MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 1
MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL
(DOZE ANOS DEPOIS)
PARTE I
O PARAÍSO NA TERRA
Maria Cecília está chegando do pasto a galope, montada em Diamante e o cavalo para bem perto de Wagner, que não se afasta um milímetro do lugar onde estava para ver até onde ela iria. A menina de doze anos, cabelos soltos, longos e negros, olhos castanho-escuros e pele clara, ri a valer, ao constatar novamente o autocontrole que o cavalo ainda tem, apesar da idade. Ela só não descobriu ainda se é pelo respeito ao comando dela nas rédeas ou se é pelo respeito ao tio, a quem conhece a mais tempo que ela.
- Consegui de novo! Oi, dindo!
Wagner segura as rédeas do cavalo, tentando manter-se sério, diante das traquinagens da única sobrinha, a quem ama mais que tudo no mundo desde que o irmão faleceu em setenta e oito.
- Qualquer dia você me mata ou despenca de cima desse cavalo e eu quero ver gente com um braço ou uma perna quebrados.
- O Diamante não ia me deixar cair, não é, menino? - ela diz, acariciando o pescoço do animal e beijando seu dorso. – E nem mataria você. Ele te ama também.
- Sua avó está esperando você pra almoçar a meia hora, Mi.
- Já cheguei! Eu avisei pra ela que ia até a represa. Só demorei porque encontrei o Claudinho indo pro pasto e eu fui com ele. A gente nadou um pouco e ficou conversando e eu esqueci do tempo. Você sabe que eu gosto de conversar com ele.
- E cadê ele?
- Ficou com o pai dele no pasto.
Ela desce do cavalo, beija o tio e vai levar o animal para a cocheira. Wagner vai com ela e a ajuda a retirar a sela. Ela o coloca perto da tina de água para que o animal se refresque.
- Obrigada, Diamante. Amanhã a gente passeia de novo.
Ela dá três tapinhas no dorso de Diamante e se afasta dele, se enganchado na cintura do tio e saindo com ele da cocheira, indo na direção da casa grande.
- Eu queria te perguntar uma coisa, dindo.
- Pergunte.
- O Cláudio falou que foi meu pai que fez o parto dele. É verdade?
- O parto dele não, o parto da mãe dele, garota.
- Você entendeu.
- É verdade sim. Seu pai e... sua mãe.
- Que legal! A mamãe nunca me falou sobre isso.
- Você sabe que tudo que faz lembrar seu pai é muito doloroso ainda pra sua mãe.
- Eu ainda não entendo por que. Faz tanto tempo que ele morreu...
Eles sobem os degraus da varanda e ouvem o barulho de um carro se aproximando. É Mônica chegando do trabalho.
Ela continua uma mulher muito bonita. Ainda tem os cabelos bem curtos e o rosto ainda lembra o rosto de menina, mas possui agora um ar maduro e uma ponta de tristeza que nunca mais saiu de seu rosto desde a morte de Cláudio.
Ela desce do carro e sorri, aproximando-se dos dois. Beija a filha na testa e Wagner no rosto. Depois abraça a filha, enlaçando seus ombros e acariciando seus cabelos longos.
- O que os meus amores estão fazendo aqui fora ainda? Pensei que já estivessem almoçando.
- A gente estava esperando você, ela diz.
- Isso não é totalmente verdade, Wagner desmente.
- Ah, dindo... Não...
- Hum... sinto cheiro de travessura no ar... diz Mônica, com ar divertido.
- Eu estou de férias, mamãe. Só fui até a represa um pouquinho...
- Montada no Diamante e sozinha, Wagner completa. – E nadou na represa.
- Eu não estava sozinha! Estava com o Cláudio!
- Filha, eu já pedi pra você não fazer isso. O Diamante já não tem a mesma energia de antes e ele não aguenta mais o seu pique. Pode acontecer de ele tropeçar em algum tronco de árvore caído no chão ou...
- Não vai acontecer nada disso, mãe. Eu tenho cuidado com ele. Eu sei quando ele está cansado e quando está aborrecido e não quer cavalgar mais. Não precisa se preocupar. E outra... eu sinto que quando estou com ele... meu pai está comigo. Nada pode me acontecer.
Mônica e Wagner se olham e Mônica suspira, sem ter como ir contra o que a filha sempre alega.
- Mesmo assim. Prometa que vai ter cuidado.
- Palavra de escoteiro! - a menina diz, colocando os três dedos do meio em riste, rente a testa, como fazem os escoteiros.
- Você não é escoteiro, garota, diz Wagner.
A menina ri gostoso e entra correndo na casa. Wagner e Mônica entram depois dela. Na sala, Maria Cecília vê o avô descendo as escadas e fica esperando por ele. Leonardo se aproxima da menina e a abraça, beijando sua testa.
RP – MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS)
PARTE 1
OBRIGADA E BOM DIA!
DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!