MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (FINAL)-PARTE 10
MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL - FINAL
Na semana seguinte ao aniversário da sobrinha, como havia prometido, Wagner sai bem cedo de casa e vai até Ribeirão Preto buscar Janete até Casa Branca para providenciar tudo que havia falado que faria.
Ele passa o dia inteiro fora, aproveitando o final de semana prolongado do Dia de Tiradentes. Volta para casa bem tarde da noite, pois teve que levar Janete para casa e isso foi bem demorado. Ao chegar à fazenda, coloca o carro na garagem, mas resolve não entrar em casa quando sai dele. Percebe luzes acesas na casa, mas não tem coragem de entrar. Sabe que a madrasta deve estar acordada esperando por ele ou, pior ainda, o pai e como todos na casa sabem o que ele foi fazer, vão bombardeá-lo de perguntas que ele não quer responder ainda.
Sua vida deu uma guinada muito fora do que ele havia planejado até ali e naquele momento ele está cansado até a alma.
Vai para o velho armazém, tira o casaco do paletó, joga-o longe, desfaz o nó da gravata e senta-se num fardo de feno, deitando-se nele, fechando os olhos e colocando o braço sobre o rosto.
Diana sai da casa, preocupada com a demora do irmão e vê a luz da garagem acesa. Vai até lá e vê o carro dele, mas não o encontra. Supõe que, se ele não entrou na casa, deve estar protelando isso. Vai até o armazém e o vê ali. Aproxima-se e fica penalizada, em pé perto dele; imagina mais ou menos o que o irmão deve estar sentindo.
Ela toca o braço do irmão.
- Maninho...
Wagner afasta o braço do rosto e sorri sem vontade, ao ver que é ela. Levanta-se.
- Oi, Didi.
- Estou incomodando? Você está bem?
Ele passa as mãos pelo rosto e ela nota a aliança na mão esquerda dele.
- Cara, teve até aliança? – ela pergunta.
- Pois é... ele diz, segurando a própria mão e escondendo a argolinha, meio constrangido. - O juiz de paz disse só faria o casamento às pressa do jeito que foi, se tivesse aliança e tudo de praxe, terno, gravata e os cambal. A Janete amou a palhaçada...
- Ô, irmãozinho, eu sinto tanto... ela diz, passando a mão por seu rosto, triste por ele. – Fora esse perrengue, deu tudo certo, em relação ao André?
- Deu. A certidão do André fica pronta em um mês e a de casamento também. Agora o nome dele é André Luís de Souza Valle e o dela é Janete Maria de Souza Valle... Legalmente, meu filho e... minha mulher... no cartório de Casa Branca. Legalmente... eu sou casado. Dá pra crer, Diana? Depois de doze anos... eu sou um homem casado!
Ele faz uma careta e esconde o rosto nas mãos, sentindo vontade de chorar, mas se controla para não fazer isso na frente a irmã. Diana envolve seus ombros e o abraça, solidária.
- Você vai usar essa aliança? Você não tem que fazer isso. Não vai nem morar com ela. Nem vai consumar esse casamento de mentira mesmo, pelo que você me disse.
- Esse casamento já foi consumado há doze anos, Didi. Quem está atrasado sou eu! Meu filho já tem doze anos!
Ela fica sem saber o que dizer. Ele continua:
- Eu lembro... que o Cláudio tirou a aliança que usou por oito anos, quando descobriu que ia ter que assumir a gravidez da Mônica e que não tinha mais sentido usar um símbolo de um casamento que não existia mais... por respeito a ela, à Tânia e a ele mesmo. Eu vou usar essa aliança... pra me lembrar de quanto eu fui idiota. Vou ficar com essa argola no dedo pra me dizer todo dia... que eu vacilei feio deixando a Janete me usar e engravidar de mim há doze anos. O Cláudio era pelo menos muito apaixonado pela Mônica... e tentou de tudo pra não fazer besteira sendo casado com a Tânia... Eu não queria me casar com ninguém quando engravidei a Janete... Estou casado com ela agora. Eu mereço estar usando essa algema. Nem a minha Linda mereceu ficar ligada a mim desse jeito. Morreu antes... Tudo acontece... quando tem que acontecer. Meu castigo veio a pé, bem devagarinho, mas veio... e eu mereço isso, Didi.
Duas lágrimas rolam pelo rosto dele. Diana o abraça forte, acariciando seus cabelos. Wagner chora em silêncio, com o rosto escondido em seu ombro.
- Pensa só que você tem seu filho muito fofo que merece isso que você está fazendo por ele, Wagner. Nem tudo é só tristeza.
- É... Eu gosto de ver o jeito prático que você dá pras coisas, mana. Obrigado...
- Posso te deixar ainda mais triste?
Wagner levanta o rosto e olha para ela, enxugando-o.
- Mais triste, Diana?
- Logo, logo seremos dois com uma argolinha no dedo da mão esquerda. Eu vou me casar também, ainda esse ano.
- O quê? Com quem?
- Com o Thiago, meu namorado! Quem mais?
- Brincou! Você vai casar com aquele magricela?
- Não xinga meu gatinho assim... Ele é meu fofo! E eu o amo muito, bobão. Ele vem falar com o papai no final de semana que vem.
- Mas você vai dar um susto no velho! Ele nem sabe que você namora, como o Thiago vai te pedir em casamento?
- Pedindo, oras. Eu já tenho vinte e cinco anos. Estou quase ficando pra titia. Já passou da hora. Eu não tinha nem que pedir nada pro papai. Vamos só comunicar a ele e a minha mãe que vamos nos casar, fingindo que estamos pedindo. Minha mãe ficou muito feliz quando soube.
Wagner sorri e beija seu rosto.
- Também estou feliz... pestinha.
- Não fala assim que eu morro de saudades do nosso irmão... Ele não gostava que você me chamasse desse jeito, lembra? De quando eu conversava com ele e dizia que não queria nunca me apaixonar e me casar e ter filhos e essas coisas todas... Meu Cla... morro de saudades...
Eles se abraçam e ficam assim por algum tempo, pensando no irmão que não está mais ali.
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Diana apareceu na fazenda na semana seguinte com o colega da faculdade de Fotografia, Thiago Bernardes, com quem naquele ano ficaria noiva. Seu primeiro namorado oficial! Todos na casa já sabiam que ela namorava o rapaz, menos o pai.
Ele seria então, no futuro não muito distante, seu marido, com o qual ela teria um filho, dois anos depois. E a vida seguiria seu curso, naquele pequeno PARAÍSO na terra.
São Paulo, 23/08/18
MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL
FINAL
OBRIGADA SEMPRE!
COMO EU SEMPRE DIGO... SONHAR É DE GRAÇA!
SONHE E RESPEITE O SONHO DO OUTRO.
RESPEITO É A PALAVRA DA MODA, AMIGO!