RP - ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE - PARTE 17

ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE

PARTE XVII

A missa de sétimo dia da morte de Cláudio foi celebrada na igreja de Nossa Senhora do Rosário no dia sete de julho, quando ele faria vinte e oito anos, na própria fazenda.

Apesar de ser um lugar pequeno e particular, quase toda cidade compareceu. Havia muitas pessoas do lado de fora da capela, justamente por não caberem todas dentro da capelinha onde só os familiares e os amigos mais próximos estavam.

Ao final da missa, após muitos cumprimentos à família, todos vão indo embora e voltando para a cidade em silêncio e relativa calma. Wagner recebe os apertos de mão e ainda os desejos de condolências, aparentemente calmo também, mas ele e Magda estão preocupados com Mônica que desde a morte de Cláudio ainda não chorou, nem no enterro dele.

Ela limitou-se a agir quase que automaticamente. Cuidou da filha, como sempre fazia, e falava o mínimo com quem falava com ela. No momento do sepultamento de Cláudio, ao lado do mausoléu da família, ela apenas tirou o anel que ele lhe deu e colocou sobre o caixão branco, mantendo apenas a aliança de diamantes na mão esquerda.

Depois que maioria das pessoas foi embora depois da missa, ela continuou sentada no mesmo lugar no primeiro banco da igreja. Miguel, Magda e Wagner notaram isso e os três voltaram para perto da igreja.

- Wagner, a Mônica está me preocupando de verdade, agora, Miguel diz. - Ela não chorou uma vez sequer até agora, não que eu tenha visto.

- Não, mesmo. A gente também não viu, diz Magda. - Faz uma semana que o Cláudio morreu e ela não reage.

- Ela vai acabar tendo um treco, diz Miguel. – Agora está lá dentro da igreja ainda. Alguém tem que falar com ela. Perguntar se ela está sentindo alguma coisa. Eu já perguntei, mas ela responde quase que automaticamente que está tudo bem. Isso é um sinal claro de que ela está em choque ainda, porque não está tudo bem e isso é óbvio. Ela está amamentando a Maria Cecília. Pode prejudicá-la.

- Eu vou tentar falar com ela, diz Wagner. – Obrigado, Miguel.

- Eu vou indo embora. Preciso voltar pra São Paulo ainda hoje, mas qualquer coisa que vocês precisarem de mim, não se acanhem em me ligar.

- Obrigado. Boa viagem de volta. Dá um beijo na Lúcia e nos meninos.

Miguel aperta a mão dele e beija Magda no rosto, afastando-se.

- Eu vou ver a Elis, diz Magda. - Ela ficou dormindo na casa grande e vou ver se converso um pouco com a Diana que não quis vir à missa com a desculpa de que tinha que ficar cuidando da Mi. Ela disse que o Cláudio não estava aqui e que ela podia rezar por ele em casa mesmo. Ela acha que ele está mais lá com a filha do que aqui. Não gosta de pensar que o irmão está enterrado num lugar frio e escuro, aí atrás da igreja. Isso também me preocupa.

- Eu também penso como ela, mãe... Mas a gente tem que seguir certos rituais... pra deixar todo mundo pelo menos satisfeito. A gente cumpriu isso e agora... é continuar vivendo. É isso que eu vou tentar fazer a Mônica entender.

- Você acha que consegue? Eu não faço nem ideia do que está se passando na cabecinha dela, coitadinha. Ela não falou nada sobre a morte do Cláudio ainda.

- Eu vou tentar...

Leonardo se aproxima deles e chama:

- Magda, a Lucila quer falar com você.

- Eu já vou.

Magda toca o braço de Wagner e se afasta também. Wagner olha para o pai.

- Você está bem?

Leonardo apenas balança a cabeça negando.

- Eu ainda não acredito que meu filho se foi... Ele faria... Não, ele faz vinte e oito anos hoje... Meu menino faz vinte e oito anos hoje...

Wagner sente a garganta arder, mas não diz nada.

Leonardo se afasta com passos lentos e segue para a casa grande, atrás de Magda.

RETORNO AO PARAÍSO – ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE

PARTE 17

OBRIGADA! BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 28/07/2018
Código do texto: T6402709
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