MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 19
MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL
PARTE XIX
Wagner se senta ao lado da madrasta de novo.
- Ele é um barato. É um garoto comum, mas acho que muito mal orientado.
- Você disse que o pegou tentando roubar doces no carrinho do seo João na praça. Isso já indica que ele não é muito vigiado e orientado pela mãe.
- É o que eu disse. Ela não se importa muito com ele. Meu filho cresceu sem pai e por minha culpa. Está entrando na adolescência sem nenhuma estrutura que o indique o caminho certo a seguir. E tudo isso é culpa minha, mãe. Eu preciso fazer alguma coisa, rápido. Não posso deixar essa criança solta no mundo desse jeito. Ele é... meu filho!
- E o que você pretende fazer?
- Ainda não sei. Eu preciso pensar.
- Por que a Janete voltou pra cidade? Não foi só pra te mostrar o filho, foi?
- Não, ela nem tinha intenção de que eu o conhecesse. Só está aqui, porque a dona Joana está muito doente. Veio pra cuidar dela.
- A Joana está doente? Eu não sabia.
- Está... Você... Será que você podia... ir fazer uma visita a ela, mãe?
- É uma ideia... Eu vou visitar a Joana hoje.
- Que bom. Obrigado. Eu te amo.
Ele abraça Magda.
- Vem almoçar. Tudo vai se resolver. Não se desespere.
Eles descem e vão juntos para a mesa onde Elis e Maria Cecília já estão sentadas.
- Você está legal, dindo? - Maria Cecília pergunta.
- Estou, princesa. Está tudo bem.
- Explodiu alguma bomba? - pergunta Elis com ironia. - Você chegou tão esquisito.
- Já disse que está tudo bem, Elis.
- Não falei, mãe? Nada pra se preocupar. Qualquer problema, ele fugiria pra Inglaterra e tudo ficaria bem de novo.
- Não diga bobagem, filha. Você não sabe do que está falando.
Ela se levanta da mesa.
- Ele já não disse que está tudo bem? A gente não corre nenhum risco então. Com licença, eu vou fazer meu trabalho de Biologia que eu ganho mais.
Ao passar por ele, Wagner segura seu braço e pergunta:
- Quando é que você vai parar de jogar isso na minha cara, Elis? Já cansou.
- Nunca, maninho. Eu ainda não cansei. Enquanto eu me lembrar de que você deixou meu irmão aqui no Brasil doente e fugiu pra Inglaterra como se ele não precisasse de você, eu nunca vou deixar de te encher o saco e te lembrar do irresponsável que você sempre foi. Eu era pequena, mas lembro de tudo, Wagner Valle. Solta meu braço!
Ele solta. Elis passa por ele e sai da cozinha, indo para a biblioteca. Wagner respira fundo e apoia o rosto nas mãos.
- Ela não desiste. Que saco!
- Tenha paciência, Wagner. Eu vou até a cidade, visitar dona Joana.
- Posso ir com você, vó? - pergunta Maria Cecília.
- Não, claro que não! - Wagner responde, antes dela.
- Dindo, eu perguntei pra vó.
Wagner e Magda trocam um olhar significativo e Magda diz:
- Filha, é melhor você ficar. Eu vou visitar uma senhora doente. Não vai ser nada divertido.
- Mas eu quero começar a treinar fazer isso, vó. É isso que minha mãe faz com as crianças e o que meu pai fazia com quem precisava dele. Se eu vou ser enfermeira como minha mãe, tenho que começar de algum jeito, não é? E eu conheço a dona Joana. Ela sempre que me vê, fica toda emocionada e quase chora, dizendo que tem saudade do tempo que meu pai trabalhava na Santa Casa e morava na cidade. Como ele era um bom médico e tudo.
Magda fica olhando para ela e vê sentido no que ela fala.
- Tudo bem. Então suba, troque de roupa. Eu espero por você.
- Obrigada, vó.
A menina sobe correndo. Wagner se levanta aborrecido com a madrasta.
- Eu não acho boa ideia, Magda.
- Por que não? O que ela pode ver lá que pode comprometer você?
- A Janete e o menino? Ela é muito criança pra se envolver com isso.
- Mas ela nunca viu a Janete antes. Nem tem ideia de que vocês tiveram alguma coisa. Não acho que vai acontecer nada. Fique em paz. Vai ser uma visita rápida a uma amiga antiga.
MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS...)
PARTE 19
OBRIGADA! BOA TARDE!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!