MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 22
MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL
PARTE XXII
Wagner coloca a mão na porta e não força sua entrada, mas segura o braço do menino e o puxa para fora.
- Não, cara, não faz isso! - diz André, tentando falar o mais baixo possível e evitando sair, mas não consegue porque, obviamente, Wagner é mais forte.
Wagner fecha a porta e quando já estão no quintal, André reclama:
- Você não entendeu que minha mãe vai me...
- Ela não vai fazer nada. Eu só quero conversar com você. É rápido.
Chegando junto ao portão, Wagner se senta na caixa do hidrante e solta o braço dele.
- Só me escuta. Eu vou falar rápido e você já entra.
- Falar o quê?
- Eu não tive nem tempo de dizer meu nome pra você, ontem.
- Acho que eu sei teu nome. É Wagner, não é?
- Como você sabe?
- Eu ouvi, escondido no banheiro, a bisa falando que uma tal de dona Magda, sua madrasta, esteve aqui visitando ela com a neta dela. Minha mãe ficou muito nervosa e, entre muitas outras coisas que ela disse, ela falou seu nome e disse outra coisa que eu não entendi direito...
- O quê?
- Ela disse que você não ia conseguir o que queria, antes dela ir na sua casa contar tudo pro seu pai. Contar o quê?
Wagner segura a mão dele e respira fundo, declarando emocionado.
- André... eu sou seu pai.
O menino não consegue dizer nada, tira a mão de dentro da dele e se afasta um pouco.
- Não fica assustado. Eu ainda vou ter tempo de te explicar tudo. Eu fiquei sabendo disso anteontem também. Estou mais assustado de você, acredite.
- Então... foi por sua causa que minha mãe viveu me xingando a minha vida inteira? É por sua causa que minha mãe... não gosta de mim?
Wagner não sabe o que dizer.
- Vai embora... o menino diz.
- André, a gente... precisa conversar. Eu queria... desfazer esse...
O menino sai de perto dele e entra na casa. Wagner começa a chorar e esconde o rosto nas mãos. A porta se abre, minutos depois, e Janete sai por ela, muito nervosa.
- O que você disse pro meu filho?
Wagner se levanta e antes que possa dizer alguma coisa, ela lhe desfere uma bofetada no rosto.
- Sai daqui! – ela grita. - Eu já falei pra ficar longe dele. Vai embora!
Ele coloca a mão no rosto e aproveita para enxugá-lo, com raiva também.
- Eu não vou sair daqui! Se você quer ir contar pro meu pai, vamos logo. A gente pode ir pra fazenda agora e você descarrega tudo que está entalado na sua garganta a meu respeito. Mas vamos acabar logo com isso. A gente já demorou demais. E se você não gosta do meu filho, entrega ele pra mim, Janete.
- Não sei se ele vai concordar com isso, quando souber das coisas que você fez comigo...
- Eu não fiz nada com você... E isso também não vem mais ao caso. Você não tem o direito de fazer da vida dele esse inferno que você está fazendo. Ele não tem culpa!
André aparece na porta, ao lado de dona Joana que diz, em voz baixa e tranquila:
- Vocês dois não querem discutir isso dentro de casa? As pessoas da rua inteira não precisam saber dos problemas de vocês...
- Eu não quero entrar, desculpa dona Joana, diz Wagner em voz baixa. – Vamos logo pra fazenda, Janete. Vamos acabar com isso hoje.
Ela olha para a avó e para o filho e concorda.
- Vem, André.
- Aonde é que a gente vai? - o menino pergunta.
- Você vai conhecer seu avô, ela diz, com certo desprezo.
Wagner respira, aliviado, e sorri para o menino.
- Vem, filho...
Como ele não sai do lugar, Wagner vai para perto do carro e abre a porta para Janete entrar.
MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS...)
PARTE 22
OBRIGADA! BOA TARDE!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!