RP - ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE - PARTE 14

ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE

PARTE XIV

A voz de Cláudio fica dentro do ouvido de Wagner mesmo depois que ele desliga o telefone.

- Ei, belo adormecido, acorda! - diz Daniel, um de seus colegas, estalando os dedos bem diante dos seus olhos.

Wagner sai daquele transe letárgico e olha para ele, com se acordasse naquele momento.

- Que foi?

- Você pareceu estar dormindo acordado, agora. Com quem você estava falando?

- Com meu irmão... Cláudio, ele diz, erguendo o corpo e esfregando o rosto.

- Ué! Ele já melhorou? Você disse que ele estava doente. A conversa pareceu bem animada.

- É... Ele pareceu bem melhor agora. Fazia tempo que eu não conversava com ele assim. Me deu vontade até... de ir pra lá agora. Ele é a única coisa que me anima pra ir até minha casa. Eu amo demais esse meu irmão. Ele vai fazer... vinte e oito anos, sexta-feira que vem.

- Só que antes a gente tem que terminar essa bomba relógio que temos nas mãos agora, diz Gerson. - Antes disso, nada feito. Volta pra Campinas, meu caro. Vem logo ajudar a gente aqui.

- Calma, eu já voltei, ele diz, indo para perto da mesa, juntando-se aos outros.

- Ainda tem aquela cerveja? - Silas pergunta. - Minha garganta secou de novo.

- Vai pegar na geladeira. Eu não sou e nem tenho empregada, folgado.

- Com certeza. Não precisa mandar, amiguinho. Alguém mais quer?

- Claro! - dizem os outros.

Silas vai para a cozinha pegar a cerveja e eles voltam a trabalhar.

Wagner sente mesmo a inexplicável vontade de estar em Casa Branca e mais particularmente em Quatro Estrelas naquele mesmo momento.

No dia seguinte, sexta-feira, depois da faculdade, ele sai do campus direto para Casa Branca e, ao contrário de todos os outros dias, vai de moto, tal é sua ansiedade para chegar.

Chega às seis da tarde. A moto atravessa a porteira em velocidade e vai estacionar dentro da garagem, que está aberta, diferente dos outros dias.

Ele segue a pé até a casa lentamente, pois sente que alguma coisa não está igual por ali. O silêncio é quase palpável em tudo em volta. Ele se aproxima da varanda e quando vai subir o primeiro degrau da escada, vê Magda saindo da casa com os olhos inchados de chorar. Ela tinha ouvido o barulho do motor na moto. Ao vê-lo, sua dor parece aumentar. Ela encosta-se num pilar e diz:

- Só estava faltando você...

Sem pedir explicações e mesmo antes de cumprimentar a madrasta, ele entra na casa, hesitante e assustado. Lucila está sentada na sala com Leonardo.

O velho fazendeiro está deitado no sofá desacordado. Wagner se aproxima dele e olha para ela como a perguntar o que ele tem.

- Ele está dormindo... Lucila diz.

- O que está acontecendo? O que meu pai tem? Por que...

- Com ele, nada. Seu pai está bem. Suba. Seu irmão está esperando por você lá em cima.

- Meu irmão? O que... O que tem meu irmão?

- Meu filho está morrendo, Wagner, ela diz, com lágrimas rolando em seu rosto.

Wagner sente como se estivesse no meio do oceano, sem bote salva-vidas e nenhuma ajuda por perto, mas ainda consegue ir para a escada e sobe correndo. No corredor ele encontra Valter saindo do quarto. Ele ia descer e Wagner espera.

- Oi, Wagner...

- Onde está o meu irmão? Que é que está havendo, Valter? Que coisa... maluca foi essa que a mãe dele disse pra mim lá embaixo? Ela disse que ele está... Eu falei com ele ainda ontem, caramba! O que está acontecendo?!

Valter o segura pelo braço e o leva até seu quarto. Wagner não reage, mas protesta:

- Eu não quero vir pro meu quarto, eu quero ver meu irmão...

- Senta aqui, Valter diz, apontando sua cama.

Ele senta e Valter vai pegar sobre o criado um comprimido de calmante que entrega a ele junto com um copo de água que já estavam ali estrategicamente preparado para quando ele chegasse.

- O que é isso? Eu não quero calmante.

- Não foi com ele que você falou, foi comigo. Toma.

- Eu quero ver meu irmão.

- Você vai ver. Ele também quer te ver, mas toma isso. Vai ajudar.

Wagner pega o comprimido e toma sem fazer resistência. Valter diz com muita calma, olhando dentro dos olhos dele:

- Sua família precisa muito de você, agora. Principalmente seu pai, a Diana e a Mônica. Me pareceram os três que mais sentiram o que está acontecendo. É por isso que você precisa ser forte.

Os olhos de Wagner se enchem de água, mas ele permanece impassível.

RETORNO AO PARAÍSO – ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE

PARTE 14

OBRIGADA! BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 27/07/2018
Código do texto: T6401512
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