RP - ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE - PARTE 9
ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
PARTE IX
Mônica beija Cláudio no rosto.
- Vai tomar um banho morno. Talvez a febre seja leve e amenize um pouco. Você toma seus remédios e...
- Eu queria que você... ligasse pro Miguel e pro Valter, depois...
Mônica se assusta.
- Pra quê? Por quê? O que está acontecendo, Cláudio?
Ele a segura pelos ombros e beija sua testa.
- Só faz o que eu disse... por favor, amor.
Cláudio se levanta e vai deitar-se de novo na cama, puxando o cobertor para cima dele e virando para o outro lado. Esconde o rosto no travesseiro e tenta abafar a dor que sente na cabeça.
Mônica se desespera e vai até a filha, segurando a alça do moisés e saindo com ela para fora do quarto. Desce o mais rápido que pode. Ouve barulho na cozinha e vai até lá. Vê que Matilde já está de pé, providenciando o café. Matilde a vê entrar na cozinha com a filha, ainda de camisola, e sorri.
- Bom dia, dona Mônica! Já de pé?
- Matilde, eu preciso de você...
Ao ver seus olhos cheios de lágrimas, Matilde de sobressalta.
- O que aconteceu? A senhora está chorando?
- Você podia cuidar da Maria Cecília pra mim?
- Claro, mas... o que está acontecendo? - pergunta ela, já segurando o moisés.
- Não posso falar agora. Ela não acordou ainda, mas... quando ela acordar, se ela chorar... tem uma mamadeira na geladeira. Só quero que você aqueça e dê pra ela e depois troque a fralda dela, mas não no meu quarto. Leva ela pro quarto dela lá em cima ou faça isso aqui mesmo.
- Sim, senhora... mas...
Mônica sai da cozinha rapidamente e vai até a biblioteca. Liga para São Paulo, para Valter e pede para ele ligar para Miguel também dizendo rapidamente o que está acontecendo: Cláudio não está bem. Só não liga para o pai porque Jairo não está em Casa Branca. Está na convenção anual de oncologia em Curitiba. Jairo começou a se aprofundar no assunto para ver se consegue ajudar Cláudio.
Feita a ligação, ela sobe de novo e volta para o quarto. Senta-se perto de Cláudio e encosta o rosto no dele, ainda escondido no travesseiro.
- Eles estão vindo pra cá, amor.
Cláudio segura sua mão, apertado.
- Não sai daqui, tá? Fica aqui comigo...
- Eu não posso fazer nada? O que você está sentindo?
- Dor... nos olhos e no alto da cabeça...
- Você não quer que eu aplique a injeção?
- Pode ser... só não sei se vai resolver muito...
Ela corre e prepara a injeção que aplica nele regularmente para dor. Aplica em seu braço e se deita a seu lado. Encosta a cabeça dele em seu colo e afaga seus cabelos, sem parar de chorar silenciosamente.
- Vai demorar muito até eles chegarem, meu amor. Até lá, não seria melhor eu levar você pro hospital?
- Não... Eu quero ficar aqui. Se eu ficar inconsciente... não deixe que ninguém me leve pro hospital, como você e o Miguel fizeram da outra vez.
- Mas, Cláudio...
- Por favor, Mônica... Mesmo inconsciente... eu ainda sou eu. Não quero ser internado. Eu não tenho muito tempo...
Ele aperta sua mão ao sentir uma pontada mais forte.
- Meu Deus... Eu acho melhor a gente avisar a Magda e seu pai... Eles pelo menos têm que saber que você não está bem.
- A Magda... Ela já acordou?
- Acho que sim, mas a Matilde estava sozinha aí embaixo. Ela... deve ter ido até a capela. Ela costuma rezar lá, logo que amanhece... Tem feito isso desde que soube que... você estava doente.
- Daqui a pouco, peça pra ela subir... Já está passando...
- Se não passar logo, eu vou pedir agora, mesmo que você não queira.
Ele não responde. Abraça-se a ela e aos poucos a injeção começa a fazer efeito e ele adormece.
RETORNO AO PARAÍSO – ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
PARTE 9
OBRIGADA! BOA TARDE!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!