MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 41

MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL

PARTE XLI

Mônica não consegue dizer nada. Apenas sorri. Cássio sai com a freira e ela se senta pesadamente na cadeira e coloca a mão no peito.

- O que foi isso, meu Deus? O que está acontecendo comigo?

Ela pega a ficha de Cássio e lê toda ela novamente.

- Cássio Luís Ribeiro Vilella. Pediatra... CLRV... As mesmas iniciais do meu Cláudio... Ele também é de... sete de julho... como ele... É muita coincidência junta... Não pode ser só coincidência... Isso não existe. Mas o que significa isso então?

Mônica olha para o quadro de Cláudio na parede sobre sua mesa e pergunta a ele:

- O que quer dizer isso, meu amor? Você não está aprontando nada pra mim, está?

Ela passa as mãos no rosto e vai colocar a ficha no arquivo na letra C. Fica parada naquela seção e pega a ficha de Cláudio, que ainda está ali, mesmo depois de tantos anos de sua morte. Começa a ler a ficha inteira: Cláudio Leonardo Russel Valle, sete de julho de mil, novecentos e cinquenta, pediatra, formado em dezembro de mil, novecentos e setenta e cinco. Natural de Casa Branca, Estado de São Paulo. Filho de Leonardo Valle e Christy Marie Russel Valle.

Os olhos dela se enchem de água e ela beija a ficha.

- Que saudade, meu amor.

Ela coloca a ficha de volta no mesmo lugar e fecha o arquivo. A porta se abre e ela enxuga o rosto rapidamente, voltando-se. É Renato.

- Posso entrar, Mônica?

- Claro. Bom dia, Renato. Pensei que você não viesse hoje. O que está fazendo aqui?

- Eu acabei de chegar de Campinas. Foi acertar meu passaporte e os últimos detalhes da viagem... Você já conheceu ele?

- Ele quem?

- O Cássio! Doutor Cássio Vilella. Ele disse que talvez viesse falar com você, hoje. Ele veio?

Ele se senta diante da mesa e ela se senta também à sua frente.

- Veio, aliás... ele ainda está aqui. Está conhecendo as crianças.

- Ah, ótimo! Gostou dele?

- Se eu gostei dele? Eu mal o conheço, Renato...

- Mas do jeito que eu sei que você é crítica com tudo e tem um faro espetacular pra conhecer pessoas, me diz só a sua primeira impressão.

- Ele é... bem diferente. Bem humorado, bem... extrovertido, gosta de criança, pelo que ele disse...

- Gosta sim, eu sou testemunha. Não o indicaria se não fosse assim. Ele adora o que faz, como doutor Cláudio adorava.

- Você... também tinha reparado mais alguma similaridade dele com o Cláudio, além de ser pediatra?

- Similaridade? Como assim? Você está falando exatamente do quê?

Mônica se levanta e vai pegar a ficha de Cássio no arquivo e estende a ele. Renato olha, mas não entende.

- O quê? O que você está querendo me mostrar?

- Você sabia o nome dele inteiro?

- Não... Eu o conheci num congresso em Belo Horizonte como Cássio Vilella.

Ele olha para a ficha novamente e sorri.

- Nossa! Por isso ele não dizia o nome inteiro. Na fila do nome, só ele pegou tudo. O meu é tão pequeno...

- Você sabe o nome do Cláudio inteiro?

- Não. Não é só Cláudio Valle? Eu o conheci como Cláudio Valle.

- Cláudio Leonardo Russel Valle... Leia o nome do Cássio.

Renato lê e fica boquiaberto. Olha para ela.

- Eu te juro que... não tinha... e nem podia ter reparado nisso, Mônica. Eu nunca soube do nome inteiro do Cássio...

- Eu acredito, diz ela, pegando de volta a ficha. - Eles nasceram no mesmo dia do ano também: sete de julho.

- Ah, brincou!

- Não, ela diz, mostrando a ficha, colocando o dedo debaixo da data de nascimento do rapaz.

- Caramba! E isso... vai atrapalhar em alguma coisa, Mônica?

- Não, Renato, acho que não! A gente está precisando de um pediatra e até que se prove o contrário, ele colocou aqui na ficha dele o CRM dele que prova que ele é um pediatra.

- Ele participou de um congresso de Pediatria e fez alguns projetos comigo... Se ele não for médico... eu também não sou.

- Não se preocupe com isso. Obrigada por indicar o Cássio. Não sei como agradecer.

- Desculpa por, sem querer, eu trazer tantas lembranças tristes pra você...

- Não são tristes. São só... inusitadas. Alguém deve estar querendo me dizer alguma coisa, mas eu ainda não sei o que é.

- Eu só espero que ele seja tão bom pras crianças daqui como o doutor Cláudio foi. Essa foi a minha intenção. Colocar no meu lugar um homem igual ou pelo menos parecido com o que eu substituí. E eu gosto muito do Cássio, como gostava do doutor Cláudio.

- Eu tenho certeza que sim e o trabalho que você fez aqui não deixou nada a desejar, Renato. Muito obrigada.

Ele se levanta.

- Eu posso te pedir uma coisa? - ela pergunta.

- Claro, o que é?

- Não comente com ele isso que a gente conversou. Eu não quero... que isso seja uma espécie de comparação entre ele e o Cláudio. Não existe um homem igual ao Cláudio.

- Claro que não. Eu não vou dizer nada. Fique sossegada.

- Obrigada, Renato.

- Conta comigo, sempre. Tchau, Mônica.

- Tchau. Você vai passar pra se despedir da gente, antes de viajar, não vai?

- Claro!

- Ok, tchau.

MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS...)

PARTE 41

OBRIGADA! BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 15/08/2018
Código do texto: T6419459
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