bem?

- Tudo... ele respondeu, começando a tirar a camisa. – Eu ia tomar um banho...

- Eu queria dar uma palavrinha com você antes, é possível?

Marco não costumava contrariar o pai em quase nada, porque além de serem grandes amigos, ele tinha um grande respeito pelo pai.

- Não dá pra esperar, pai?

Antônio estranhou o jeito dele, assustado, e isso o motivou a querer ainda mais a conversa.

- É uma coisa que eu estou querendo saber de você há algum tempo.

Marco gelou, respirou fundo e sentou-se na cama.

- O quê?

Antônio sentou-se a seu lado e estreitou os olhos.

- Você está bem, filho? Parece nervoso. Aconteceu alguma coisa?

Marco fechou os olhos, tentando acalmar-se.

- Não, nada... Eu... estou bem.

O gato siamês Sherlock entrou no quarto e pulou em seu colo e ele se assustou até com isso que era coisa natural do bichano com ele. Um hábito super normal.

- Sai, Sherlock.

Ele colocou o gato no chão e passou a mão na testa. Sorriu amarelo para o pai e esperou.

- Você está bem mesmo? - Antônio perguntou ainda desconfiado.

- Já falei que estou, pai, ele respondeu mais bruscamente, querendo muito que aquela conversa acabasse ali.

Antônio não se convenceu e foi direto ao ponto que o estava preocupando.

- A Bete está bem?

- Está... Por quê? - ele perguntou.

- Aconteceu alguma coisa entre vocês?

Marco piscou nervosamente, engoliu em seco mais uma vez e balançou a cabeça negando sem conseguir responder com palavras.

- Marco, você sabe que pode me contar tudo, não sabe? Pode confiar em mim pra qualquer coisa. Antes de ser seu pai, eu sou seu amigo. Acredita nisso?

Ele sentiu a respiração ficar difícil e desviou os olhos.

- Acredito...

- Então fala, o que está havendo? Aconteceu alguma coisa no colégio? Tirou alguma nota baixa...

Marco passou a mão pela testa e levantou-se.

- Não! Não está acontecendo nada, eu já disse. Eu só quero ir tomar meu banho, pai. O que você queria dizer pra mim, antes?

Antônio levantou-se também, sem se convencer, e respondeu:

- O Lemos, pai dela, disse pra mim hoje que está muito feliz por vocês estarem namorando. Ele está pensando em comprar um apartamento comigo na imobiliária.

- Legal... ele falou, sem muito interesse.

- Você gosta mesmo dela?

- Gosto... Ela é... divertida, bonita... diferente das outras garotas do colégio.

- E ela gosta muito de você. Eu percebia quando ela vinha até a imobiliária com o pai. Vocês ficam bem juntos.

Marco abaixou os olhos e sorriu timidamente.

- Ela me parece uma garota muito... liberada também. À frente do seu tempo... demais até pro meu gosto, Antônio disse, escolhendo as palavras.

- Como assim?

- Eu só acho... que não gostaria de ter uma filha... como ela.

- Por quê?

Antônio sentou-se de novo.

ANTES DE TUDO: BETE

BOA TARDE!

Velucy
Enviado por Velucy em 29/08/2018
Código do texto: T6433706
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