MANDY - UMA GATA CHAMADA AMANDA I - PARTE 2
II – UMA GATA CHAMADA AMANDA
Marco morava no bairro de Santo Amaro, à Rua João Dias, bem perto dali. O pai tinha uma imobiliária na Rua Adolpho Pinheiro e ele resolveu passar por lá, antes de ir para casa.
Antônio Carlos Ramalho, 39 anos, corretor de imóveis, estava ao telefone, quando o filho chegou. Parecia nervoso, pois andava de um lado para o outro, gesticulando. Marco acenou para ele para se fazer notado e Antônio apenas mostrou o relógio, abanando a cabeça como a dizer não ter tempo para ele naquele momento. Marco fez um sinal de positivo com a mão e saiu pela porta de vidro pela qual mal havia entrado.
Já em casa, minutos depois, foi para o quarto e jogou-se na cama, apanhando o telefone. Depois de um longo suspiro, começou a discar o número de Bete. Dois toques, atenderam.
- Alô! - respondeu a vozinha fina dela.
- Bete, sou eu... ele começou a falar.
- Vá pro inferno! - ela gritou, desligando o aparelho em seguida.
Ele resolveu insistir e ligou de novo. Ela voltou a atender.
- Bete, eu não tive culpa de nada. Eu não estava...
A garota tornou a desligar e ele respirou fundo, fechando os olhos e batendo o telefone no gancho com força.
- Dane-se! Não quer? Tem quem queira! - gritou para o telefone. – Você vai ver só!
Começou a tirar a roupa, zangado, e foi para o banheiro, enfiando-se num banho de chuveiro frio que durou meia hora. Enquanto se enxugava, veio à sua mente o rosto da garota do bar do tio. Ficou imaginando se iria vê-la de novo ou se era só mais um rosto bonito que viu e ia sumir de vista, como tantos outros.
- Marquinho! - ouviu o chamado da mãe, entrando em casa.
Ele odiava quando ela o chamava assim, mas... mãe era sempre mãe, e os filhos são sempre pequenos, mesmo depois que crescem.
- Estou aqui, mãe!
- Aqui onde, baby?!
- No banheiro, Lady Laila! - ele esclareceu, rindo, parodiando Roberto Carlos.
Silêncio, os passos dela no corredor e o toque na porta.
- Abre, filhote. Tenho novidades!
- Mãe, eu estou me enxugando ainda! ‘Tô no banho, não percebeu?
- Ora, tenha dó, meu filho. Eu já conheço você de cor e salteado. Abra! Quero mostrar uma coisa!
- Mas eu não quero mostrar nada, engraçadinha. Espera um pouco!
Ele se enrolou na toalha e abriu a porta.
Laila, uma mulher muito bonita, trinta e cinco anos, loira, cabelos curtos, entrou, já estendendo a mão esquerda para ele. O dedo anelar da mão deixava reluzir um lindo anel de brilhantes ao lado da aliança de casamento.
- Olhe só o que eu ganhei do seu pai!
- Poxa, mãe, que lindo! - ele respondeu, segurando a mão dela e apreciando a joia. - Mas o aniversário de casamento de vocês não é em maio? O seu é em outubro...
- Descobri que seu pai tem um caso com a Hilda, ela disse, séria.
- Como é que é?! - ele espantou-se.
- Pois é. Ela mesma me contou. Aí, eu coloquei seu pai contra a parede e exigi o anel; se não, me separaria dele.
- Eu não acredito, Marco arriscou, desconfiado e morrendo de medo que fosse verdade.
- No quê?
- Não acredito que o papai tivesse um dia pensado em simplesmente olhar pra outra mulher, com outros olhos que não fosse só de amigo e não acredito que você tivesse só aceitado um anel em vez de matá-lo, se fosse verdade.
Ela ficou olhando para o filho por algum tempo, depois começou a rir e beijou seu rosto.
- Você confia mesmo no seu pai, não é?
- Você estava brincando, não estava?
- Estava, claro que estava. Hoje faz vinte anos que nós começamos a namorar.
- Poxa, que alívio! Não brinca assim de novo não, mãe!
- Você não acha que seu pai seria capaz de me trair um dia, não?
Ele pensou por um momento e, com um sorriso maroto nos lábios, respondeu:
- Não com a Hilda. Ela é morena. O papai gosta de loiras.
Laila quis estrangulá-lo, mas só arrancou sua toalha e saiu do banheiro.
- Homens! - exclamou.
Marco ria enquanto arranjava um jeito de se cobrir de alguma forma.
- Devolve a toalha, mãe! Minha roupa está no quarto!
UMA GATA CHAMADA AMANDA
PARTE II
BOM DIA A TODOS!