MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 51
MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL
PARTE LI
Maria Cecília não se contenta só com o toque da mão dele e se aproxima mais, abraçando o pai. Começam a chorar juntos e ele beija sua testa várias vezes.
- Meu anjinho!
- Como... como isso está acontecendo? Eu morri também, papai?
- Não, eu pedi... e Ele permitiu.
- Ele quem? Deus?
Cláudio sorri, acariciando os cabelos longos da filha, mas não responde.
- Você não pode ir embora, a menina diz. – Eu ainda preciso de você.
- Você já provou que não e eu já falei que vou estar sempre com você e com sua mãe. - Eles se afastam. – Eu preciso que você não fique triste com isso. Só se lembre que eu te amo... muito... e pra sempre...
Cláudio dá um beijo longo em sua testa e Maria Cecília respira fundo e enxuga o rosto, tentando ser forte.
- Promete que vai ficar bem? – ele pergunta.
- Vou tentar...
- Não, não vai tentar, vai conseguir. Se você me ama também, vai conseguir.
- Eu te amo...
Cláudio sorri e se levanta.
- Pra onde você vai agora? – ela pergunta.
- Vou até a cocheira. O Diamante está me esperando lá, lembra?
- Você vai levar ele embora?
- Você vai saber logo. Eu só queria que você aproveitasse o dia de hoje e amanhã sem pensar no que aconteceu aqui.
- Como? Se eu não estou dormindo, vai ser meio difícil esquecer.
- Quer que eu te faça esquecer?
- Não! Não, por favor não!
- Então seja forte e pense que tudo acontece...
- ...quando tem que acontecer, ela continua. – Você vai ficar bem?
- Se você ficar... Deus te abençoe, meu amor.
- Amém...
Cláudio beija a testa da menina e se afasta dela, mas se volta e diz:
- Me esqueci... Parabéns!
Ela sorri e beija a palma da mão lançando o beijo para ele.
- Tchau... - sussurra.
Ele se afasta e desaparece na frente de seus olhos. Maria Cecília se senta no chão, chorando.
- Pai...
Ela sente uma mão em seu ombro e se volta assustada. É Lucila.
- Vó...
- O que foi, meu bem? Por que você está chorando? Você se machucou?
Ela se levanta e se abraça à avó, chorando ainda mais.
- O que aconteceu, meu bem? Está me deixando preocupada. Vamos até em casa. Eu vou lhe dar um copo de água com açúcar e você me conta o que aconteceu.
- Eu não estou nervosa, vó. Só estou triste...
- Triste por quê? Hoje é a véspera do seu aniversário. Não pode ficar triste. Hoje e amanhã são dias de alegria.
- Eu sei...
As duas chegam à casa de Lucila e ela serve à menina um pedaço de bolo de abacaxi.
- Coma um pedaço de bolo. Está bem docinho. Vai te animar, diz Lucila, sentando-se a sua frente.
Maria Cecília olha para o bolo, suspira e começa a comê-lo, sem muito ânimo.
- Sabe de uma pessoa que ia ficar muito triste se visse você triste assim? - Lucila pergunta.
- Quem, vó?
- Seu pai. Onde quer que ele esteja não ia gostar de ver essa carinha linda com essa expressão tão macambúzia.
- Tão o quê, vó? – a menina pergunta, conseguindo sorrir.
- Macambúzia, quer dizer triste, melancólica.
- Ah...!
Ela começa a pensar em tudo que tinha ouvido do pai naquele dia e uma lágrima escorre pelo seu rosto, mas ela começa a comer o bolo e enxuga o rosto. Lucila coloca a mão sobre a mão da neta, preocupada com o que pode ter deixado a menina tão triste. Preocupada ainda com isso, Lucila resolve levar Maria Cecília até a casa grande, embora ela tenha dito que não precisava. Quando elas entram em casa, Magda vem da cozinha e pergunta:
- Onde você estava, filha? Procurei você pela casa toda.
- Ela estava no jardim do bisavô, Magda. E parece que está com um pouquinho de febre.
- Febre? - pergunta Magda, aproximando-se da menina e tocando sua testa.
- Eu não estou com febre, diz Maria Cecília, tocando a própria testa.
Magda verifica que ela realmente está quente, acima de sua temperatura normal.
- Está mesmo, Lucila. Leve ela para o quarto que eu já levo um chá e um antitérmico.
- Eu não estou com febre, vó! Não posso estar com febre na véspera do meu aniversário.
- Suba, eu vou ligar pra sua mãe. Ela foi até o Desterro, mas já volta. Foi preparar as crianças que virão pra cá amanhã. Ela está pensando em trazê-las hoje mesmo, à tarde. O doutor Cássio vai vir dirigindo a van.
- Se as crianças vão vir pra cá, hoje, eu não posso ir pro quarto e não posso estar doente! Eu não estou doente, vó!
- Você está com uma febre leve, Mi. Com certeza vai passar, então suba, faça o que estamos dizendo e tudo vai ficar bem, mas você só vai descer depois que melhorar. Suba!
- Vem, filha, pede Lucila puxando-a pela mão, delicadamente. Eu vou dar um banho morno em você.
- Você vai me dar banho? Mas, vó...!
- Não dou se você não quiser, mas seria bom você tomar um banho morno. Talvez isso ajude a febre abaixar.
A menina suspira com impaciência e sobe com a avó paterna, passando a mão pela cabeça e admitindo para ela mesma que a cabeça dói um pouquinho. Admite também que ficou assim depois que se despediu do pai. Precisa aceitar que ele se foi, sem se sentir triste como está.
MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS...)
PARTE 51
OBRIGADA! BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!