MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 54B

MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL

PARTE LIVb

Elis desce as escadas. Cássio vai ao quarto da menina. Quando chega perto da porta que está aberta, ele vê Mônica sentada na cama da filha, passando um vestido. Ele bate na porta. Mônica se volta e sorri.

- Oi, doutor, entre!

- Muito ocupada?

- Já estou terminando.

Ele entra e fica observando-a passar o vestido. Ela termina um último detalhe na gola branca, respira fundo, olhando para o próprio trabalho e olha para ele.

- Trouxe as crianças?

- Trouxe, só quinze. A irmã Gabriela decidiu mandar só quinze. As outras vão vir amanhã.

- Eu imaginava que ela ia fazer isso. Ela sempre acha que as crianças vão dar trabalho pra gente, mas elas nunca dão.

- Vocês têm como acolher tanta criança aqui na fazenda?

- Eu ainda não te mostrei tudo aqui, não é?

- Tudo o quê?

- Senta aqui.

Cássio se senta na cama ao lado dela.

- Nós construímos, há alguns anos, um galpão de madeira, ao lado do armazém, que foi feito com o intuito de servir para as crianças que vêm brincar com a Maria Cecília aqui na fazenda. Nela cabem quase cem crianças. Tem camas, mesinhas, cadeiras, um banheiro dividido em dois, masculino e feminino e uma mini-biblioteca. É tudo pequeno, mas já ajuda. E eles adoram ficar lá.

- Mas essa foi uma ideia maravilhosa! Quem teve a iniciativa?

- Minha filha... ela diz, sorrindo.

- A Mi?

- Ela mesma. Quando fez nove anos, ela ficou tão triste quando o filho do nosso antigo administrador se despediu dela, porque ia sair da fazenda com os pais pra ir morar em Santa Cruz das Palmeiras. Era o único amiguinho dela aqui. Ela ia ficar sozinha. Era a única criança na casa. Eles têm a mesma idade.

- Por que ele se mudou?

- O pai dele, José Lopes, comprou um sítio lá e ia começar uma vida nova, independente. Meu sogro aposentou ele por serviços prestados e ele foi embora, infelizmente. Como meu cunhado já tinha se formado em Agronomia e ia tomar o lugar dele na gerência dos negócios, o próprio Wagner teve a ideia de liberá-lo. O Claudinho foi embora naquele ano.

- Claudinho? O nome do seu... marido?

- O pai dele deu a ele o nome do meu marido. Lopes gostava muito dele e... foi ele quem fez o parto da Carolina. Nós dois.

- Interessante... Homenagem bonita.

- Quando... a minha filha viu as crianças indo embora, no dia seguinte da festinha dela de nove anos e viu que ia ficar sozinha, me veio com isso. Durante o café, ela perguntou pro padrinho se seria possível fazer um quarto grande aqui dentro pra eles não terem que ir embora.

- E ele?

- Claro que ele disse que não, não é? Construir um quarto aqui dentro seria impossível, mas depois de muito pensar, ele viu que do lado do armazém tinha um grande espaço ocioso e... embarcou na ideia dela. É tudo muito simples, o galpão é de madeira, mas é aconchegante e seguro. Depois eu te levo lá.

- Vou adorar conhecer.

Mônica coloca o vestido da filha num cabide e pendura-o no guarda-roupas.

- Achei legal o jeito que a Elis se vestiu hoje. Ela parece uma fazendeira, com maria-chiquinha e tudo.

- Ela disse que quer se vestir como a sobrinha hoje e amanhã. Ela é doida pela Maria Cecília.

- Ela quase nunca está aqui quando eu venho.

- Geralmente está na escola, na cidade.

- Ela estuda o quê?

- Está terminando o Ensino Médio este ano, mas diz que quer fazer magistério ano que vem no Francisco Thomaz pra começar a dar aulas pra crianças como minha menina. Ela adora criança, como o irmão adorava, mas quer voltar esse amor para outro lado. Ela quer ser professora. Quer ensiná-las.

- Ela parece tão... seca, às vezes...

- Não é. Elis é muito crítica como o pai. Não ri fácil, mas é muito carinhosa. O irmão dela era assim...

Cássio olha em volta e seu olhar para no nome de Maria Cecília, escrito em letras grandes na parede, com os nomes dos pais saindo de suas iniciais.

MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS...)

PARTE 54b

OBRIGADA! BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 20/08/2018
Reeditado em 21/08/2018
Código do texto: T6424347
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