MANDY - UMA GATA CHAMADA AMANDA I - PARTE 6

VI – UMA GATA CHAMADA AMANDA

No café da manhã, no domingo, Antônio perguntou, enquanto lia o jornal:

- É verdade que você brigou com a Bete, filho?

Marco olhou para o pai surpreso e quase se engasgou com a fatia de pão com geléia que mastigava.

- Ela brigou comigo, pai, mas... como é que você sabe disso?

- Ciúme bobo, como das outras vezes? - Antônio perguntou, fingindo não ter ouvido a pergunta, tomando um gole de café.

- É, o de sempre. Ela não confia em mim.

- O que você fez dessa vez?

- Isso... é assunto meu, pai. Pode deixar que eu resolvo.

- Hum... resmungou Antônio, limpando os lábios com o guardanapo. - Mas o pai dela esteve na imobiliária, ontem. Sabia que estávamos para vender uma casa pra ele na Chácara Flora?

- E daí? Eu vou ter que rastejar pra Bete pra você poder fazer negócio, é? Tire o cavalinho da chuva, pai. Me inclua fora dessa.

- É um negócio de milhões, disse Antonio só para testá-lo.

- A Bete não anda dando nenhum centavo por mim e nem eu por ela na cotação atual. Não pega no meu pé. Eu já tentei ligar pra ela pra pedir desculpas por uma coisa que eu nem sei que fiz e ela bateu o telefone no meu nariz duas vezes. Não quero mais saber. Estou em outra.

- Que outra? - perguntou Laila, com um sorrisinho. - A Amanda?

- Não, mãe. Esquece isso. Estou em outra é só forma de expressão. Não quero mais saber da Bete. Página virada.

Ele levantou-se, beijou a mãe e foi para a porta.

- Aonde você vai? - perguntou Antônio.

- Dar um giro de bicicleta pelo clube. Volto só pro almoço.

- Antes de uma hora, hein? - Laila acentuou.

- Sim, majestade! - falou o rapaz, com uma reverência, saindo em seguida.

Ele apanhou a bicicleta e entrou no trânsito da rua. Andar de bicicleta era um costume que ele tinha desde pequeno. Como era filho único e não tinha sido acostumado com crianças em casa, costumava fazer isso por puro prazer e, às vezes, para pensar ou se acalmar quando alguma coisa não ia bem. Mesmo no meio do trânsito louco, ele conseguia resultados fantásticos.

Já junto ao muro do clube, que ficava a poucas quadras de sua casa, ele se misturou às dezenas de jovens e adultos que aproveitavam o domingo de sol para correr por ali, o que dava uma gostosa sensação de não estar sozinho e, ao mesmo tempo, não tinha ninguém para aborrecer.

Estava absorto na sensação deliciosa que era sentir o vento bater no rosto pela velocidade da bicicleta, quando viu, de não muito longe, uma garota abaixar-se para amarrar o cadarço do tênis. Os cabelos loiros encobriam seu rosto e Marco sentiu a sensação de já tê-los visto antes. Conhecia aqueles cabelos. Passou pedalando muito perto dela, mas não conseguiu ver seu rosto. Desistiu e foi embora.

Foi Amanda, a dona dos cabelos, que, ao sentir as rodas da bicicleta passarem tão perto, levantou o rosto e o reconheceu, mesmo de costas, mas ele já estava longe. Ela ergueu-se e, curiosa, resolveu correr na mesma direção em que ele tinha ido e, mais adiante, Marco olhou para trás e a viu. Diminuiu a velocidade e deu a volta. Amanda continuou correndo normalmente e ele passou por ela lentamente, olhando bem seu rosto, mas ela fingiu ignorá-lo. Marco parou a bicicleta e sorriu, olhando-a se afastar, sumindo no meio das pessoas. Pensou:

- Mandy... Coincidência...? Isso não existe...

Subiu novamente na bicicleta e a seguiu. Já estava quase perto dela, quando viu um carro parado, e, encostado nele, nada mais nada menos que Otávio, esperando por ela. Marco parou. Viu quando Amanda se aproximou do rapaz e os dois trocaram um beijo; depois, ela entrou no carro, Otávio também e foram embora.

- Eu não acredito... ele falou baixinho, aborrecido.

Por pura teimosia, começou a seguir o carro de longe, fazendo o possível para não ser notado, já que ambos já o tinham visto na escola.

Não tinha rodado ainda cinco quadras quando o carro parou no meio fio. Marco parou também, a poucos metros dele, e percebeu que os dois discutiam dentro do veículo, pois Otávio gesticulava muito. De repente, Amanda abriu a porta e saiu do carro, dizendo com voz alterada:

- Pra mim chega! Cansei, Otávio! Não tenho mais paciência!

Ela começou a andar rápido pela calçada. Otávio saiu também do carro e gritou:

- Amanda! Volta aqui, garota! Amanda!

Marco balançou a cabeça e riu discretamente do vexame que o colega de classe estava dando no meio da rua.

UMA GATA CHAMADA AMANDA

PARTE VI

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 28/08/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6432274
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