MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 8
MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL
PARTE VIII
Mais tarde, Maria Cecília está com o prato de arroz doce diante de si, mas está pensativa diante dele, batendo com a colher no fundo. Lucila está escolhendo feijão para cozinhar depois e acha estranho que ela esteja tão apática diante da sobremesa que tanto gosta.
- Está sem fome, Maria Cecília? O arroz ficou ruim?
Ela olha para a avó como se acordasse e diz, sorvendo mais uma colherada:
- Não, vó, está uma delícia. Tudo que a senhora faz é muito gostoso.
- Então por que você está demorando tanto pra comer?
A menina não responde, mas vem com outra pergunta.
- Por que eu tenho duas avós, vó Lucila?
Lucila fica surpresa ao ouvir aquela pergunta.
- Eu pensei que já tivessem explicado isso pra você na casa grande.
- Não... Acho que é porque eu nunca perguntei. Me bateu essa curiosidade agora. As minhas colegas de escola também têm duas avós. Mas uma é mãe da mãe delas e a outra é a mãe do pai delas. No meu caso... não dá pra ser assim, porque a minha mãe não tem mais a mãe dela há muito tempo. Minha vó Lorena morreu quando ela era pequena. Por que então que eu tenho duas avós mães do meu pai?
Lucila para de escolher o feijão e cruza os dedos das mãos sobre a mesa, ensaiando o que dizer sem embaralhar a cabeça da neta.
- Eu sou sua avó paterna de verdade... porque eu sou a mãe biológica do seu pai.
- E a vó Magda? Ela também não é mãe do meu pai? Ela é casada com meu avô Leonardo...
- Não... A vó Magda é mãe dele só de coração.
- Por quê?
Os olhos da menina ficam fixos nela, cheios de curiosidade. Lucila fica sem palavras para resumir uma história tão longa.
- Você não devia ser casada com meu avô Leonardo? – a menina pergunta.
- Mas não sou...
- Por quê?
- Filha, essa é uma história muito longa e eu acho que só seu avô deveria contar pra você.
- Você não pode contar?
- Posso... mas se eu lhe dissesse que moro nessa casa hoje pela bondade do seu avô e do seu pai em me receberem aqui com muito carinho, depois de alguns anos de separação... você ficaria satisfeita?
- Mais ou menos... Você ama meu avô, como a vó Magda ama?
Lucila respira fundo e sorri, olhando para o feijão, percebendo que não vai poder fugir da curiosidade da neta.
- Não como ela ama. O meu amor por ele se resume no fato dele ser pai do seu pai, meu filho muito amado. É a coisa mais forte que nos liga um ao outro.
Maria Cecília fica olhando para ela pensativa e ela dá uma nova colherada no arroz doce.
- Coma seu arroz doce, meu amor. Está esfriando.
Lucila volta a escolher o feijão, satisfeita por ter dado um termo satisfatório à conversa. Alguém bate no batente da porta já aberta e as duas se voltam para ela. É Wagner.
- Posso interromper a conversa? Boa tarde, dona Lucila.
- Boa tarde, Wagner. Vamos entrando.
Ele entra e se aproxima de Maria Cecília, segurando e acariciando os seus cabelos longos.
- Sua vó Magda está chamando, Mi.
- Já?
- São quase seis horas. Até chegar na fazenda, já passou da hora do seu banho.
- Não quer um prato de arroz doce? - Lucila oferece.
- Não, obrigado.
- De qualquer forma, a Maria Cecília está levando uma tigela pra vocês na fazenda, não é, filha?
A menina balança a cabeça afirmativamente, enquanto termina seu prato, vai até a pia, lava o prato, coloca no escorredor para que seque e corre até a avó, aplicando-lhe um estalado beijo.
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PARTE 8
OBRIGADA! BOA TARDE!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!