MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 14
MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL
PARTE XIV
Wagner coloca o garoto em cima do carro e tenta segurar seus braços. Os doces que o menino tinha roubado caem todos no chão.
- Olha o que você fez, caramba! Me solta! Eu quero ir pra minha casa! Eu vou contar pra minha mãe, filho da...!
- Olha a boca, rapazinho. Para de se debater que eu te solto, boca suja!
- Solta logo! Você está machucando meu braço, droga!
- Para de tentar se soltar e eu te solto. Fica calmo!
Ao olhar para a praça e ver seo João se aproximando, o menino se debate ainda mais.
- Me solta, caramba!
Wagner não o solta. Seo João se aproxima e agradece.
- Obrigado, seo Wagner. É a segunda vez que esse menino pega minhas coisas essa semana.
- Mentira! - diz o garoto, começando a chorar um choro falso.
- Quer que eu vá até a delegacia com o senhor?
- Não, seo João. Eu conheço ele. Eu peço desculpas pro senhor. Ele não vai fazer mais isso.
- O senhor conhece ele? Eu nunca tinha visto esse menino na cidade. Ninguém aqui faz isso. Nunca tive problema com criança nenhuma em Casa Branca. Ele não é daqui.
- Deixa ele comigo. Eu me entendo com a mãe dele.
Ainda segurando o garoto por um braço que ele consegue abarcar o pulso com uma mão, Wagner retira uma nota de cem cruzeiros do bolso da camisa e entrega a ele.
- Olha, espero o que isso cubra os prejuízos que o senhor teve. Lamento pelos outros que fugiram.
- Não foi muita coisa. Acho que isso é muito, seo Wagner...
- Não tem problema. Leve.
- Obrigado, muito obrigado. Seu pai e sua mãe estão bem?
- Estão sim, obrigado.
O velho olha para o menino e, com cara feia, lhe diz:
- Ainda bem que você encontrou um anjo no seu caminho, moleque. Nunca mais faça isso.
O velho se afasta.
- Dá pra soltar meu braço agora? - o menino pede.
Wagner olha para ele e demora para responder.
- Você me ouviu, cara? Solta meu braço. Eu quero ir pra minha casa, saco!
- Você está com fome?
- Claro que não! Você viu que eu acabei de almoçar aí no Barão com a minha mãe.
- Então por que estava roubando doce?
O menino ri, cínico.
- Era a sobremesa...
Wagner não consegue rir e aperta ainda mais o braço do menino.
- Ai! Você está machucando meu braço, cara. Me solta! Eu vou gritar e chamar a polícia.
- Chama, diz Wagner, amenizando a pressão no braço dele, mas ainda sem soltá-lo. – Grita e chama a polícia. Aí a gente conta pra eles porque eu estou te segurando. Vai ter um monte de testemunha pra me ajudar a contar a sua estorinha, inclusive seo João.
O menino fica em silêncio e desiste.
- Você vai ficar me segurando pra sempre? Eu tenho que ir pra casa. Minha mãe deve estar preocupada.
- Eu te levo pra casa.
- Não precisa. Eu sei ir sozinho. E como você sabe onde é a minha casa?
- Eu moro aqui e conheço todo mundo em Casa Branca, inclusive sua bisavó e sua mãe, você viu.
- Como você conhece minha mãe?
Wagner desce o garoto que ainda estava sobre o carro e o coloca no chão, tendo o cuidado de segurá-lo ainda pela camisa.
RP – MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS...)
PARTE 14
OBRIGADA! BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!